Estratégias de espionagem da CIA incluem até telepatia
Criada em 1947 para aperfeiçoar o sistema de inteligência dos Estados Unidos, em meio ao crescimento das tensões com a União Soviética, a CIA (Agência Central de Inteligência, na sigla em inglês) tem como missão "antecipar ameaças e outros propósitos de segurança nacional" utilizando coleta de dados e evidências e conduzindo investigações secretas.
O sigilo envolvido nas operações, no entanto, impede que as estratégias da agência sejam divulgadas ao público geral, a não ser quando a própria CIA libera documentos de ações de décadas anteriores ou quando eles são vazados, como aconteceu nesta segunda-feira, quando a organização WikiLeaks revelou que a CIA utilizava programas para invadir telefones celulares, smart TVs e até carros – a agência não confirmou e nem negou a acusação.
Essa seria mais uma das táticas de espionagem da CIA, que utilizou métodos tradicionais –como o uso de agentes duplos— e outros mais inusitados ao longo dos anos:
'Agente de telepatia'
Famoso durante as décadas de 1970 e 1980 por entortar colheres em emissoras de televisão do mundo inteiro, o israelense Uri Geller, teve suas habilidades paranormais testadas pela agência em 1973, conforme documentos divulgados em janeiro.
O relatório dos agentes mostra que Geller conseguiu reproduzir em parte figuras que foram desenhadas por outras pessoas em uma sala separada de onde ele estava. Isso levou os pesquisadores a escrever que Geller "demonstrou sua habilidade perceptiva paranormal de uma forma convincente e sem ambiguidade".
Isso teria levado Geller a trabalhar como agente da CIA, segundo ele próprio conta.
"Fiz muitas coisas para a CIA. Eles queriam que eu ficasse do lado de fora da embaixada russa no México e apagasse [com a mente] os disquetes que os agentes russos levavam", disse ele ao jornal "The Telegraph". Segundo ele, outras atividades incluíam levitar objetos.
O programa a qual Geller esteve vinculado era chamado "Stargate", onde a intenção da agência era recrutar "guerreiros videntes" para "observação remota".
Túnel secreto em Berlim
Ainda na época da espionagem da Guerra Fria, a CIA criou um túnel que ia de um armazém falso Berlim Ocidental até a área controlada pelos soviéticos para espionar as estratégias russas. O túnel tinha 450 metros de extensão e foi utilizado por apenas um ano, entre 1955 e 1956. Um agente duplo revelou a existência do túnel à União Soviética, que o desativou.
Aviões e satélites de reconhecimento
Nos anos de duelo com a União Soviética, a CIA utilizou aviões de espionagem e satélites para fazer o reconhecimento do território inimigo. Em 1960, uma aeronave U-2 foi abatida pelos russos sobrevoando a região de Sverdlosk, próximo ao Casaquistão, e seu piloto, Francis Gary Powers, acabou detido por dois anos no país.
A queda do avião acelerou a ativação do satélite Corona, que operou até 1972 produzindo fotografias do território russo.
Abrindo cartas sem deixar rastros
Entre os documentos da CIA revelados recentemente, estava também um manual para abrir postagens sem deixar rastros, da década de 1970.
Nele, há diversas instruções para garantir que os agentes acessassem as correspondências sem que os destinatários descobrissem. Pontas de ferro quente, soluções químicas e até suco de limão faziam parte do ritual, que incluía a exposição das correspondências ao sol e vento para secagem.
A CIA também ensinou como fazer com que inscrições em tinta invisível fossem descobertas. "Faça uma estampa de prata, fixada e branqueada em cloreto de mercúrio. Para tornar visível, mergulhe em hipossulfito", explica a receita.
"As mensagens são impressas no corpo humano com tinta invisível. Para destruir as mensagens, o corpo deve ser esfregado, e depois lavado com cal ou suco de limão, para erradicar todas as marcações."
Hacking
O velho método de violar postagens alheias mudou completamente com o advento da internet. De acordo com o WikiLeaks, os novos aliados da agência são programas como incluem malwares, vírus e cavalos de troia, capazes até mesmo de contornar a criptografia de aplicativos de mensagens populares como o Whatsapp e o Telegram.
O WikiLeaks afirma ainda que a CIA examinou maneiras de invadir smart TVs, transformando os equipamentos em dispositivos de escuta mesmo quando eles estão desligados, e infectar sistemas de controle computadorizado de carros. Além disso, a agência teria se dedicado a descobrir maneiras de invadir computadores não conectados à internet e atacar marcas populares de antivírus.
Antes desse episódio a CIA também foi acusada de invadir computadores do Senado americano, que investigava denúncias de tortura e abuso do programa de detenção e interrogatórios da agência. A CIA se desculpou pelo caso e admitiu que houve "ação inapropriada" de seus agentes, sem fornecer mais detalhes.
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