Detido "preventivamente", presidente deposto do Egito é levado ao ministério da Defesa
O presidente do Egito, Mohamed Mursi, deposto na quarta-feira (3), pelo Exército, foi levado na madrugada desta quinta-feira (4) para o prédio do ministério da Defesa.
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"Mursi foi separado de sua equipe e conduzido ao ministério da Defesa", disse Gehad al-Haddad, membro da Irmandade Muçulmana, à agência AFP.
O Exército egípcio confirmou na madrugada que deteve “preventivamente” o presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, segundo informou uma fonte militar à agência AFP, mas não deu mais detalhes sobre o paradeiro do agora ex-presidente.
“[Mursi] está detido preventivamente”, afirmou o militar, que pediu anonimato, e sugeriu que Mursi pode enfrentar acusações de opositores.
Mais cedo, Al-Haddad havia informado que "Mursi e toda sua equipe presidencial" estavam detidos "no clube da Guarda Republicana da presidência".
O Exército deteve na quarta-feira (3) vários dirigentes da Irmandade Muçulmana, base do regime de Mursi, segundo o jornal “Al-Ahram”.
Entre os detidos estão Saad al-Katatni, chefe do Partido da Liberdade e Justiça (PLJ) --braço político da Irmandade Muçulmana-- e Rached Bayoum, um dos dignitários religiosos do grupo.
As forças de segurança egípcias receberam ordens para prender 300 membros da Irmandade Muçulmana, revelou o “Al-Ahram” em sua edição de quinta-feira (4).
"Cortado do mundo"
Mais cedo, ainda segundo Haddad, a guarda presidencial prendeu Mursi e o levou ao QG do exército, o que ele chamou de "prisão domiciliar". Ele afirmou ainda que o grupo político do ex-presidente também está preso.
"Mursi está cortado do mundo", disse na entrevista. O porta-voz da Irmandade Muçulmana afirmou que os militares não permitem que ninguém chegue perto de Mursi ou que ele tenha
Em seu Twitter, Haddad disse que Rashad al Bayumi e o ex-chefe do Parlamento, Saad al Katani, ambos da Irmandade Muçulmana, haviam sido presos essa noite.
Localização do Cairo
O presidente Mohamed Mursi foi deposto nesta quarta-feira (3) por um golpe militar apoiado por grande parte da população. O ministro da Defesa do Egito e comandante das Forças Armadas, Abdeh Fattah al Sissi, disse na TV que está suspensa a Constituição do país.
Segundo o ministro, Mursi "não atendeu às demandas da população". Em um pronunciamento transmitido pela rede de TV oficial, Sissi afirmou que caberá à Suprema Corte Constitucional do Egito convocar novas eleições presidenciais e parlamentares, além de elaborar a nova Constituição do país.
O chefe da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour, 68, governará o país no período de transição, de acordo com o ministro da Defesa.
Em um post no perfil da presidência do Egito no microblog Twitter, Mursi pediu à população que resista ao golpe de Estado mas de forma tranquila, "sem derramamento de sangue entre os compatriotas".
Confrontos deixam mortos e líderes são presos
Ao menos 14 pessoas foram mortas em confrontos entre partidários e opositores de Mursi e as forças de segurança. Na cidade de Marsa Matruh, ao norte do país, oito morreram depois de decretado o golpe militar, a maioria apoiadores de Mursi.
Outras cinco morreram também em confrontos entre adversários e simpatizantes do presidente deposto na cidade de Alexandria, após um tiroteio segundo a TV Al Jazeera.
O Exército do Egito deteve nesta quarta-feira vários dirigentes ligados à Irmandade Muçulmana, base do presidente deposto Mohamed Mursi. As forças de segurança egípcias receberam ordens para prender 300 membros dos Irmãos Muçulmanos, informa o jornal Al-Ahram.
Emissoras de TV islâmicas são tiradas do ar
Emissoras de televisão islâmicas do Egito foram tiradas do ar nesta quarta-feira (3), minutos depois de anunciarem a queda do então presidente Mohamed Mursi em cadeia nacional.
Segundo a agência de notícias estatal Mena, a emissora de TV da Irmandade Muçulmana Egypt25 teve o sinal cortado e seus gerentes foram presos horas depois do golpe militar. Funcionários da filial egípcia da rede de televisão do Catar Al-Jazeera, a Al-Jazeera Mobasher, também foram detidos após a divulgação do discurso de Mursi na emissora.
