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Após mais de 10 horas de debate, Reino Unido aprova bombardeios na Síria

Resultado da votação sobre bombardeios na Síria é lido na Câmara dos Comuns - AP
Resultado da votação sobre bombardeios na Síria é lido na Câmara dos Comuns Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

02/12/2015 20h35Atualizada em 02/12/2015 22h23

Após mais de dez horas de debate, os deputados britânicos aprovaram por uma maioria de 174 votos (397 a favor e 223 contra), na noite desta quarta-feira (2), bombardear o EI (Estado Islâmico) na Síria. O Reino Unido já realiza bombardeios contra o EI no Iraque.

O voto do Parlamento britânico "é a melhor decisão para preservar a segurança do país", reagiu minutos depois o primeiro-ministro David Cameron. "O Parlamento tomou a melhor decisão para preservar a segurança do país --a ação militar na Síria faz parte de uma estratégia maior", afirmou Cameron no Twitter.

Mais cedo, Cameron defendeu a necessidade de bombardear o EI na Síria por razões de "segurança nacional", ao abrir o debate parlamentar.

Em uma Câmara dos Comuns abarrotada, Cameron reconheceu a "complexidade" da situação na Síria, mas insistiu que o Reino Unido enfrenta uma ameaça à sua segurança nacional com o avanço da organização islâmica.

Cameron, que apresentou nesta terça-feira (1º) na câmara a moção sobre os bombardeios, pediu o apoio dos deputados à sua estratégia de combate à ameaça terrorista e considerou que ao Reino Unido não resta outra opção além da de se somar aos bombardeiros contra o EI.

"O assunto que se apresenta na câmara hoje é sobre como manteremos o povo britânico seguro diante da ameaça que o EI representa. Não se trata de 'se queremos lutar contra o terrorismo', mas se trata de ver como fazê-lo", afirmou o político conservador, que lembrou que as forças de segurança frustraram sete atentados contra o Reino Unido no último ano.

Em seu discurso, o primeiro-ministro lembrou os recentes atentados de Paris e o de Túnis em junho, quando mais de 20 turistas britânicos foram mortos.

Ao defender a necessidade de bombardear a Síria, Cameron reiterou que seu plano faz parte de um amplo programa militar, estratégico, diplomático e humanitário na Síria.

"Não vou fingir que as respostas são simples. A situação na Síria é de uma incrível complexidade, tampouco estou ignorando os riscos de uma ação militar", admitiu.

Segundo Cameron, a solução final na Síria deve ser o estabelecimento de um governo que represente toda a população e que ela "possa trabalhar conosco para derrotar uma organização perversa como é o EI".

Cameron tinha indicado que só pediria a votação sobre os bombardeios na Síria se tivesse certeza de que iria ganhá-la.

A prevista intervenção britânica na Síria causou divisões entre os trabalhistas, depois que o líder, Jeremy Corbyn, se manifestou contra os ataques, diferentemente da opinião expressada por vários membros da cúpula do partido.

Corbyn decidiu conceder aos seus deputados liberdade de voto em vez de aplicar a disciplina do partido, que os teria forçado a se posicionar contra os ataques.

Uma vez aprovados os bombardeios, os aviões da Real Força Aérea (RAF) britânica começariam a atacar posições do EI na Síria, especialmente na cidade de Raqqa, considerada capital dos jihadistas, nos próximos dias.

Os bombardeios contra posições do EI no Iraque foram autorizados pela Câmara dos Comuns no final de 2014.