'Joio do trigo': Boulos rejeita comparações com método acusatório de Marçal

Guilherme Boulos (PSOL) entrou na reta final da campanha prometendo divulgar em breve uma bomba sobre Ricardo Nunes (MDB).

A estratégia rendeu comparações com o modo Pablo Marçal (PRTB) de fazer campanha. Nos debates e nas redes, o ex-coach expunha a vida pessoal de oponentes e ameaçava apresentar balas de prata contra eles antes do primeiro turno. Geralmente, as balas eram de festim.

Um dos críticos da nova tática de Boulos é o marqueteiro de Nunes, Duda Lima. "Ele está andando muito com o Marçal", disse o publicitário na saída do debate da TV Record, no sábado.

Menos de 48 horas depois, durante a sabatina UOL/Folha, Boulos, que precisa dos votos do ex-oponente para vencer a disputa, tentou se esquivar de comparações.

"Não é uma emulação", disse o candidato ao ser questionado pelo repórter Flávio Costa. "Tudo o que estou falando foi noticiado pela imprensa e tem inquéritos abertos. Não é uma coisa aleatória. Não trabalho com mentiras. E talvez esse seja meu ponto divisor em relação à forma como eu acuso e como Pablo Marçal acusou."

O deputado lembrou que Marçal inventou um laudo falso contra ele na véspera de uma eleição. Era uma referência ao documento fake sobre uma inexistente internação dele por um surto devido ao consumo de cocaína.

E continuou: "Fui alvo de mentiras sobre uso de drogas desde o primeiro debate. A ponto de apresentar um exame toxicológico no debate da TV Globo para matar o assunto. O que falo sobre Ricardo Nunes são fatos, não são mentiras. Por isso, vamos separar o joio do trigo."

Mais adiante, o candidato tratou da acusação de agressão doméstica contra o adversário. Disse ter tido acesso ao boletim de ocorrência e a uma postagem, posteriormente apagada, da mulher do prefeito nas redes sociais.

"Não foi um desentendimento", afirmou, ao justificar por que tem trazido a questão à tona. "Não podemos, na reta final de uma eleição, permitir que uma suspeita tão grave como a de agressão a uma mulher por quem está sentado na cadeira de prefeito seja tratada como tabu porque alguém abordou isso de maneira irresponsável e sensacionalista no primeiro turno. É um erro que não cometerei e acredito que a imprensa não pode cometer. É uma questão grave."

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Boulos admitiu, no entanto, que para dialogar com a sociedade é preciso chamar a atenção —uma estratégia que o próprio Marçal explicava para ganhar holofotes com pouco tempo de debate e zero espaço na propaganda da TV.

"Às vezes, se normaliza tanto o absurdo que uma denúncia a mais, se não chamar a atenção pra ela, (vira) mais uma. Porque a sociedade se anestesiou tanto, são tantas denúncias, que as pessoas vão achando o absurdo natural."

Boulos, na sequência, elencou diversas suspeitas da gestão Nunes. E prometeu apresentar a bomba contra o prefeito ao longo dessa semana.

"Decidi, com a minha campanha, utilizar a televisão, meu espaço com visibilidade, no nosso programa de TV, para apresentar essas denúncias."

Ele não quis adiantar do que elas se tratavam. Mas prometeu que, no material, haverá novidade, materialidade e conexões com o que já foi denunciado. A esperar.

Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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