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Fortes ventos causaram maior destruição, dizem brasileiros que moram em NY

Frente da casa do brasileiro Alex Caetano, 39, que mora em Nova York, e trabalha como motorista - Alex Caetano/UOL
Frente da casa do brasileiro Alex Caetano, 39, que mora em Nova York, e trabalha como motorista Imagem: Alex Caetano/UOL

Fabiana Nanô

Do UOL, em São Paulo

30/10/2012 14h07Atualizada em 30/10/2012 18h42

“Infelizmente está bem difícil. Muitos estabelecimentos estão fechados, caiu muita árvore e alguns lugares estão sem luz. O problema maior foi que o rio invadiu a cidade de Nova York e alagou as partes mais baixas. É o pior furacão que eu já passei na minha vida”, diz o brasileiro Alex Caetano, 39, que mora há 23 na Grande Nova York, onde trabalha como motorista.

Ele contou ao UOL como viu a passagem do ciclone Sandy, que já deixou ao menos 29 mortos nos Estados Unidos e um rastro de destruição em outros países da América Central, como Cuba e Jamaica. Uma pessoa também morreu no Canadá.

Segundo Caetano, em Nova York houve mais vento do que chuva e os estragos são maiores dependendo da região onde a pessoa está. As estações de metrô ficaram “alagadas” em partes mais baixas dos distritos nova-iorquinos de Manhattan, Queens e Bronx.

O policial brasileiro Gustavo Santos, 28, esteve nas ruas de Nova York para monitorar a situação. Ele disse que “os fios elétricos estavam se soltando, algumas coisas em cima dos prédios estavam voando, tinha enchente e árvores caindo”.

Apesar disso, Santos disse que algumas pessoas não obedeceram à orientação de ficar em casa. “O pessoal não ficava em casa, eles queriam ver o que estava acontecendo e saíam até descalços. A maioria teve algum tipo de problema.” O policial também afirmou que os que foram trabalhar encontraram as pontes fechadas na volta para casa e ficaram ilhados.

A maioria das ruas, porém, está aberta para circulação. Só fecharam as que registraram queda de árvores. Este, aliás, foi o principal motivo de mortes na cidade, segundo Santos.

Outro problema causado pela passagem de Sandy foram os focos de incêndio vistos em alguns pontos da cidade. De acordo com Santos, Nova York tem muitos cabos subterrâneos e, com a água da enchente e as fortes rajadas de vento, alguns fios elétricos podem ter originado o fogo.

Inclusive, um incêndio de grandes proporções atingiu a região de Breezy Point, no Queens, durante a madrugada de segunda (29) para terça-feira. Cerca de 50 famílias tiveram que sair de suas casas, que foram queimadas pelo fogo. As causas, no entanto, são desconhecidas.

Assim como Caetano, Santos contou que não houve muita chuva em Nova York. “O problema foram as rajadas de vento. O vento parava e, de repente, vinha de uma vez e levava um monte de coisa. O mais perigoso eram os fios que tinham caído e o pessoal não via.”

O brasileiro acredita que o pior já passou, mas ainda é preciso esperar. “Amanhã vai estar melhor.” E disse ter vivido uma experiência parecida com a de Caetano: “Moro há 17 anos nos Estados Unidos e já passei por situações piores na Flórida, mas, em Nova York, este foi o pior que já vi”.

Paredes tremendo

Andréa Soares Berrios, 29, também é brasileira e está nos Estados Unidos há 6 anos. Ela mora no distrito do Queens e conta que, durante a passagem do ciclone, ficou a maior parte do tempo em casa, embora não tenha encontrado dificuldade para andar a pé na região. “Mas, como metrô e ônibus não estão circulando, não dá como ir a lugares mais distantes.”

 

A falta de meios de transporte é o pior estrago causado por Sandy, segundo Berrios, pois “o metrô é a alma desta cidade”. Além disso, ela reclamou do vento, que foi “muito violento”.

“Moro no quarto andar de um prédio de tijolo e cimento, não em casa de madeira, muito comum por aqui. Então, me senti protegida e não tive problemas. Mas uma colega de trabalho contou que na casa dela, de madeira, as paredes tremiam com o vento.”

As fortes rajadas foram o que mais impressionaram a brasileira, que é gerente de projetos nos EUA. Apesar da destruição, Berrios elogiou a resposta das autoridades, que foi “adequada e eficiente”.

“Como residentes, sabíamos com antecedência o que iria acontecer e quais poderiam ser as consequências. Hospitais e outros serviços críticos sofreram evacuação preventiva. Ao longo da tempestade, recebemos constantes atualizações sobre os serviços públicos”, afirmou.

Ela ainda acrescentou que não houve inundações na região onde mora, pois sua casa não está perto do rio ou do mar, e que vários estabelecimentos ao redor de seu prédio permaneciam abertos nesta terça.