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Rebeldes islâmicos tomam cidade no oeste de Mali e ameaçam a França

Malinês se cobre com a bandeira francesa em apoio à intervenção militar da França no Mali - Joe Penney/Reuters
Malinês se cobre com a bandeira francesa em apoio à intervenção militar da França no Mali Imagem: Joe Penney/Reuters

Do UOL, em São Paulo

14/01/2013 15h11

Rebeldes islâmicos retomaram sua ofensiva no Mali, ocupando nesta segunda-feira (14) a cidade de Diabali, que fica a 400 km ao norte da capital Bamaco. A ação acontece depois que forças francesas bombardearam a base dos rebeldes, no norte do país no domingo (13).

O ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, confirmou a tomada de Diabali, região nas imediações da fronteira com a Mauritânia. "Sabemos que haverá uma contra-ofensiva para o oeste. Eles tomaram Diabali após combates com o Exército malinense, que estava insuficientemente preparado para esse momento", declarou o ministro.

Os jihadistas anunciaram mais cedo que atingirão "o coração da França", segundo Abou Dardar, um dos líderes do Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao).

"A França atacou o Islã. Vamos atingir o coração da França", disse ele à agência de notícias AFP. Questionado sobre onde seria este "coração", Dardar afirmou que "em todas as partes: em Bamaco, na África e na Europa".

O ministro das Relações Exteriores de Mali, Tièman Coulibaly, estima que cerca de cem rebeldes tenham morrido no conflito, 60 delas em Gao.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) terá hoje, a pedido da França, uma reunião para discutir a ofensiva e o agravamento dos conflitos no país.


República do Mali

  • Capital: Bamaco
    População: 15,5 milhões (2012)
    Língua oficial: francês
    PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
    Tamanho: 7º maior país da África
    Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
    e 9% crenças indígenas

Guerra contra o terrorismo

Desde sexta-feira (11), a França se proclamou "guerra contra o terrorismo" no Mali, após o presidente François Hollande aceitar pedido de ajuda feito pelo governo da antiga colônia francesa na quinta (10).

O primeiro bombardeio aconteceu no domingo (13), em posições na região norte do país, dominada há nove meses por radicais islâmicos.  Mais de 60 jihadistas morreram no ataque. Há uma disputa de forças entre os militares, vinculados ao governo, e os radicais. Os franceses apoiam os militares.

O avanço dos grupos armados em direção ao centro do Mali foi interrompido pela ofensiva, diz o governo francês. Foram atacados campos de treinamento e a infraestrutura controlada pelos rebeldes nas cidades de Gao e Kidal.

Centenas de soldados de países vizinhos ao Mali estão se preparando para se juntar às forças francesas.

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que a intervenção será encerrada em "questão de semanas". Ele rejeitou qualquer semelhança entre a operação com a ação dos Estados Unidos contra o Taleban no Afeganistão, que já dura onze anos.

Os grupos, denominados radicais, invadiram a região norte durante o golpe de Estado de 22 de março de 2012, que derrubou o então presidente Amadou Toumani Touré.

Em apoio aos grupos islâmicos estão integrantes da Al Qaeda, do Magrebe Islâmico (AQMI), e dos movimentos Ansar Dine e Mujao.

Apoio internacional

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) declarou hoje apoio à intervenção francesa e disse acreditar que a operação irá acabar com a ameaça dos grupos terroristas, ao mesmo tempo em que frisou que não tem intenção de participar.

"Damos as boas-vindas aos esforços da comunidade internacional em apoio da aplicação da resolução 2.085 do Conselho de Segurança da ONU", disse a porta-voz da entidade, Oana Lungescu.

A Otan destacou a "rápida ação" empreendida pela França e disse acreditar que "esses esforços ajudam a restaurar o estado de direito em Mali".

Nos últimos dias, o principal responsável da União Africana (UA), e presidente do Benin, Thomas Yayi Boni, defendeu que a Otan participe das operações.

Vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos dão apoio logístico ao Exército francês, que conta com o respaldo da maior parte da comunidade internacional. (Com agências internacionais)