Itamaraty decide deixar um funcionário em embaixada na Síria para auxiliar brasileiros
O Itamaraty divulgou nota nesta sexta-feira (20) informando que decidiu deixar um funcionário na Embaixada do Brasil em Damasco, na Síria, para permanecer como ponto de contato entre os cidadãos brasileiros no país e o Consulado-Geral em Beirute (Líbano) e a Embaixada em Amã (Jordânia). Segundo o texto, a decisão de enviar temporariamente todos os demais funcionários a Beirute não representa o fechamento da representação brasileira em Damasco.
Mais cedo, o embaixador do Brasil, Edgard Casciano, informou que foi orientado pelo governo da presidente Dilma Rousseff a fechar a embaixada. A ordem, segundo ele, foi retirar os funcionários e passar a atender às demandas em Beirute. Casciano aguarda ainda orientações de Brasília para pôr em prática o plano de retirada dos brasileiros que moram na região. De acordo com informações do Itamaraty, os funcionários da embaixada já chegaram à capital do Líbano.
O plano de retirada dos demais brasileiros pode ser executado nas próximas horas. Mas só será informado, segundo diplomatas, quando ocorrer, para evitar riscos à segurança dos envolvidos.
Casciano disse ainda que a violência se agravou nas ruas das principais cidades aumentando o medo e o pavor não só de estrangeiros, como também de sírios. "Impossível pôr os pés na rua com tantos tiros. É uma situação extremamente problemática", disse ele.
O general Hisham Ijtiar, chefe da Segurança Nacional síria, morreu nesta sexta-feira em consequência dos ferimentos sofridos no atentado da última quarta (18). A informação foi confirmada pela rede de televisão estatal.
Saldo de ontem: 300 mortos
Além do militar, a violência no país deixou outras mais de 300 pessoas mortas em combates, nessa quinta-feira (19) --na sua maioria civis. Esse foi o maior balanço em 16 meses de revolta, de acordo com um balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) publicado nesta sexta-feira.
Ao menos 139 civis, 98 soldados e 65 insurgentes morreram, segundo a organização não governamental que tem sede na Grã-Bretanha e obtém suas informações de uma rede de militantes na Síria. "É o maior balanço desde o início da revolta, sejam civis, rebeldes ou soldados", declarou à agência AFP Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH.
O número mais elevado de mortes foi registrado em Damasco e em sua província, com 47 civis e 23 guerrilheiros mortos. Há seis dias ocorrem combates na capital entre o exército e os rebeldes.
Tropas de Assad retomam bairros de Damasco
Também hoje, as tropas de Assad reconquistaram os bairros de Damasco em uma tentativa de quebrar a ofensiva rebelde que, nos últimos dias, liquidou a cúpula militar, levou os combates até a capital e se apoderou de postos fronteiriços com Iraque e Turquia.
A televisão estatal informou que as tropas sírias, apoiadas por tanques, "limparam" o bairro de Midan, perto do centro da capital, e apreenderam um enorme arsenal após fortes combates com os rebeldes, que no início da semana lançaram a "batalha pela libertação" de Damasco.
O OSDH confirmou a contraofensiva e informou sobre a queda de Khobar (lese), outro bastião insurgente, no leste da capital, onde as forças de Assad realizavam varreduras nas casas. Os combates provocaram o êxodo de milhares de habitantes da cidade.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), até 30.000 sírios fugiram apenas para o Líbano nas últimas 48 horas.
O Exército Sírio Livre (ESL), formado principalmente por militares desertores, se apoderou na quinta-feira (19) de todas as passagens fronteiriças com o Iraque (segundo as autoridades deste país) e de um posto fronteiriço com a Turquia, o de Bab al-Hawa, após violentos combates, de acordo com um fotógrafo da AFP.
Cerca de 150 combatentes fortemente armados controlam agora esta passagem, situada em frente ao posto turco de Cilveg¶zü, na província de Hatay, onde estão instalados muitos campos de refugiados sírios.
Um funcionário dos serviços sírios assegurou na quinta-feira à AFP que o exército havia demonstrado "moderação em suas operações", mas, desde o atentado a bomba de quarta-feira contra o edifício da Segurança Nacional, estava decidido a "empregar todas as armas em sua posse para terminar com os terroristas". (Com agências de notícias)
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