Candidatos de Lula lideram em 6 capitais; os de Bolsonaro, em 14

Os candidatos apoiados pelo presidente Lula (PT) lideram as mais recentes pesquisas para a prefeitura de seis capitais, enquanto os ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão à frente em 14.

O que aconteceu

Em duas capitais, candidatos de Lula e Bolsonaro estão tecnicamente empatados na liderança. Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) estão separados por um ponto percentual, enquanto em Natal há empate triplo, com diferença inferior a um ponto entre a deputada Natália Bonavides (PT) e o empresário Paulinho Freire (União Brasil), nome de Bolsonaro.

Em outras oito capitais, candidatos "neutros" lideram. Na maioria delas, no entanto, os candidatos são de partidos de centro-direita e nomes bolsonaristas ficam na segunda colocação, com chance de segundo turno, enquanto a esquerda amarga colocações mais baixas.

Entre os apoios, três de Lula e cinco bolsonaristas indicam vitória em primeiro turno. Os apoiados pelo presidente têm folga no Recife e no Rio de Janeiro, com chances em Teresina, e os próximos ao ex-presidente já apontam tendência de vitória em Boa Vista, Maceió, Salvador, Porto Velho e Rio Branco.

A reportagem usou como base a última pesquisa disponível até a tarde de sexta (27). Em cidades em que a pesquisa foi realizada pelo Instituto Datafolha, a última lançada foi a considerada.

Lulistas, sim; petistas, nem tanto

Metade dos candidatos de Lula que lideram não é do PT. No Rio e no Recife, os prefeitos Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), respectivamente, indicam vitória no primeiro turno, o segundo com ainda mais folga nas pesquisas. Nessas cidades, os nomes apoiados por Bolsonaro, o ex-diretor da PF Alexandre Ramagem (PL) e o ex-ministro Gilson Machado (PL), estão em segundo, com 17% e 7%, respectivamente.

Em Teresina, o deputado estadual Fábio Novo (PT) assumiu a liderança em pesquisa divulgada na quinta (26). Segundo o Instituto Credibilidade, ele tem 50% dos votos, contra 35% do ex-prefeito Silvio Mendes (União), que liderava com ele o pleito na última pesquisa Quaest. O prefeito Dr. Pessoa (PRD), nome de Bolsonaro, está em terceiro, com 4%. A capital piauiense é uma das que o PT aposta em conquistar, numa virada semelhante à conquistada pelo governador Rafael Fonteles (PT), eleito em primeiro turno em 2022 —seria uma vitória inédita na cidade.

O partido lidera ainda em Goiânia, um reduto bolsonarista. A deputada Adriana Accorsi (PT), com 22%, está tecnicamente empatada com o ex-deputado federal Sandro Mabel (União), com 24%. O ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) está em quarto, com 9%. O deputado Gustavo Gayer (PL) era o nome inicial do ex-presidente, liderando as pesquisas, mas desistiu da disputa.

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Bolsonaristas espalhados por todas as regiões

Candidatos do ex-presidente lideram em estados de todas as regiões. Parte deles busca a reeleição — alguns com indicação de vitória em primeiro turno. São os casos do prefeito Arthur Henrique (MDB), em Boa Vista; de JHC (PL), em Maceió; de Tião Bocalom (PL), em Rio Branco; e de Bruno Reis (União), em Salvador. Nessas cidades, os candidatos de Lula nem arranham nas pesquisas.

Os prefeitos Topazio Neto (PSD), de Florianópolis, e Sebastião Melo (MDB), de Porto Alegre, também lideram com apoio de Bolsonaro. A capital gaúcha é uma das poucas com possibilidade de segundo turno entre os dois polos. A deputada Maria do Rosário (PT) se consolidou em segundo lugar na disputa.

Outra capital é Curitiba. Bolsonaro apoia o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), nome do governador Ratinho Júnior (PSD), que lidera, enquanto o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) é o nome de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em segundo lugar, empatado tecnicamente com Ney Leprevost (União).

Nomes apoiados pelo ex-presidente lideram ainda em outras sete capitais, incluindo apoios à vereadora Emília Corrêa (PL) em Aracaju, à deputada estadual Janad Valcari (PL) em Palmas e ao deputado Beto Pereira (PSDB), em segundo em Campo Grande, tecnicamente empatado com a ex-vice-governadora Rose Modesto (União). Em Porto Velho, a ex-deputada Mariana Carvalho (União) lidera com possibilidade de vitória em primeiro turno.

