Justiça aprova impeachment de presidente sul-coreana
A Corte Constitucional da Coreia do Sul aprovou por unanimidade nesta sexta-feira (10) o impeachment da presidente Park Geun-hye, após ele ter sido aprovado pelo Parlamento em 9 de dezembro do ano passado, com mais de dois terços dos votos. Um novo presidente deve ser escolhido daqui a 60 dias.
Segundo Lee Jung-Mi, presidente do Tribunal, Park, envolvida em um escândalo de corrupção, "prejudicou seriamente o espírito da democracia e do Estado de Direito", e, por isso, todos os oito juízes julgaram haver razão suficiente para sua deposição.
Park estava afastada da Presidência desde a decisão do Parlamento no ano passado. O comando do país está a cargo do primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn.
Com a aprovação do impeachment, Park também perde a imunidade presidencial e pode ser processada.
Acusações
Park é acusada de permitir que uma amiga íntima de mais de 40 anos, Choi Soon-sil, filha de um líder de uma seita religiosa, exercesse influência considerável em assuntos que variavam da escolha de pessoas para altos cargos do governo até o guarda-roupa dela, além de ajudar a extorquir dezenas de milhões de dólares de empresas sul-coreanas.
Chamada de "Rasputina" pela imprensa, Choi foi detida em novembro e está esperando para ser julgada por coação e abuso de poder.
Quando da aprovação do impeachment pelo Parlamento, os deputados também acrescentaram como motivo para a deposição a atuação de Park após o naufrágio de uma balsa em 2014, tragédia em que 304 pessoas morreram, a maioria estudantes. A gestão do governo na catástrofe foi muito criticada e se questionou por que a presidente levou sete horas após o desastre para realizar a primeira reunião sobre o tema.
Os meios de comunicação citam diferentes teorias, como, por exemplo, as de que Park estava em um relacionamento amoroso, realizando um ritual xamânico, em uma operação estética ou cortando o cabelo. A Casa Azul, sede da presidência sul-coreana, desmentiu todas as teorias, mas não explicou até hoje onde a presidente estava no dia da tragédia.
Pedido de desculpas
Em dezembro, uma hora após a decisão do Parlamento e depois de entregar seus poderes do primeiro-ministro do país, Park pediu desculpas aos cidadãos sul-coreanos em discurso televisionado. Disse que levava "a sério as vozes da Assembleia Nacional e do povo".
Milhões de pessoas foram às ruas para pedir que a presidente fosse afastada do cargo, inclusive nas últimas semanas.
Park, 64, assumiu a Presidência em 2013. Tornou-se a primeira presidente da Coreia do Sul, eleita no ano anterior com a maior votação da história democrática do país. Chegou ao poder apoiada principalmente pelos coreanos mais velhos, que esperavam que ela fosse uma versão contemporânea de seu pai, o ditador militar Park Chung-hee, visto com frequência como o modernizador do país.
Mas ela, contrariando as expectativas, se tornou a líder menos popular desde o início da democratização do país no final dos anos 80, de acordo com pesquisas. Os críticos a acusavam de ser autoritária e de usar o poder do Estado para amordaçar os críticos, ao mesmo tempo protegida por um círculo de conselheiros.
(Com agências internacionais.)
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