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Dilma mostra que EUA têm de pagar por destruir privacidade, diz Greenwald

Thiago Varella

Do UOL, em São Paulo

24/09/2013 16h06

O jornalista americano Glenn Greenwald, que revelou com documentos vazados pelo ex-agente da NSA (Agência Nacional de Segurança) Edward Snowden que o governo americano estaria espionando funcionários do governo brasileiro e empresas como a Petrobras, afirmou que o duro discurso de crítica feito pela presidente Dilma Rousseff no plenário da 68ª Assembleia Geral da ONU mostra que os "Estados Unidos devem pagar por destruírem a privacidade pelo mundo."

Entenda o caso de espionagem

Em 1º de setembro deste ano, o "Fantástico", da Rede Globo, exibiu uma reportagem no qual mostrou que e-mails pessoais da presidente Dilma foram interceptados pela NSA. Em 8 de setembro, uma segunda reportagem apontou que a Petrobras, maior empresa brasileira, também foi espionada pelos norte-americanos. As reportagens foram produzidas em parceria com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald e baseada em documentos vazados pelo ex-agente da NSA Edward Snowden

"O discurso também mostra que vivemos em um mundo cada vez mais diferente em que outros países agora têm um poder de influência mais significativo. E, por isso, os EUA não podem mais sair por aí fazendo o que querem sem sofrer consequências", disse ao UOL por telefone.

Dilma afirmou na manhã desta terça-feira (24) no plenário da Assembleia Geral da ONU que os Estados Unidos estão violando os direitos humanos e as liberdades civis quando espionam governos e civis pelo mundo.

"Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país. Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando esta espionagem", afirmou a presidente.

Para Greenwald, o discurso também é prova de que outros países estão surgindo no cenário internacional com mais poderes e com coragem para enfrentar decisões equivocadas de potências como os EUA.

O jornalista espera que a partir de agora haja um movimento que force os EUA a interromper seu sistema de vigilância.

"O que Dilma parece simbolizar que é, na verdade, haverá um movimento em massa de vários países que tentarão parar esse sistema de vigilância que os EUA instalaram", falou.

"Ver um impacto desses [das denúncias publicadas], com a presidente Dilma falando na ONU sobre esse problema, mostra que um debate profundo foi criado", acrescentou.

 

Na ONU, Dilma também afirmou que o Brasil apresentará uma proposta para a criação do marco civil para governança e uso da internet. Segundo a presidente, a medida vai servir para garantir a privacidade pessoal e a soberania das nações.

Greenwald vê com cautela a ação do governo brasileiro. "É difícil comentar sem conhecer a proposta. Entendo o desejo do Brasil de regular a internet. Mas ao mesmo tempo, é importante, como alguém que advoga pela liberdade na rede, que outros governos não usem essa oportunidade para poder controlar a internet", explicou.

Grampos nos EUA

O programaO Prism é um programa de inteligência secreta americana que daria ao governo acesso aos dados de usuários de serviços de grandes empresas de tecnologia
Quais dados?Não se sabe exatamente, mas qualquer informação poderia ser consultada. O jornal 'Washington Post' cita e-mail, chat, fotos, vídeos e detalhes das redes sociais
Quem sabia?Segundo Obama, o programa foi aprovado pelo Congresso e é fiscalizado pelo Poder Judiciário no país. Todas as empresas negaram participação
FuncionamentoDe acordo com fontes do jornal britânico 'The Guardian', o governo poderia ter acesso aos dados sem o consentimento das empresas, mas, como eles são criptografados, precisaria de chaves que só as companhias possuem
Empresas possivelmente envolvidasMicrosoft, Google, Facebook, Yahoo, Apple, Paltalk, Skype, Youtube, AOL