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Dilma pretende falar com papa Francisco sobre "fome e pobreza"

A presidente Dilma Rousseff chega ao hotel Excelsior, em Roma, para participar da primeira missa do papa Francisco - Lalo de Almeida/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff chega ao hotel Excelsior, em Roma, para participar da primeira missa do papa Francisco Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Fernanda Calgaro

Do UOL, na Cidade do Vaticano

18/03/2013 16h36

A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira (18) que pretende aproveitar os breves minutos que terá com o papa Francisco ao final da missa inaugural, marcada para 9h30 (5h30 do horário de Brasília) da terça-feira (19), para falar sobre "fome e pobreza".  Ela dividirá a atenção do pontífice com mais de 100 chefes de Estados.

"Um papa preocupado com as questões dos pobres do mundo tem um papel especial", disse a presidente que afirma confiar na contribuição de Francisco na integração da América Latina no combate à pobreza.  Segundo ela, o pontífice cumpre com os "princípios básicos que inspiraram o cristianismo e inspiraram Cristo."

Em seu primeiro encontro oficial desde que chegou à Roma, com o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), José Graziano, a presidente disse ainda que o Brasil se identifica com a organização.

"Essa é uma organização multilateral que o Brasil tem todo um interesse, e mais, uma identificação. Eu acredito que tratar a questão da fome no mundo é algo fundamental, porque enseja, de fato, uma perspectiva de cooperação internacional baseada em princípios de paz, de humanitarismo", justificou a presidente, que informou que o "Brasil tem uma tecnologia de combate à pobreza extrema."

A tecnologia brasileira, como explicou, é baseada em prover renda mínima para pessoas e para as famílias não terem de se submeter à fome, que ela chamou de "tragédia".

"O Brasil tem uma tecnologia social, assim como tem tecnologias que desenvolvem produtos, tem uma tecnologia com uma grande capacidade e um grande conteúdo, de elevar o nível de vida das pessoas", disse. 

Graziano disse que a FAO tem um "antigo e tradicional" relacionamento com a igreja na luta contra a miséria e a fome.  Segundo ele, que já esteve duas vezes com o antecessor do papa Francisco, a Santa Sé é uma grande aliada em promover o chamado "Hunger Challenge". "Um desafio lançado pelo secretário-geral Ban Kin Moon na Rio +20, que visava acabar com a fome, acabar com o nanismo, com o desperdício de alimentos, dobrar a produtividade dos pequenos agricultores familiares e promover o desenvolvimento sustentável", explicou.

Durante a reunião com a presidente Dilma, Graziano disse que compartilhou às boas notícias que o Brasil tem dado ao FAO. Segundo ele, o modelo de segurança alimentar brasileiro tem servido de referência para a comunidade dos países de língua portuguesa, assim como para outras nações da África do Oeste.

Ele --que vai representar o secretário-geral da ONU, Ban Kin Moon, na missa inaugural do novo papa-- também afirmou que destacou o Brasil como um dos três países que estão aumentando a contribuição à FAO. "Os três que vão aumentar no próximo biênio são China, com US$ 11 milhões a mais, o Brasil, com US$ 8 milhões a mais e a Rússia, com US$ 5 milhões a mais. São os países do Brics aumentando a sua contribuição. Hoje o Brasil é o 10º na lista de países contribuintes."

"A terceira boa notícia é que nós estamos implementando uma série de programas na África com uma série de contribuições e apoio do Brasil", acrescentou ele, que disse ter acertado com a presidente que ela vai ajudar à organização a estender o sistema de monitoramento de desmatamento em países da África Central. 

Antes de assumir o cargo de diretor-geral da FAO, José Graziano atuou, entre 2003 e 2004, como ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

No encontro com o novo papa, Graziano disse que "o secretário pediu para transmiti-lo o firme respaldo que o sistema Nações Unidas dá a essa ideia de erradicar a fome e a miséria no mundo". Essa, segundo ele, é a primeira meta. "A igreja tem a tradição de ser o primeiro motor", justifica.