Empresa brasileira vende bomba de gás a Maduro como alternativa a "uso de arma de fogo"
A empresa brasileira Condor Não Letal afirmou nesta sexta-feira (16) que abastece as forças de segurança da Venezuela com grandes quantidades de gás lacrimogêneo, usado na repressão aos protestos contra o governo de Nicolás Maduro. Políticos opositores manifestaram indignação com a negociação e divulgaram documentos que comprovam o pagamento de 1 milhão de euros (R$ 3,6 milhões) na compra dos artefatos.
Foram publicados documentos que comprovam a compra de 78 mil bombas de gás lacrimogêneo em abril. A Condor Não Letal, com sede no Rio, confirmou para a agência de noticias Associated Press que tem dois contratos com o governo da Venezuela.
A oposição disse que pediu a autoridades brasileiras críticas da repressão contra os protestos que impeçam a entrega da encomenda.
"As pessoas estão morrendo de fome e a última coisa que deveriam estar comprando é equipamentos" antimotim, disse o deputado opositor Eudoro González. O governo do Brasil “deve fazer valer sua política internacional, que é de respeito aos direitos humanos”, acrescentou.
Durante mais de dois meses de protestos contra o governo de Maduro, o saldo está em mais de 70 mortos e 1.300 feridos. Algumas das mortes foram causadas por ferimentos provocados pelas bombas de gás lacrimogêneo disparadas contra os manifestantes a uma curta distância ou pela exposição excessiva dos vapores tóxicos.
"Não julgamos as políticas de nossos clientes", disse a Condor em um comunicado. “Mas entendemos que suspender a entrega de materiais como gás lacrimogêneo, gás de pimenta e balas de borracha poderia ter consequências dramáticas, porque deixariam as forças de segurança sem outra alternativa a não ser o uso de armas de fogo”, afirmam.
O presidente brasileiro, Michel Temer, é um dos críticos mais severos de Maduro. No ano passado, iniciou uma tentativa de bloqueio da Venezuela no Mercosul. Maduro chama Temer de "golpista" e "sicário político".
Procurado pelo UOL, o Itamaraty afirmou que a exportação de gás lacrimogêneo para a Venezuela não foi autorizada pelo Ministério da Defesa e que, com isso, nenhum artefato foi enviado. Segundo o Ministério de Relações Exteriores brasileiro, nenhum pedido de gás lacrimogêneo teve envio autorizado para a Venezuela desde 2011.
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