Especialista da Nasa aconselha Chile a não fornecer aos mineiros uma data de resgate

James Mihael Duncan, médico da agência espacial norte-americana Nasa, afirmou nesta terça-feira (31) no Chile que o “recomendável”, em situações extremas como a dos mineiros presos, é não fornecer a eles uma data precisa de resgate.

“Estamos trabalhando no campo da incerteza, não podemos criar falsas expectativas. Temos que levar em conta que os mineiros fazem isso para viver, ou seja, eles sabem muito bem quando demora uma sonda, por isso [o tempo necessário para a perfuração] não é algo que vá surpreendê-los”, afirmou Duncan, citado pelo jornal chileno “La Tercera”.

“Agora, o recomendável é não dar datas. Com relação a nossos astronautas, por exemplo, sempre dizemos a eles que não pensem em datas específicas de retorno, podem aparecer muitas complicações e às vezes as missões não se completam”, acrescentou o especialista da Nasa.

Uma missão da agência dos EUA formada por quatro especialistas chegou hoje ao Chile e se dirige amanhã para a região da mina de San José, em Copiapó. Além de Dunca, fazem parte do grupo o psicólogo Albert W.Holland, o chefe da divisão de Medicina Espacial J.D.Polk e o engenheiro Clint Cragg.

A Nasa ofereceu colaboração com as autoridades chilenas na sua experiência no tratamento de pessoas que devem permanecer períodos prolongados em ambientes hostis e em condições de isolamento.

Na tarde de hoje, em conversa com a imprensa, os especialistas se disseram “impressionados” com o trabalho de acompanhamento que o governo chileno realiza com os mineiros e qualificou a situação do grupo há 700 metros de profundidade como “a mais difícil que já vimos no mundo”.

Entre as questões técnicas nas quais a Nasa vai oferecer sua experiência no espaço está a questão dos dejetos, uma questão fundamental para as condições sanitárias na câmara nos próximos meses.

Início das perfurações

A máquina Strata 950 começou na noite de ontem a perfuração do canal de resgate, a uma velocidade de 15 a 20 metros por dia. A chegada da última peça da máquina e o início da perfuração foram saudados com aplausos pelos familiares dos mineradores, que mantêm vigília nos arredores da mina desde o dia em que aconteceu o acidente.

Pelos cálculos das autoridades, para fazer o túnel vertical de 66 centímetros de diâmetro serão necessários entre três e quatro meses. Uma vez completado o canal, calcula-se que a evacuação dos 33 homens pode durar entre três e cinco dias, considerando que o resgate de cada um até a superfície deve demorar duas horas.

Nesta fase se projeta a participação de seis especialistas em resgate, liderados por um oficial do Grupo de Operações Especiais (Gope), que descerão o fundo da jazida para organizar o transporte.

*Com informações de agências internacionais, "La Tercera" e "Emol.com"