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Separatistas da Ucrânia ameaçam criar exército e estatais após referendo

Do UOL, em São Paulo

11/05/2014 11h56

Separatistas ucranianos anunciaram que serão formados órgãos estatais e que os soldados do governo de Kiev serão considerados “ocupantes” assim que saírem os resultados dos referendos de independência regiões de Donetsk e Luhansk ocorridos neste domingo (11).

O plebiscito, organizado por líderes pró-Rússia, busca aprovar a soberania destes territórios onde os rebeldes tomaram prédios do governo e entraram em confronto com a polícia e as tropas ucranianas.

"Todas as tropas militares no nosso território após o anúncio oficial dos resultados do referendo serão consideradas ilegais e declaradas ocupantes" disse Denis Pushilin, líder da autodeclarada República de Donetsk, segundo a agência Interfax.

"É necessário formar organismos estatais e autoridades militares o mais breve possível", acrescentou ele.

Governo diz que referendo é ilegítimo

O governo ucraniano declarou o referendo separatista como ilegítimo e disse, neste domingo, que ele não afetará a integridade do país.

"A realização em 11 de maio do 'referendo' ilegítimo sobre o status das regiões de Donetsk e Lugansk não tem nenhum valor jurídico nem terá consequências legais para a integridade da Ucrânia", disse em nota o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.

"Os organizadores dessa farsa violaram conscientemente a Constituição e a legislação da Ucrânia, desprezaram os apelos das autoridades ucranianas e da sociedade internacional", diz o governo em nota.

A diplomacia ucraniana denunciou que por trás do plebiscito estão "grupos terroristas" e que a maioria da população das regiões no sudeste da Ucrânia não se deixou levar pelas ações.

"O povo ucraniano não reconhece nenhum referendo nem nas regiões de Donetsk e Lugansk, nem na Crimeia (anexada pela Rússia); e essa será a reação de toda a comunidade internacional", afirma a nota.

No sábado (10), o presidente interino da Ucrânia disse que a independência das regiões destruiria a economia do país. "Este é um passo em direção ao abismo para as regiões", disse Oleksandr Turchynov em comentários postados no site presidencial.

Mais cedo, rebeldes na cidade de Slovyansk, um dos focos de tensão entre milícias separatistas e forças do governo, trocaram tiros com as tropas ucranianas nos arredores da cidade.

A cidade portuária de Mariupol permanece em alerta após os confrontos de sexta-feira (9), quando ao menos sete morreram.

Autoridades da cidade disseram que havia apenas oito centros de votação para meio milhão de pessoas. Filas de centenas de metros formaram-se.

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

Ucrânia acusa Rússia de desestabilizar país

O governo da Ucrânia e o Ocidente acusam a Rússia de fomentar os conflitos na região com o objetivo de desestabilizar a Ucrânia ou para encontrar um pretexto para invadir o país. A Rússia rejeita as acusações.

O presidente da Rússia , Vladimir Putin, pediu aos organizadores dos referendos que atrasassem os referendos enquanto ele negociava com as potências ocidentais. Os insurgentes, no entanto, não alteraram a data da consuta.

Eleitora espera estabilidade na região

Em um posto de votação de  uma escola em Donetsk, eleitores compareceram em peso já na primeira hora da votação. Todos as cédulas de voto que podiam ser vistos nas urnas, transparentes, indicavam que a opção pela indpendência da região tinha sido selecionada.

Muitos eleitores disseram esperar que a votação ajude a estabilizar a situação local.

"Eu simplesmente não tenho palavras para expressar o que está acontecendo em nosso país ", disse Liliya Bragina, 65. " Eu vim para que haja estabilidade, para que haja paz". completou.

Referendo lembra Crimeia

O referendo, organizado às pressas, lembra a consulta de março na Crimeia, região no sul da Ucrânia que aprovou sua independência. A Crimeia foi formalmente anexada pela Rússia dias depois.

Os organizadores da votação deste domingo disseram que só mais tarde vão decidir se eles vão buscar a independência total, a anexação à Rússia ou a permanência das regiões na Ucrânia, mas com maior autonomia.(Com agências internacionais)