Em última semana de campanha, candidatos miram periferia, mulheres e igreja

Os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais vão priorizar agendas na periferia, em igrejas e com mulheres. Os eleitores vão às urnas no próximo domingo (6), e os postulantes têm até sábado para cumprir atividades de campanha.

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) estão empatados tecnicamente na liderança, com 27% e 25% das intenções de voto, respectivamente, segundo o último Datafolha. Pablo Marçal aparece na sequência, com 21%. Tabata Amaral (PSB) tem 9% e José Luiz Datena (PSDB), 6%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Ricardo Nunes

O candidato à reeleição deve priorizar as agendas de rua nesta última semana. A expectativa é que as caminhadas privilegiem especialmente a periferia, onde está a maioria dos votos. É esperado também que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) marque presença em alguns desses eventos —como ocorreu nesta segunda-feira (30).

Aumentar contato com grupos politicamente organizados é outra meta de Nunes. Igrejas evangélicas, associações comerciais e outros espaços devem receber o emedebista ao longo dos próximos dias. O objetivo é sensibilizar esses segmentos e aumentar o percentual de votos do candidato até domingo (6).

Até o momento, Jair Bolsonaro (PL) não pediu votos para Nunes. Um dos principais fiadores da candidatura do atual prefeito, o ex-presidente indicou Mello Araújo (PL) para vice da chapa, mas não gravou vídeos em apoio a seu candidato nem tomou outras iniciativas do tipo. Não há previsão para a entrada dele na campanha.

Guilherme Boulos

Boulos também vai concentrar as agendas de campanha na periferia, onde busca ganhar eleitores na reta final da campanha. O psolista perde para Nunes nas intenções de voto entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos. O candidato à reeleição lidera com 32% nessa parcela da população, e Boulos tem 21%. Na segunda, o deputado fez carretas em São Mateus e Itaim Paulista, extremo leste da cidade.

O candidato do PSOL encerra campanha do primeiro turno em ato com Lula (PT) no centro da cidade. A estratégia é reforçar a associação dele com o presidente. Lula havia confirmado presença em caminhadas no último sábado, mas depois cancelou sua participação. Lula ainda estará em uma "live" com Boulos na quarta-feira, segundo apurou a colunista do UOL Raquel Landim. Interlocutores afirmam também que as aparições do petista e de Marta Suplicy (PT), vice de Boulos, devem ser intensificadas na propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Ofensiva busca recuperar voto histórico da periferia de São Paulo em candidatos da esquerda, que tem ido para Nunes. Aliados avaliam que o eleitores mais pobres costumam decidir o voto mais tarde, e parte deles tendem a migrar para Boulos quando associarem a ele o apoio de lideranças petistas como Lula e Marta. "A gente tem tendência de crescer. A esquerda cresce na reta final", afirma o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), um dos coordenadores da campanha.

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Pablo Marçal

O candidato do PRTB mantém carreatas em bairros da periferia. Na terça-feira (1º), o ex-coach visita Pirituba, na zona norte, e na quarta (2), vai para Cidade Ademar, na zona sul. Marçal tem 15% das intenções de voto do eleitor que ganha até dois salários mínimo, segundo o último Datafolha. No domingo, durante uma agenda na periferia, moradores do Grajaú protestaram com cadeiras contra a visita dele.

Marçal também mantém agenda de entrevistas. Aliados afirmam que elas são importantes, já que o candidato não tem tempo de TV —elas servem também para abastecer os cortes do candidato nas redes sociais.

O ex-coach marcou um jantar intitulado "Mulheres com Marçal" em um apartamento no Jardim Europa, bairro de nobre de São Paulo. O candidato do PRTB tem a maior rejeição entre as eleitoras mulheres —53% disseram que não votariam nele jamais. A rejeição de Boulos entre elas é bem menor, de 32%.

Tabata Amaral

A candidata do PSB quer conquistar os eleitores que ainda estão indecisos. "Número ainda é alto", diz a campanha de Tabata. Em nota, a equipe diz que a eleição não está definida. "Saberemos o quadro do segundo turno apenas quando as urnas forem abertas", afirma.

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Tabata acredita que a percepção do eleitor estará mais bem consolidada ao final da semana e vai às ruas em busca de votos. "A gente está na rua de manhã, de tarde e à noite para falar com as pessoas e lembrá-las que a gente pode e merece muito mais", destacou a candidata na tarde desta segunda-feira (30).

Datena

O apresentador pretende continuar com discurso voltado para a população mais vulnerável na última semana de campanha. Com agendas que vão de São Miguel Paulista à Liberdade, ele vai falar sobre as suas propostas mais populares: Tarifa Social, Tarifa Zero para beneficiários do Bolsa Família, duas horas a mais de creche, duas horas a mais de UBSs.

Datena vai adotar tom contra polarização. Os assuntos que ele planeja abordar são a defesa da democracia e o combate ao crime organizado —pretende continuar alertando a população sobre a relação entre o poder público e o crime organizado. Nos debates da reta final, diz que vai contrapor-se indiscriminadamente aos demais candidatos, sem escolher adversário.

*Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Bruno Luiz, Laila Nery e Saulo Pereira Guimarães, do UOL, em São Paulo

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