Marçal já tentou ser sócio de dono de clínica que emitiu laudo falso
Ao publicar na sexta (4) um laudo falso sobre uma internação inexistente de Guilherme Boulos (PSOL) por uso de cocaína, Pablo Marçal (PRTB) trouxe para o centro do debate, na véspera das eleições, o nome de um de seus aliados mais tóxicos.
Marçal não era apenas paciente de Luiz Teixeira da Silva Júnior, biomédico e proprietário da clínica onde o laudo foi forjado — foi com ele que o candidato realizou o procedimento de harmonização facial em outubro de 2021.
Eles eram vizinhos, amigos e, segundo um ex-sócio, que pede para não ser identificado, por muito pouco não se tornaram sócios em uma fazenda. Marçal tinha planos também de investir em uma clínica de estética do amigo.
O ex-coach chegou a gravar vídeo em suas páginas anunciando a parceria e fazendo propaganda para a clínica. Mas os vídeos foram removidos na decisão da Justiça Eleitoral que derrubou os perfis do ex-coach. Os posts do biomédico ao lado de Marçal na página da clínica tamém foram apagados.
Segundo a fonte que pediu para não ser identificada, a sociedade entre eles só não foi para a frente porque o hoje candidato à Prefeitura de São Paulo, após receber o biomédico em casa com uma mala de R$ 500 mil em espécie para a compra de uma cota na Fazenda Toscana, decidiu saber mais do histórico do amigo.
Uma rápida pesquisa no Google mostrou uma série de investigações e condenações por estelionato contra Luiz Teixeira — que, segundo a mesma pessoa, entrou rapidamente no círculo de relacionamento do ex-coach, o que causou estranhamento entre os mais próximos.
Coube ao advogado de Marçal, Tassio Renam, investigar mais a fundo os processos — o que, na prática, inviabilizou a sociedade, que ficou apenas no campo nas intenções.
Dois anos antes da negociação, o dono da clínica foi preso e investigado na Operação Pégaso, da Polícia Civil do Rio e de São Paulo. A ação desmontou uma quadrilha responsável por lavar dinheiro de desvios de recursos da saúde pública.
Teixeira e a esposa, Liliane Bernardo Rios da Silva, foram detidos em um hotel de luxo em São José dos Campos sob a suspeita de usar uma organização social (a Fenaesc, Federação Nacional das Entidades Sociais e Comunitárias) que administrava diversos hospitais do interior paulista para desviar R$ 20 milhões em recursos públicos que teriam sido usados para a compra de uma operadora de planos de saúde em Niterói.
Segundo a investigação, o casal usava a empregada doméstica e o motorista da família como laranjas das transações.
Outra ação contra o patologista, revelado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, é relativa a um esquema de falsificação de diploma de curso de medicina, pelo qual foi condenado em primeira instância a dois anos e quatro meses de prisão.
A sentença aponta que ele contratou os serviços de um despachante para que sua formação acadêmica em biomedicina fosse "transmudada" para medicina.
Oficialmente Marçal dizia ter se afastado do amigo tão enroscado na Justiça.
Mas o uso da clínica dele para forjar um laudo contra um adversário de campanha indica que os ex-futuros sócios ainda mantinham contato.
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Quero receberO advogado de Marçal foi procurado para falar sobre o caso, mas não se pronunciou até o momento.
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