Após fala de Milei, Casa Rosada exige 'desculpas' da Espanha e não vê crise
A Casa Rosada, por meio de seu porta-voz Manuel Adorni, afirmou que não há crise diplomática entre Argentina e Espanha e minimizou os insultos do presidente Javier Milei à mulher do primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez. "Estamos surpresos com a repercussão, realmente surpresos", disse Adorni em coletiva nesta segunda (20).
Para a Casa Rosada, a declaração de Milei foi uma reação aos insultos que integrantes do governo espanhol direcionaram ao presidente argentino — insinuando que ele consome substâncias ilícitas e que é antidemocrático, entre outros.
Gostaríamos que fizessem uma reflexão e pedissem desculpas, mas nada tem a ver com questões diplomáticas e sim no âmbito pessoal [...] Nossa posição é clara. Depois de vários insultos que recebeu o presidente, [os espanhóis] se sentiram ofendidos. Cada um tem sua opinião e é livre para questionar.
Manuel Adorni, porta-voz da Casa Rosada
De acordo com o porta-voz, o presidente Milei não vai se comunicar com o presidente espanhol para pedir desculpas. Adorni reforçou que, se Sánchez quiser pedir desculpas a Milei, o argentino está "à disposição".
Não insistam com o problema diplomático porque não há um problema diplomático.
Manuel Adorni, porta-voz da Casa Rosada
Adorni citou que, em maio, ministros espanhóis disseram que Milei consumia substâncias ilícitas, é negacionista, atenta contra a democracia e promove discursos de ódio. "Teve ainda quando o próprio Pedro Sánchez nos definiu como ultradireitistas e antidemocráticos, e nós nunca levamos isso para o lado diplomático", justificou.
Outras crises
Milei tem colecionado crises diplomáticas em cinco meses de governo — já houve problemas desse tipo com México, Brasil, Colômbia e agora Espanha.
No fim de semana, em evento da extrema direita em Madri, Milei chamou Begona Gomez, a esposa de Pedro Sánchez, de "corrupta".
Não sabem que tipo de sociedade e de país o socialismo pode produzir, que tipo de pessoas podem chegar ao poder e que níveis de abuso pode gerar. Mesmo que ele tenha uma mulher corrupta, ele demora cinco dias a pensar nisso.
Javier Milei, presidente da Argentina
O governo espanhol chamou para consultas a embaixadora em Buenos Aires, María Jesús Alonso Jimenez, e exigiu desculpas públicas do presidente argentino.
O ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que a fala do argentino "foi um ataque frontal a nossa democracia, as nossas instituições e a Espanha" e afirmou ser inacreditável que um presidente que conste a Espanha insulte o país e o seu primeiro-ministro.
As declarações do presidente Javier Milei foram feitas durante um evento do partido de ultradireita da Espanha, VOX, no domingo, 19, em uma viagem partidária, sem encontros com as autoridades espanholas.
Sobre as declarações, o porta-voz da Casa Rosada afirmou que o presidente argentino não mencionou ninguém nominalmente. Além disso, defendeu que países e pessoas livres podem emitir opiniões, sem que isso signifique um "ataque" a uma pessoa específica.
"Estão querendo transformar um tema pessoal em um tema diplomático e isso me parece má-fé", disse Adorni. "Tudo cai sobre uma reação menor do nosso presidente , mas se esquecem que isso foi um efeito de uma cascata de insultos que o governo espanhol direcionou ao nosso presidente. Somos uma Argentina cada vez mais livre, mais democrática e que nos respeitamos mais entre a gente mesmo."
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberNesta segunda, Sánchez afirmou que o presidente da Argentina não está "à altura dos laços fraternos" firmados entre os dois países.
Deixe seu comentário