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Massacre: tiroteios e explosões deixam mais de 120 mortos na França

Do UOL, em São Paulo

13/11/2015 19h24Atualizada em 14/11/2015 12h48

Uma série de atentados possivelmente coordenados atingiram Paris na noite desta sexta-feira (13). De acordo com a Procuradoria de Paris, há mais de 120 mortos, cerca de 200 feridos, sendo 80 em estado grave. Todos os ataques foram em locais de grande concentração de pessoas: bares, restaurantes, uma casa de shows e o estádio nacional Stade de France. Acompanhe a cobertura em tempo real

Oito terroristas foram mortos, sendo que sete teriam detonado cinturões com explosivos antes de serem atingidos pela polícia, informou a agência de notícias francesa AFP. Nenhum grupo reivindicou, até a madrugada de sábado, a autoria dos ataques.

O presidente da França, François Hollande, decretou situação de emergência no país e fechou as fronteiras. "É um ataque sem precedentes", classificou. 

Os ataques são os mais mortais dos últimos 40 anos na Europa ao lado dos atentados lançados em 11 de março de 2004, em Madri.

Seis ataques em poucas horas

Entre as 21h15 e 21h20 no horário local (18h15 horário de Brasília), terroristas explodiram ao menos duas bombas nas proximidades do Stade de France, em Saint-Denis, onde o presidente francês, François Hollande, e mais 80 mil pessoas acompanhavam uma partida de futebol entre França e Alemanha. A partida continuou até o fim, mas houve pânico no meio da multidão devido aos rumores sobre os ataques, e torcedores permaneceram no estádio, sendo que alguns desceram ao gramado de forma espontânea. Todos os ataques aconteceram entre 21h20 e 22h30, no horário local. 

Praticamente no mesmo horário, terroristas atiravam contra os espectadores de um show da banda Eagles of the Death Metalna casa de espetáculos Bataclan. A casa abrigava ao menos 1.500 pessoas, mas grande parte teria conseguido fugir pela saída de emergência quando os terroristas atiravam com metralhadoras AK-47 contra a plateia. Ao menos 100 pessoas morreram na casa de shows, e três dos terroristas teriam explodido seus cinturões quando a polícia invadiu o local. 

Um restaurante cambojano, na rua Alibert, no 10º distrito da capital francesa, também foi atacado a tiros. No local, estavam dois brasileiros, que foram atingidos pelos disparos. Catorze pessoas teriam morrido neste ataque, segundo o jornal L´Observateur.

O restaurante La Belle Equipe, na rua de Charonne, também foi atingido por disparos, vitimando 18 pessoas, segundo as autoridades. Outros disparos aconteceram na Rue de La Fontaine (próximo à praça République) e Boulevard Voltaire. Cinco pessoas teriam sido vitimadas em uma pizzaria que fica na Rue de La Fontaine e uma pessoa morreu no ataque do Boulevard Voltaire, segundo o jornal L´Observateur.

As informações oficiais ainda apontam para 120 mortos, entretanto.

Autoridades pediram que os cidadãos de Paris permaneçam em suas casas durante a madrugada deste sábado (14). A prefeitura de Paris decretou luto e determinou o fechamento de diversos equipamentos públicos a partir deste sábado, como, escolas, museus, bibliotecas, ginásios, piscinas públicas e mercados alimentícios. O governo pediu, ainda, o cancelamento de todas as manifestações e o fechamento das câmaras municipais de distritos - apenas os casamentos e serviços civis foram mantidos.

Brasileiros feridos

Dois brasileiros foram feridos nos ataques desta noite em Paris, disse à BBC Brasil a cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis. Eles estavam no restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do Canal Saint-Martin, no 10° distrito da capital, um dos locais onde ocorreram tiroteios que deixaram dezenas de mortos e feridos em estado grave.

Um dos brasileiros feridos tomou três tiros nas costas e seu estado é bem grave, segundo a cônsul-geral. Ele está sendo operado. Ele é um arquiteto que está de passagem por Paris para eventos profissionais, segundo ela. Não há informações atualizadas sobre seu estado de saúde.

Alerta máximo

Os tiroteios reacendem o clima de terror instaurado na cidade em janeiro deste ano, quando dois homens armados invadiram a sede do jornal satírico "Charlie Hebdo" e mataram 12 pessoas. Outro ataque, também em janeiro, a um supermercado kosher elevou para 18 o número de mortos nos atentados de janeiro. 

Hollande cancelou os planos de viajar para a Turquia no fim de semana para participar da cúpula do G20, grupo formado pelas principais economias do mundo. Ele convocou uma reunião de emergência do seu conselho de segurança nacional para sábado de manhã.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, lideraram um coro mundial de solidariedade à França, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, condenou os "ataques desprezíveis".

Estado Islâmico

Também na sexta-feira (13), os EUA teriam matado em um ataque com drones na Síria o britânico Mohammed Emwazi, conhecido como "Jihadi John", que apareceu em vários vídeos de decapitações do Estado Islâmico.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que caso as forças norte-americanas tenham obtido sucesso na tentativa de matar o militante, seria um ataque ao coração do Estado Islâmico, o que pode ter, de alguma maneira, enfurecido o grupo.

Quatro dias atrás, caças franceses destruíram um centro de distribuição de petróleo do Estado Islâmico na Síria, perto da cidade de Deir Ezzor. Para analistas, os ataques terroristas em Paris nesta sexta-feira podem ser retaliação de extremistas islâmicos contra os bombardeios franceses na Síria. (Com agências internacionais)