Eleições na Venezuela devem ocorrer de forma tranquila e sem fraudes, diz especialista
A decisão do governo da Venezuela, de promover eleições em 30 dias, é observada como um sinal positivo e de respeito à democracia, na avaliação do professor Antônio Jorge Ramalho da Rocha, do Departamento de Relações Exteriores da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, a tendência é que as eleições ocorram em clima de “tranquilidade” e “sem fraudes”. E, independentemente do futuro presidente, as relações com o Brasil devem ser inalteradas.
“Com o Maduro [Nicolás Maduro, que interinamente está na Presidência], as relações serão mais estreitas, como foram no período do Chávez [Hugo Chávez, presidente que morreu ontem]. Mas o Capriles [Henrique Capriles, principal líder da oposição] certamente não vai ferir os interesses da Venezuela”, destacou em entrevista à Agência Brasil.
Ramalho disse ainda que a confirmação da morte de Chávez define um momento de “mais tranquilidade” do que o que ocorria no período em que ele estava em tratamento para o combate ao câncer, pois as especulações geravam dúvidas e incertezas. Porém, o professor ressaltou que é possível que ocorra uma divisão na base aliada do governo e a oposição intensifique sua campanha pelo poder.
“Certamente o processo político na Venezuela deve ser desenvolvido em semanas, pois todos têm interesse nas eleições – tanto os integrantes da oposição como os do governo”, disse Ramalho. “As eleições na Venezuela devem reunir observadores estrangeiros e serão acompanhadas pelo Mercosul e pela Unasul [União de Nações Sul-Americanas]. A tendência é que ocorra, o que houve em outubro, sem fraudes estruturadas e de maneira tranquila.”
No poder há 14 anos, Chávez foi o responsável por uma intensa política social sustentada com os recursos do petróleo. O combate à pobreza, entretanto, ainda permanece um desafio para o governo. No ano passado, ele foi diagnosticado com um câncer na região pélvica. A maior parte do tratamento foi feita em Cuba e os detalhes foram mantidos em sigilo.
Em dezembro, Chávez confirmou o reaparecimento do câncer e foi submetido a uma nova cirurgia – a quarta operação desde o início do tratamento que durou 20 meses. Ele não resistiu às complicações e morreu ontem à tarde.
Para Ramalho, uma eventual instabilidade política na Venezuela poderá causar danos em alguns países vizinhos, principalmente, no Equador, na Nicarágua, em El Salvador e em Cuba, pois o país mantém um comércio intenso com esses governos baseado na venda do petróleo. Em relação ao Brasil, o professor não acredita em mudanças. “Há uma agenda estruturada e que ganhou mais força com a integração da Venezuela no Mercosul”, disse.
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