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Líder do sequestro na Argélia ameaça realizar mais ataques se França não sair do Mali

Mokhtar Belmokhtar, líder da Brigada Mulathameen, fala em vídeo - AFP/Sahara Media
Mokhtar Belmokhtar, líder da Brigada Mulathameen, fala em vídeo Imagem: AFP/Sahara Media

Do UOL, em São Paulo

21/01/2013 12h08Atualizada em 21/01/2013 12h15

O militante islâmico Mokhtar Belmokhtara, líder do grupo Brigada Mulathameen que assumiu o sequestro em massa na Argélia, ameaçou nesta segunda-feira (21) realizar mais ataques caso as potências ocidentais mantenham a intervenção militar no Mali.

O número de reféns mortos nos quatro dias de cerco subiu para quase 60, depois da notícia de que pelo menos nove japoneses estão entre os mortos, maior grupo entre os estrangeiros na usina.

O primeiro-ministro argelino, Abdelmalek Sellal, deve dar detalhes sobre o sequestro nesta segunda-feira (21), que ainda envolveu a captura de trabalhadores norte-americanos, britânicos, franceses, japoneses, noruegueses e romenos, numa das piores crises internacionais com reféns nas últimas décadas no mundo.

Entenda a relação entre o sequestro na Argélia com a intervenção francesa no Mali

  • Arte/UOL

    Em 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali e interveio militarmente na nação africana, a pedido do governo local. O objetivo era combater grupos extremistas que controlam várias regiões do país.

    No sábado (19), o sequestro acabou com uma ação final do Exército argelino.

A Brigada, ligada à Al Qaeda, ofereceu uma saída negociada para a libertação dos reféns no complexo de exploração de gás na localidade argelina de In Aménas, mas autoridades do país usaram a força militar, segundo o serviço de monitoramento Site.

"Nós, da Al Qaeda, anunciamos essa abençoada operação", disse Belmokhtar, que é cego de um olho, em um vídeo, segundo o site regional Sahara Media. Ele disse que cerca de 40 militantes participaram da operação, cifra semelhante à citada pelo governo como sendo o número de sequestradores mortos ou presos.

O presidente da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), Désiré Kadré Ouédraogo, considera que o combate aos grupos extremistas islâmicos no Mali vai custar cerca de US$ 500 milhões. "Contudo, o número pode variar em função das necessidades", ressaltou.

Assim como o envio de tropas africanas, o assunto deve ser tema de uma reunião no próximo dia 29 em Addis Abeba, na Etiópia, sob a coordenação da União Africana.

Tropas da França e do Mali iniciaram hoje uma operação na cidade de Diabali, no oeste do país, tomada há uma semana pelos radicais, mas foi esvaziada após uma série de bombardeios franceses.



Entenda o caso

Os sequestradores, que iniciaram a operação na madrugada da quarta (16) passada, exigiam o fim da intervenção militar francesa no vizinho Mali, que havia começado no dia 11 de janeiro. Fontes oficiais dos EUA e Europa, no entanto, acreditam que a operação havia sido planejada com bem mais antecedência.

A situação se tornou sangrenta no dia 17, quando o Exército argelino abriu fogo contra sequestradores que tentavam fugir com reféns.

Quase 700 trabalhadores argelinos e mais de cem estrangeiros fugiram, principalmente na quinta (17), quando os combatentes foram expulsos da ala residencial da usina. Alguns militantes continuaram entrincheirados até sábado (19) dentro do complexo industrial, quando foram finalmente dominados.

A ação abalou as relações da Argélia com seus aliados ocidentais, entre os quais alguns se queixam de não terem sido informados com antecedência da decisão de invadir a usina. França e Reino Unido, no entanto, defenderam a operação militar argelina.

Outros estrangeiros mortos na operação incluem três britânicos, um norte-americano e dois romenos. Ainda estão desaparecidos cinco noruegueses, três britânicos e um estrangeiro residente na Grã-Bretanha. A fonte de segurança disse que há pelo menos um francês entre os mortos.