Sobe para 70 número de mortos em ataque islamita em universidade no Quênia
Pelo menos 70 pessoas foram mortas em ataque realizado nesta quinta-feira (2) por homens armados na Universidade de Garissa, no leste do Quênia, segundo o Ministério do Interior. Forças de segurança invadiram o local para libertar os reféns, matando os quatro terroristas.
O ataque foi reivindicado pela milícia somali Al Shabab, ligada à Al Qaeda.
"Contamos 500 estudantes [vivos], mas perdemos muitas vidas (...) cerca de 70", declarou o ministro do Interior, Joseph Nkaiserry, em Garissa, a 150 km da fronteira com a Somália.
Entretanto, ele alertou que "a operação está em andamento, qualquer coisa pode acontecer".
Na mesma entrevista coletiva em Garissa, o chefe de polícia do Quênia, Joseph Boinet, disse que o país africano havia declarado toque de recolher de 18h30 às 6h30 para quatro regiões perto da Somália como medida de precaução.
Os criminosos entraram às 5H30 (23H30 de Brasília de quarta-feira) no campus da Universidade de Garissa, onde estudam centenas de jovens, disparando contra dois guardas na entrada principal.
Uma vez dentro do centro universitário, atiraram de maneira indiscriminada e depois entraram em vários edifícios.
"Acordamos com os sons das balas (...) ninguém sabia o que estava acontecendo, as mulheres gritavam e as pessoas corriam para salvar sua vida", disse Ungama John, um estudante da residência.
A Cruz Vermelha informou sobre 30 feridos internados no hospital, quatro deles em estado crítico, que foram levados de avião a Nairóbi, a 350 km. Segundo ela, a maioria das vítimas havia sido baleada.
Os terroristas afirmaram que a ação é uma vingança contra a intervenção de tropas do Quênia na Somália.
"O Quênia está em guerra com a Somália (...) nosso povo continua lá, eles estão lutando e sua missão é matar os que são contrários aos shebab", disse à AFP por telefone um porta-voz dos islamitas, Sheikh Ali Mohamud Rage.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, deu ordens nesta quinta-feira para que 10 mil recrutas sejam imediatamente alistados.
"Pedi ao inspetor geral da polícia que tome medidas urgentes e garanta que 10 mil recrutas cujo alistamento está pendente sejam imediatamente convocados para a Academia de Polícia em Kiganjo", afirmou Kenyatta em mensagem no Facebook.
"Assumo total responsabilidade por essa diretiva. Já sofremos desnecessariamente pela falta de pessoal de segurança. O Quênia precisa de oficiais urgentemente, e não vou deixar o país esperando", acrescentou.
O presidente pediu ainda que a população mantenha a calma e a vigilância "enquanto continuamos a confrontar nossos inimigos".
O governo identificou Mohammed Mohamud, ex-professor de Garissa, como o líder que está por trás do ataque e ofereceu uma recompensa de cinco milhões de xelins (cerca de R$ 680 mil) por qualquer informação que leve à detenção de Mohamud, que está foragido desde dezembro, segundo o "Daily Nation".
As forças de segurança o identificaram então como o comandante regional da Al Shabab que teria planificado dois massacres que deixaram 58 mortos no distrito de Mandera, no nordeste do país, no final do ano passado.
Segundo relatório de segurança ao qual teve acesso o mesmo jornal, Mohamud é um antigo professor de um madraçal (escola corânica) de Garissa e utiliza até três apelidos: Sheikh Mahamad, Dulyadin e Gamadheere.
Ele se uniu à militância islamita quando ainda existia a União das Cortes Islâmicas (UCI), que acabaria se separando em vários grupos, entre os quais depois se destacaria o Al Shabab, no qual entrou em 2009, segundo o mesmo jornal. (Com agências internacionais)
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