Filhos de republicanos têm mais que dobro de chances de ter arma em casa, diz gênio das estatísticas
A identidade política dos pais tem um papel de peso na hora de apontar a probabilidade de uma criança crescer com armas em casa. Segundo o estatístico Nate Silver, do “The New York Times”, quando os pais são republicanos, essa probabilidade dobra.
“Se eles [os pais] se identificam como eleitores democratas, as chances de ter uma arma em sua casa são de apenas uma em cada quatro, ou 25%. Mas as chances são mais que o dobro, quase 60%, se eles são republicanos”, diz Silver em sua coluna "Five Thirty Eight" desta terça-feira (18).
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O fato de uma pessoa ter uma arma indica mais a sua tendência política do que outras características demográficas, como orientação sexual, naturalidade, entre outras.
Segundo Silver, em 1973, 55% dos republicanos relataram ter uma arma em sua casa contra 45% dos democratas, de acordo com a Pesquisa Social Geral, uma pesquisa bienal sobre o comportamento de adultos americanos.
A posse de armas diminuiu ao longo dos últimos 40 anos, mas a redução ocorreu mais do lado dos democratas. Em 2010, a Pesquisa Social Geral, que mede a posse de armas entre os adultos, identificou que entre os democratas a taxa havia caído para 22%, mantendo-se em 50% entre os adultos republicanos.
“A pesquisa 2008 deixa claro que a posse de armas está profundamente enraizada na identidade política e vice-versa”, escreve Silver, em referência aos números do levantamento Household Gun Ownership, sobre a posse de armas dos americanos em casa.
Segundo a pesquisa, “eleitores brancos eram substancialmente mais prováveis de possuírem armas que os hispânicos ou negros. Mas os republicanos brancos eram mais propensos a possuir armas que os democratas brancos. E com base na inércia demográfica, as diferenças parecem propensas a crescer ao longo do tempo”, comenta o estatístico.
O levantamento mostrou ainda que 35% dos eleitores democratas com 65 anos relataram ter uma arma em casa, contra 25% entre os que têm de 18 a 29 anos. Com relação à idade, os republicanos mantêm uma média de 55% do eleitorado com armas em casa em todas as faixas etárias.
Na área rural, a posse de arma é maior já que também são usadas não só para segurança, mas para caça. Nessas regiões, 65% dos eleitores republicanos disseram ter uma arma em casa. Nas áreas urbanas, 40% dos eleitores republicanos disseram que tinha uma arma em sua casa, contra 20% dos democratas.
Em áreas suburbanas do país a diferença é mantida: 58% por cento dos eleitores republicanos mantêm armas em casa, contra apenas 27% dos democratas. Ter crianças em idade escolar no lar não afeta a opção de ter ou não armas em casa. A relação das pessoas com a religião também não é um indicador nessa questão.
Em 2008, pouco mais de 40% dos eleitores que disseram frequentar templos religiosos semanalmente ou mais frequentemente relataram ter uma arma em sua casa, mesmo índice daqueles que frequentam esses locais apenas algumas vezes por mês ou esporadicamente durante o ano.
As taxas de posse de armas são mais elevadas entre a classe média, mais do que os pobres. As famílias que ganham de US$ 50.000 a US$ 100.000 por ano, foram pouco mais propensos a possuir armas.
“Talvez tiroteio da semana passada em Newtown sirva para diminuir a divisão partidária”, diz Silver.
Na última sexta-feira (14), Adam Lanza, 20, invadiu uma escola primária na cidade, no Estado de Connecticut, matando 26 pessoas, sendo 20 crianças Ele se matou no local. Antes de sair de casa, ele matou a mãe. A tragédia reabriu a discussão sobre o uso de armas no país.
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