Atirador mata nove e se suicida em shopping de Munique, diz polícia
Um atirador matou ao menos nove pessoas na cidade alemã de Munique nesta sexta-feira (22) e depois teria cometido suicídio, informou a polícia local. Segundo a corporação, o responsável pelo ataque é um rapaz de 18 anos com nacionalidade alemã e iraniana. Pelo menos 21 pessoas ficaram feridas, sendo que 16 estão internadas, três delas em estado grave.
Segundo o chefe da polícia de Munique, Hubertus Andrä, o incidente teve início em uma filial do McDonald's anexa ao shopping center Olympia, nos arredores do estádio olímpico de Munique. Depois, o atirador entrou no centro comercial. Um corpo, que seria o do criminoso, foi encontrado nos arredores do centro comercial.
De acordo com Andrä, o suspeito era morador de Munique há pelo dois anos. Ao contrário dos relatos de testemunhas feitos mais cedo, o atirador usou uma pistola, e não uma arma de cano longo. Questionado sobre quantos tiros foram disparados e o tipo de arma usada, Andrä disse que, como a investigação está em andamento, a polícia não divulgaria estas informações.
Mais cedo, autoridades buscavam três atiradores. Segundo Andrä, duas pessoas vistas deixando o local dos ataques em um veículo inicialmente foram consideradas suspeitas, mas foram descartadas com base nas imagens de câmeras de segurança. A polícia acredita que o atirador agiu sozinho.
'Não sei se meu filho está vivo ou morto'
Segundo o chefe de polícia, os nomes das vítimas só serão divulgados depois que as famílias forem avisadas sobre as mortes. Há adolescentes entre os falecidos e crianças entre os feridos.
Entre os que buscavam informações sobre vítimas estava a família de Souleyman Daitzik, que visitou quatro hospitais em busca de informações sobre seus filhos, uma menina e um menino. Eles foram ao shopping no começo da tarde, antes do início do tiroteio. A jovem apareceria nas imagens no tiroteio no McDonald’s vestindo uma blusa vermelha e correndo, afirma a família. O menino foi baleado, e a família tenta descobrir o seu estado. “Não sei nem se meu filho está vivo ou morto”, afirmou Daitzik ao "New York Times".
A polícia disse não conseguir confirmar, no momento, a veracidade dos relatos de que o atirador teria gritado "Eu sou alemão" durante o ataque, e pediu para que os cidadãos enviem vídeos do momento à corporação. Autoridades estimam que mais de 100 pessoas tenham testemunhado o tiroteio.
Por enquanto, as autoridades não têm indícios da motivação do ataque. Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. O chefe de polícia afirmou, no entanto, que não havia mais perigo em Munique.
Mais de 2 mil policiais mobilizados
Uma grande operação de segurança foi realizada em Munique, com mais de 2.300 policiais mobilizados em toda a Alemanha, além de forças de Áustria e Suíça. Lugares públicos foram esvaziados, e a polícia pediu para que não fossem postadas imagens nas redes sociais. "Não apoie os criminosos", escreveu a polícia. O transporte público foi suspenso e retomado no começo da madrugada (hora local).
A primeira ligação de uma testemunha para os serviços de emergência foi registrada às 17h50 (hora local; 12h50 de Brasília) e alertava sobre um tiroteio em duas ruas próximas ao shopping Olympia, que fica em uma zona residencial e tem um total de 135 estabelecimentos.
O shopping foi esvaziado. Nas redes sociais, por meio da hashtag #OffeneTür (portas abertas), moradores de Munique ofereceram abrigo aos que estavam nas ruas sem ter como se deslocar. Hotéis e até mesquitas também se dispuseram a receber os que estavam sem abrigo.
Vários agentes rodearam o centro comercial e helicópteros sobrevoaram a região. O estabelecimento fica próximo do local onde um comando palestino fez atletas israelenses de reféns durante os Jogos Olímpicos de 1972.
O Itamaraty disse que, até agora, não há informações sobre brasileiros entre as vítimas em Munique e que o consulado do Brasil acompanha os acontecimentos.
Merkel em silêncio
A chanceler Angela Merkel ainda não se manifestou publicamente sobre o ataque em Munique, mas comandará neste sábado (23) uma reunião de emergência do conselho de segurança alemão. Pelo Facebook, o governo alemão se disse solidário às vítimas e pediu compreensão por não poder emitir "opiniões nem especulações". Peter Altmaier, um dos assessores mais próximos de Merkel, declarou a um programa de TV alemão que nenhuma hipótese está descartada. O presidente alemão, Joachim Gauck, afirmou em nota oficial estar "profundamente chocado" com o ocorrido.
A Alemanha está em estado de alerta desde que um jovem de 17 anos invadiu um trem em Wurzburg e atacou com um machado os passageiros na última segunda-feira (18). No episódio, quatro pessoas ficaram feridas e o atacante, que teria jurado lealdade ao grupo terrorista Estado Islâmico, foi morto pelos policiais.
Até o momento, a polícia alemã disse não ter identificado qualquer indício de extremismo islâmico como motivação para o ataque. Apesar disso, uma testemunha afirmou à CNN ter visto um atirador gritando "Alá é grande" antes de disparar sua arma.
Por outro lado, uma outra testemunha disse à TV alemã RTL ter ouvido o atirador gritar "estrangeiros de m*rda", dando margem a um ato cometido por um militante de extrema-direita. A Alemanha tem sido palco de um avanço dessa ideologia, principalmente depois de o governo Merkel instituir medidas para facilitar o acolhimento de refugiados vindos do Oriente Médio e da África em meio à crise de imigração na Europa.
Atentado de 1972
Munique foi palco do maior atentado da história dos Jogos Olímpicos. No dia 5 de setembro de 1972, um grupo de terroristas palestinos da organização Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica de Munique e ingressou nos dormitórios da delegação israelense. Duas pessoas foram assassinadas imediatamente e outras nove foram feitas reféns do grupo. Os terroristas pediram a libertação de 200 árabes prisioneiros em Israel e ameaçaram executar dois reféns a cada hora.
As competições tiveram que ser suspensas, enquanto seguiam as negociações entre os palestinos e as autoridades alemãs. A Vila Olímpica foi cercada por 4.000 policiais. Com a chegada da noite, a polícia convenceu o comando a seguir para o Cairo (Egito).
Dois helicópteros partiram com os oito palestinos e os nove reféns em direção ao aeroporto militar. Na chegada ao aeroporto, a polícia lançou um ataque que resultou na morte de 18 pessoas, entre elas os nove reféns, cinco terroristas palestinos, um policial e o piloto de um dos helicópteros.
Na última quinta (21), agência de monitoramento de terrorismo SITE informou que um canal de extremistas do aplicativo Telegram citou o atentado em Munique-1972 como exemplo para que terroristas possam fazer atentados nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
(Com agências internacionais)
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