"As forças de segurança invadiram as instalações da Al-Jazeera Mobasher e prenderam vários funcionários", revelou a rede de TV do Catar.
Além de suspender as transmissões da Al-Jazeera Mobasher, o Exército adotou diversas medidas contra dirigentes da Irmandade Muçulmana.
Reação internacional
Em nota oficial divulgada na noite desta quarta-feira (3), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil classificou a situação no Egito como "grave" e pediu diálogo no país.
Em uma declaração divulgada nesta quarta-feira (3) pela Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu que os militares do Egito devolvam o controle ao governo democrático do Egito, sem demora, a um governo civil eleito, mas sem afirmar que a situação no país se trata de um golpe de Estado.
A Embaixada dos EUA no Cairo ordenou que todos os seus funcionários considerados não necessários deixem o Egito, logo após o anúncio de deposição de Mursi. De acordo com agências de notícias, a partida dos funcionários deve começar imediatamente e todos deverão ter saído do país até o final da semana.
O presidente da Síria, Bashar Assad, disse nesta quarta acreditar que as gigantescas manifestações contra o egípcio Mohamed Mursi, derrubado pelo Exército, marcam o fim do Islã político.
"O que acontece no Egito é a queda do que nós conhecemos como o Islã político", declarou o presidente sírio ao jornal oficial "As-Saoura", segundo trecho da entrevista que será publicada em um jornal sírio nesta quinta-feira (4).
Antes da confirmação do golpe de Estado no Egito e pronunciamento dos militares, o governo brasileiro condenou a medida e defendeu uma solução negociada com a sociedade egípcia.
"Os egípcios querem resultados rápidos de uma revolução que ainda vai completar três anos. É preciso ter paciência", disse o emissário do Brasil para o Oriente Médio mais a Turquia e o Irã, embaixador Cesário Melantonio Neto.
Também antes do golpe, o Departamento de Estado dos EUA disse que a melhor solução para o impasse no país seria uma saída política. O órgão afirmou ainda que Mursi deve fazer mais para responder aos apelos da população do Egito.
Golpe um ano depois
O presidente (agora deposto) do Egito foi eleito democraticamente, mas é visto por opositores como um mero fantoche da Irmandade Muçulmana, partido que governava o país de fato. Mursi assumiu o cargo em 2012, após um outro levante egípcio, o de 2011, que depôs o então presidente Hosni Mubarak.
A gestão de Mursi foi considerada insatisfatória. Apesar das sucessivas promessas de que ouviria a oposição, na visão de seus críticos Mursi governou tendo em vista unicamente os interesses da Irmandade Muçulmana - jocosamente apelidada de "Irmandade da Ocupação" pelos manifestantes.
O mandato do presidente durou exatamente um ano. Desde o domingo (30), data do 1º aniversário de Mursi no poder, manifestantes têm ido às ruas pedindo sua renúncia.
Ultimato
Na segunda-feira (1º), o Exército disse que, se as forças políticas envolvidas no impasse político do país não se entendessem em até 48h, os militares interviriam para que fosse seguido o "mapa" que as Forças Armadas desenharam para o Egito.
O prazo para respostas do governo ao ultimato do Exército terminou nesta quarta-feira (3), às 16h30 na hora local (11h30 de Brasília). Na véspera do golpe, terça-feira (2), Mursi fez um pronunciamento na TV dizendo que sua eleição foi democrática e que lutaria até a morte para defender sua legitimidade no cargo. Nesta quarta-feira (3), o político propôs por meio de sua página no Facebook a formação de um governo de coalizão para tirar o país da crise política.
Futuro de Mursi
Segundo agências de notícias, Mursi teve a prisão decretada pela Justiça do país. O presidente deposto do Egito e líderes da Irmandade Muçulmana foram considerados culpados por uma fuga de uma prisão em janeiro de 2011. Segundo um tribunal egípcio, a Irmandade Muçulmana organizou a fuga com a ajuda de integrantes do Hamas palestino e do Hezbollah libanês.
É essa investigação que resultou agora na proibição a Mursi e vários líderes da Irmandade Muçulmana de deixarem o território egípcio. Funcionários aeroportuários disseram à agência de notícias "AFP" que receberam ordens de impedir que Mursi, o líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e o número dois da confraria, Jairat al Shater, saiam do país.
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