Se não em primeiro, alguns bolsonaristas já beliscam vaga na segunda etapa. Em Manaus, o deputado Capitão Alberto Neto (PL) está em segundo lugar, atrás do prefeito David Almeida (Avante). Em Cuiabá, o deputado Abílio Brunini (PL) segue a dianteira do deputado estadual Eduardo Botelho (União).

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Em Belém, Éder Mauro (PL) está atrás do deputado estadual Igor Normando (MDB), candidato do governador Helder Barbalho (MDB). Na capital paraense, Lula apoia o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), em terceiro lugar.

Empatados

Candidatos dos dois empatam tecnicamente em duas capitais. O último Datafolha apontou Nunes com 27%, contra 26% de Boulos, que oscilou para baixo enquanto o prefeito se manteve estável.

A eleição paulistana é crucial para Lula e o PT. Além de ser vista como uma antessala para 2026, há o agravante de que Nunes é não só o nome de Bolsonaro como o do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado a concorrer contra Lula nas próximas eleições presidenciais.

Em Natal, há empate triplo. Com apoio da governadora Fátima Bezerra (PT), Bonavides assumiu a liderança numérica, colada com Freire, empresário bolsonarista, e o ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD) —todos com a diferença de menos de um ponto percentual.

Por isso, a presença de Lula é tão demandada na cidade. O presidente venceu com folga na capital potiguar em 2022, mas ainda não encontrou com Bonavides para apoio eleitoral —e nem deve fazê-lo no primeiro turno. Se ela for para a segunda etapa, uma visita deve acontecer.

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Cidades peculiares

Algumas capitais vivem situações ímpar. Em Belo Horizonte, o apresentador Mauro Tramonte (Republicanos) lidera o Datafolha do último dia 20, mas já começou a apresentar queda em outras pesquisas. O deputado estadual Bruno Engler (PL), em ascensão, está tecnicamente empatado com o prefeito Fuad Noman (PSD). O deputado Rogério Correia (PT) está em quinto, com 6%.

Fortaleza é ainda mais peculiar. O último Datafolha, do dia 17, já indicou subida do deputado André Fernandes (PL), ultrapassando numericamente o também bolsonarista —mas sem apoio oficial— Capitão Wagner (União), em queda. Pesquisas mais recentes mostram empate triplo entre os dois e o deputado estadual Evandro Leitão (PT), candidato lulista.

Maior cidade em que o PT tem candidato, Fortaleza é uma das cidades em que o partido espera vitória, mas a situação tem se complicado. Após racha entre PDT e PT locais —a chapa que elegeu o atual prefeito José Sarto (PDT), em quarto na disputa—, Lula e o ex-governador e ministro Camilo Santana (PT) têm tido sucesso eleitoral, mas o apoio bolsonarista se mostra cada vez maior.

Em outras capitais, há liderança de candidatos "neutros", mas à direita. Em Macapá, embora o PL esteja coligado com Aline Gurgel (Republicanos), o prefeito Dr. Furlan (MDB), que deve ser eleito em primeiro turno, também já declarou apoio a Bolsonaro. Em João Pessoa, o prefeito Cícero Lucena (PP), líder nas pesquisas, mantém boas relações com Lula, mas sempre esteve na oposição ao PT —na cidade, os candidatos Luciano Cartaxo (PT) e Marcelo Queiroga (PL) estão empatados em segundo.

Em São Luís, o prefeito Eduardo Braide (PSD) também é líder. Na cidade, PT e PL apoiam formalmente o deputado Duarte Júnior (PSB), mas o ex-presidente, que veta qualquer ligação ao petista, subiu no palanque do deputado estadual Yglésio Moyses, o "Dr. Yglesio" (PRTB), que é médico, advogado e tem formação militar.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado em versão anterior desta matéria, o candidato à Prefeitura de Goiânia (GO) Sandro Mabel (União) não é senador da República -- ele já foi deputado federal. O candidato à Prefeitura de São Luís (MA) pelo PRTB se chama Yglésio Moyses, e não Yglésias. Todos os trechos foram corrigidos.

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