Em SP, presidente eleito da Argentina defende o fim de questões ideológicas no Mercosul
Em sua passagem por São Paulo, o presidente recém-eleito da Argentina, Mauricio Macri, defendeu o fim de questões ideológicas no Mercosul. Em almoço com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Macri reforçou ainda a proposta para acelerar a integração real dos países, ressaltando que Brasil e Argentina têm economias relacionadas. “A recessão no Brasil reflete na Argentina, e a da Argentina reflete no Brasil. Os dois países estão em crise e o desafio é colocar as economias em andamento".
“Disse à presidente Dilma que quero trabalhar para desideologizar as relações e para executar ações concretas. Para estreitar o comércio, o intercâmbio cultural e educativo. Não podemos perder mais nenhum minuto”, afirmou Macri em sua primeira viagem internacional desde que foi eleito, em 22 de novembro.
“Estamos culturalmente e historicamente relacionados, e temos que aceitar que o Mercosul deve ser uma realidade", disse. "O mundo está se integrando com os nossos países sem que o bloco tenha se fortalecido previamente, sem investir no potencial da nossa região. Cometemos um enorme erro com o Mercosul", referindo-se às negociações paradas. "Chegou a hora de colocar metas, prazos e cumpri-los".
Em suas primeiras declarações como presidente eleito, Macri, um político de centro-direita, disse que pedirá a suspensão da Venezuela do Mercosul, grupo integrado ainda por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O motivo, segundo ele, seriam as perseguições políticas e abusos aos direitos humanos.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, elogiou a proposta de Macri de retirar o componente ideológico do Mercosul e a sua "visão econômica liberal". "Sua vitória foi comemorada por muitos brasileiros e é um sinal de modernidade, inicia um novo ciclo no continente".
O presidente eleito, que toma posse no dia 10 de dezembro, voltou a citar ainda a necessidade de avançar nas negociações para a parceria com a União Europeia, o acordo Transpacífico, o Transatlântico, "todos os que aparecerem". "Temos que, de uma vez por todas, assumir o desafio". Cristina Kirchner, presidente argentina que deixa o governo nesta semana, era uma das opositoras ao acordo.
Macri disse ainda que planeja um novo encontro com Dilma “o mais rápido possível” para discutir temas industriais e comerciais para acelerar este novo impulso de integração e se transforme em definitivo. “Argentina e Brasil unidos são imparáveis”. O argentino, ex-presidente do Boca Juniors, aproveitou seu discurso ao receber a homenagem da Fiesp para lembrar dos rivais Corinthians e Palmeiras, "de quem o Boca ganhou tantas vezes", mas lembrou que Brasil e Argentina "pode competir no futebol, mas precisam estar juntos mais do que nunca".
Questionado sobre a crise política brasileira, Macri evitou citar como a Argentina poderia ser afetada. Disse somente que os vizinhos "se saem melhor se suas economias funcionam bem".
Mais cedo, Macri se reuniu com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, e disse que ambos compartilham a preocupação pelas tensões políticas na Venezuela, que realiza eleições parlamentares neste fim de semana.
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