Após banho de sangue, separatistas ucranianos anunciam toque de recolher
As autoridades da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, anunciaram um toque de recolher de 20h às 6h após o banho de sangue que deixou ao menos 40 mortos, nesta terça-feira (27), no aeroporto da cidade.
As ruas de Donetsk, que tem quase um milhão de habitantes, ficaram vazias, com prédios comerciais e lojas fechados e protegidos por tábuas de madeira ou chapas de ferro, para evitar saques. A prefeitura informou que 14 escolas e dois hospitais na região do aeroporto, que está com as ruas bloqueadas, também permaneceram fechados.
Nesta quarta-feira (28), as forças militares ucranianas e os rebeldes pró-Rússia voltaram a se enfrentar na região. Caças militares sobrevoaram a região separatista, e rajadas de metralhadora foram ouvidas no centro da cidade e perto do prédio do Serviço de Segurança da Ucrânia, nas proximidades da sede da administração local, ocupada pelos milicianos há cerca de dois meses.
Os militares ucranianos intimaram os "rebeldes" a deixarem a cidade "ou serão atingidos com precisão". $escape.getH()uolbr_geraModulos($escape.getQ()embed-lista$escape.getQ(),$escape.getQ()/2014/entenda-a-crise-na-ucrania-1395092819467.vm$escape.getQ())
Confrontos no aeroporto
Ontem, os combates no aeroporto da cidade deixaram ao menos 40 mortos, sendo quatro civis, segundo o prefeito de Donetsk, Alexander Lukianchenko. Os rebeldes falam em cem ou duzentos mortos.
Segundo várias testemunhas e fotos divulgadas nas redes sociais, os necrotérios da cidade já não podem receber mais corpos, em sua maioria de insurgentes russófonos.
Separatistas chegaram a anunciar a tomada do local, mas os militares ucranianos reagiram com morteiros e granadas e recuperaram o controle do local. O aeroporto de Donestk, que passou por uma grande reforma em 2012 para a Eurocopa, com obras que custaram US$ 1 bilhão, segundo a imprensa ucraniana, ficou destruído.
Após o episódio, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu o fim da ofensiva ucraniana. A Rússia expressou disposição de enviar ajuda humanitária ao leste da Ucrânia e pediu autorização para as autoridades de Kiev para fornecer assistência.
A nota enviada diz que "as rotas e as condições do fornecimento da ajuda poderiam ser estabelecidas pelas respectivas instituições de ambos os países".
Observadores sequestrados
Ainda não há notícias dos quatro observadores da Osce (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) que desapareceram há dois dias em meio aos conflitos no leste do país.
O mediador da Osce para a Ucrânia, o diplomata alemão Wolfgang Ischinger, disse que não descarta remover do país os observadores da entidade, se a situação for considerada muito perigosa.
"Se a insegurança chegar ao ponto de temermos pela vida de nossos colaboradores, lamentavelmente teremos que retirá-los", afirmou, em entrevista ao canal público alemão ZDF. "Não sabemos exatamente onde eles estão. Supomos que estejam nas mãos de um dos grupos separatistas."
De acordo com a entidade, os quatro sequestrados são um dinamarquês, um estoniano, um turco e um suíço.
Um mês atrás, uma equipe da Osce foi capturada por separatistas em Slaviansk, onde ficaram retidos durante uma semana.
No último domingo, a Ucrânia elegeu seu novo presidente, o empresário Petro Poroshenko, pró-Ocidente, que pretende continuar a ofensiva militar contra os separatistas, ainda que de maneira mais breve.
Protesto de mineiros
Cerca de mil mineiros do setor de carvão fizeram uma manifestação nesta quarta-feira em apoio aos separatistas do leste do país.
Os mineiros saíram pelas ruas centrais da cidade de Donetsk para exigir a saída de forças do governo ucraniano da região. (Com agências internacionais)
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