Topo

Obama autoriza soltura de Chelsea Manning, que vazou dados para o WikiLeaks, em maio

Arquivo/Exército dos EUA
Imagem: Arquivo/Exército dos EUA

Do UOL, em São Paulo

17/01/2017 19h32Atualizada em 17/01/2017 20h34

O presidente dos EUA, Barack Obama comutou a sentença de Chelsea Manning, a analista de inteligência do Exército condenada pelo vazamento de dados para o site WikiLeaks, de Julian Assange, que revelou atividades militares e diplomáticas americanas em todo o mundo. Outras 63 pessoas obtiveram perdão do presidente e 209 presos tiveram suas penas reduzidas. Assim, Obama entra para a história como o presidente americano que mais comutou sentenças.

Manning, que cumpre uma sentença de 35 anos de prisão em isolamento, será libertada em 17 de maio, de acordo com a decisão de Obama. A informação foi divulgada nesta terça-feira (17) pelo jornal "The New York Times". 

Em novembro, a militar transexual, conhecida anteriormente com o nome de Bradley Manning, pediu que Obama reduzisse sua pena antes de deixar o cargo. Ela deixou claro que não estaria pedindo pelo perdão do presidente, e sim pela redução da pena.

A soldado já tentou se suicidar em duas ocasiões e fez greve de fome em setembro na prisão de Fort Leavenworth, situada no Kansas (centro), com o objetivo de receber atenção necessária para sua mudança de sexo.

Considerada uma heroína por um setor da sociedade por ter revelado práticas do governo nas guerras do Iraque e Afeganistão, a Justiça a denunciou por traição ao considerar que colocou o país e seus companheiros de farda em perigo.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que aceitaria ser extraditado para os Estados Unidos se Obama concedesse o indulto para Manning. No Twitter do Wikileaks, Assange agradeceu pela campanha para a soltura de Manning, dizendo que a "coragem tornou o impossível possível". Mas ele não disse nada sobre a extradição.

Assange vive na embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012 para evitar a extradição para a Suécia, onde é acusado de agressão sexual. O australiano afirma temer que Estocolmo o extradite para os Estados Unidos por conta da divulgação dos documentos confidenciais fornecidos por Manning.

Nos últimos dias, a Casa Branca confirmou que Obama considerava conceder a comutação de pena para a ex-militar, e não atender ao pedido de perdão de Edward Snowden, que revelou o programa de espionagem dos EUA em 2013.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que "há uma grande diferença entre Chelsea Manning e Edward Snowden", já que a primeira "foi sentenciada e reconheceu a gravidade de seus atos". "Pelo contrário, Snowden fugiu e se refugiou em um país (Rússia) que tentou minar a confiança em nossa democracia", declarou.

Perdões

Obama anunciou ainda ter perdoado o general da reserva dos Marines James Cartwright. Em 2016, ele admitiu ter mentido ao FBI em uma investigação sobre o vazamento de informação secreta sobre um ataque de informática ao programa nuclear iraniano em 2010.

Ex-vice-chefe do Estado-Maior Conjunto, Cartwright foi acusado de mentir aos investigadores quando disse que não havia confirmado uma informação secreta a David Sanger, jornalista do "New York Times".

Sanger escreveu um livro no qual narrava uma operação conjunta entre Israel e Estados Unidos para difundir um vírus chamado "Stuxnet", que em 2010 supostamente destruiu ou danificou centrífugas usadas pelo Irã para enriquecer urânio, em um duro golpe ao programa nuclear de Teerã.

Outro que recebeu o perdão de Obama foi o porto-riquenho Óscar López Rivera, um militante pró-independência de Porto Rico, ilha que mantém o status de Estado-livre associado aos Estados Unidos. Ele foi condenado a 70 anos de prisão, dos quais cumpriu 33, acusado de colocar várias bombas nos EUA. (Com agências internacionais)