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Presidente argentina pode ter caído de escada de avião, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

07/10/2013 10h09

O governo argentino não revela como a presidente Cristina Kirchner, 60, sofreu um traumatismo craniano que provocou um hematoma subdural crônico e a deixará de repouso por pelo menos um mês. Sabe-se que o acidente ocorreu no começo de agosto. De acordo com o jornal "La Nación", uma das hipóteses mais prováveis é a de que a presidente tenha se machucado ao sair do avião presidencial.

O incidente teria ocorrido em 9 de agosto, quando Cristina viajou de Buenos Aires a Rio Gallegos. A presidente teria tropeçado nas escadas do avião Tango 01 e caído.

Segundo o jornal, o mais estranho é que a presidente continuou normalmente com suas atividades presidenciais após a queda.

De acordo com uma outra fonte ouvida pelo "La Nación", Cristina teria escorregado em um tapete e caído na residência presidencial de Olivos, em 12 de agosto. O governo argentino não confirma nenhuma das duas versões.

Traumatismo craniano

Até agora, o governo argentino se limitou a informar que Cristina "sofreu um traumatismo craniano em 12 de agosto, e não houve sintomas", mas exames realizados no sábado detectaram um "hematoma subdural crônico" e foi recomendado o repouso de um mês, de acordo com a nota oficial lida pelo porta-voz da presidência argentina, Alfredo Scoccimarro.

O governo destacou que, nesse período, a presidente fará um "acompanhamento evolutivo clínico e de imagens", mas não explicou se Kirchner recebeu a recomendação de repouso total.

No sábado, Kirchner compareceu a uma clínica privada de Buenos Aires para realizar "um exame cardiovascular por uma arritmia e, por ter apresentado um quadro de cefaleia, foi solicitada uma avaliação neurológica". A análise levou ao diagnóstico de "hematoma subdural crônico" depois de ter sofrido o traumatismo craniano, disse Scoccimarro.

"Os hematomas subdurais acontecem quando se acumula sangue no espaço subdural, entre as membranas do cérebro, e os sintomas aparecem entre a semana e um mês depois do traumatismo", explicou o médico Fernando Iglesias.

De acordo com o cirurgião, "geralmente acontecem em adultos com um traumatismo leve".

Hipotensão

A presidente argentina sofreu vários episódios de hipotensão nos últimos anos que a obrigaram a suspender atividades oficiais.

Em janeiro de 2012, menos de um mês depois de ter iniciado o segundo mandato, a chefe de Estado foi submetida a uma operação de extirpação da glândula tireoide, mas os médicos constataram que ela não sofria de câncer como havia sido diagnosticado inicialmente.

Kirchner deixou a clínica particular Fundación Favaloro na noite de sábado, depois de passar dez horas no local para diversos exames.

O período de repouso envolve as importantes eleições legislativas de 27 de outubro, que marcam a metade de seu segundo mandato, que vai até 2015.

A presidente Kirchner participava de vários eventos relacionados à votação, após a derrota de seu principal candidato nas primárias que consagraram os postulantes para as eleições parlamentares.

O anúncio foi feito por Scoccimarro minutos depois da exibição da segunda parte de uma entrevista gravada com a presidente.

Na entrevista, exibida pelo canal América, Kirchner afirmou que nunca pensou em uma segunda reeleição, algo que exigiria uma reforma da Constituição. Na Argentina, o texto constitucional autoriza apenas dois mandatos consecutivos de quatro anos cada.

"O kirchnerismo é muito mais do que uma pessoa", afirma Cristina na entrevista, gravada há dez dias.

Cristina não deve pedir licença

Segundo fontes ligadas ao governo ouvidas pelo jornal "Clarín", apesar do repouso, Cristina não planeja pedir licença da presidência. O vice-presidente, Amado Boudou, deve substituir Cristina em alguns eventos. Boudou estava no Brasil e teve de retornar às pressas para a Argentina no último sábado (5).

A presidente deve passar esta segunda-feira (7) descansando em Olivos, enquanto Boudou participará de um ato público na Casa Rosada.

Boudou, 50, é ex-ministro da Economia de Cristina Kirchner, entre 2009 e 2011. Amante do rock e das motos, ele esteve à frente da Previdência Social em 2008 para aplicar a lei do Congresso que estatizou os fundos privados de aposentadoria. O vice-presidente é investigado em um caso sobre tráfico de influência em favor de uma gráfica. Ele não foi indiciado pela Justiça, devido à ausência de provas contra ele.

Dilma manda mensagem

A presidente Dilma Rousseff manifestou neste domingo sua "solidariedade" com a colega argentina e "amiga" Cristina Kirchner.

Em sua conta no Twitter, na qual esteve muito ativa nos últimos dias, Dilma escreveu: "Minha solidariedade a @CFKArgentina, que está de repouso médico. @CFKArgentina é amiga do Brasil e minha amiga. #ForçaCristina". (Com agências internacionais)