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EUA aprovam elevação do teto da dívida e evitam calote

Do UOL, em São Paulo

16/10/2013 21h12Atualizada em 16/10/2013 23h25

Os congressistas dos Estados Unidos aprovaram na noite desta quarta-feira (16), primeiro no Senado e depois na Câmara dos Representantes (por 285 votos a favor e 144 contra), o aumento do teto da dívida pública do país, evitando --às pressas e em cima da hora-- um calote do país com seus credores.

A votação final ocorreu cerca de uma hora e 45 minutos antes do limite estimado pelo Tesouro a partir do qual o país entraria em “default”, quando deixaria de ter condições de honrar parte de seus compromissos financeiros.

O projeto de lei deve ser levado ainda na noite de hoje até a Casa Branca, onde será sancionado pelo presidente Barack Obama, que já havia dito em pronunciamento que o faria “imediatamente”, assim que o documento estivesse “em sua mesa”, minutos após o Senado aprovar o acordo para o fim do impasse fiscal travado entre democratas e republicanos.

Menos de quatro horas antes do prazo do Tesouro para o calote, o Senado aprovou em plenário a elevação do teto da dívida pública do país e o fim da paralisação federal, que entrou hoje em seu 16º dia.  

Foram realizadas duas votações no Senado para oficializar o envio da proposta à Câmara: a primeira teve 83 votos a favor e 16 contra; a segunda, 81 a favor e 18 contra. 

Saiba mais

  • Jason Reed/Reuters

    Entenda o que é o teto da dívida pública dos Estados Unidos e suas implicações

O acordo aprovado tanto no Senado quanto na Câmara financia o governo federal até 15 de janeiro de 2014 e estende os “poderes extraordinários” do Tesouro para continuar tomando empréstimos e pagar os credores dos EUA até 7 de fevereiro do ano que vem, reabrindo as atividades federais.

O Tesouro havia estimado que o país não teria como honrar alguns de seus compromissos fiscais após 17 de outubro –a dívida atual dos EUA é de US$ 16,7 trilhões--, colocando em risco o pagamento, por exemplo, de salários de funcionários do governo, aposentadorias, fornecedores e juros da dívida.

A aprovação na noite de hoje inclui o pagamento retroativo dos salários de milhares de funcionários públicos enviados para casa a partir de 1º de outubro, quando teve início a paralisação parcial do governo, que estão desde então sem receber.

Antes do início da votação no Senado, o senador republicano Ted Cruz, considerado uma das maiores lideranças do Tea Party (a ala mais conservadora de seu partido), disse em seu pronunciamento no plenário que o acordo era "terrível" e que o povo norte-americano "não tem voz em Washington". O senador, que votou contra a proposta (como era esperado), sugeriu ainda que o resultado das negociações poderia ter sido outro se "os senadores republicanos tivessem apoiado os deputados".

Líderes no Senado (de maioria democrata) vinham discutindo uma forma de encerrar o impasse fiscal desde o início desta semana e chegaram a um acordo bipartidário (entre situação e oposição) na manhã de hoje. Esperava-se, como acabou ocorrendo, que a Câmara (de maioria republicana) desse sua anuência, após um vai e vem entre propostas.

Ontem, deputados republicanos tentaram negociar em paralelo com o governo, apesar de um entendimento já costurado entre senadores democratas e republicanos, mas o presidente Barack Obama rejeitou o que ouviu. O Senado teve, então, de retomar suas conversas após o fracasso dos deputados.

Obama vai assinar "imediatamente"

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que vai “assinar imediatamente” a reabertura do governo assim que o projeto aprovado pelo Congresso “estiver em sua mesa”, em pronunciamento na Casa Branca pouco depois de o Senado aprovar a elevação do teto da dívida fiscal do país.

  • Charles Dharapak/AP

    Barack Obama faz pronunciamento após Senado aprovar elevação do teto da dívida

O presidente sequer esperou o resultado da votação na Câmara dos Representantes para afirmar que está “ansioso para trabalhar com qualquer um, democrata ou republicano, em qualquer ideia para melhorar a economia e fortalecer a classe média”.

No pronunciamento curtíssimo, com duração de apenas três minutos, Obama cutucou a batalha política travada entre democratas e republicanos nos últimos dias sobre o impasse fiscal dos EUA, dizendo que espera que, “da próxima vez, não será na última hora [que se chegará a uma solução]”.

Após agradecer aos líderes do Senado pelo resultado alcançado no plenário, o presidente disse que o povo norte-americano quer políticos em Washington que tenham “foco não em política, não em eleições, mas em passos concretos que possam melhorar suas vidas”.

Luta boa, mas sem vencedor

Menos de oito horas antes do “deadline” sugerido pelo Tesouro, o presidente da Câmara dos Representantes, o deputado republicano John Boehner, divulgou um comunicado indicando seu apoio à aprovação do acordo bipartidário fechado no Senado. Em entrevista a uma rádio local, o congressista disse que a luta com os democratas foi boa, “mas não vencemos”.

Americanos protestam

”A Câmara lutou com tudo para convencer o presidente dos EUA a se empenhar em negociações bipartidárias para resolver a crise da dívida do país e fornecer justiça aos americanos com o Obamacare. Essa luta vai continuar, mas bloquear o acordo bipartidário alcançado hoje no Senado não será uma tática que utilizaremos”, disse Boehner em seu site, afirmando ainda que esperava o governo reaberto já a partir de amanhã.

Assim que o Senado chegou a um acordo na manhã desta quarta, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que Obama apoiava o plano conduzido pelo democrata Harry Reid e o republicano Mitch McConnell. (Com agências internacionais)