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Militares se rebelam no norte da Venezuela; governo diz que foram rendidos

Do UOL, em São Paulo

06/08/2017 10h19Atualizada em 06/08/2017 17h16

Um grupo de militares na base militar Forte Paramacay, no norte da Venezuela (cerca de 180 km de Caracas), promoveu um levante neste domingo (6) contra o governo de Nicolás Maduro. Segundo o dirigente chavista Diosdado Cabello, o grupo foi rendido por outros membros das Forças Armadas. Cabello é vice-presidente do partido do governo de Nicolás Maduro e membro da Assembleia Constituinte. Ele chamou os rebeldes de "grupos terroristas mercenários".

O governo venezuelano diz que eram civis usando roupas militares. 

 

Pelo menos um homem morreu e outro ficou gravemente ferido na rebelião ocorrida neste domingo na Brigada 41 de Blindados do Batalhão Paramacay, na cidade de Valencia, segundo o comandante geral do exército do país, general Jesús Suárez Chourio. "Um grupo de paramilitares, aproveitando as condições do momento, nos atacou, mas imediatamente eles foram repelidos, foram derrotados e estamos aqui festejando o triunfo da pátria", disse o general em pronunciamento público, acompanhado por diversos oficiais.

O grupo era formado por integrantes de tropas ativas de diferentes componentes dos corpos de segurança da Venezuela, entre eles policiais.

Em um vídeo, um grupo de aproximadamente 20 homens usando uniformes militares e armados acompanham um porta-voz que se identifica como "capitão Juan Caguaripano" e "comandante da operação David Carabobo", que afirmou se declarar "em rebeldia" contra "a tirania assassina de Nicolás Maduro". Além disso, ele ressaltou que não se trata de um "golpe de Estado".

 

Caguaripano, que deixou as Forças Armadas em 2014 durante uma onda de protestos contra o governo, disse que o grupo reconhece a Assembleia Nacional como poder público, mas exigiu que se reconheça a vontade do povo de "livrar-se da tirania e que honre a memória de jovens [...] que, com escudos de papelão, [...] ofereceram suas vidas para ensinar um povo a derrotar o medo".

"Senhores da Assembleia Nacional, já passou o tempo de pactos e acordos ocultos entre tiranos e traidores. Necessitamos de políticos honestos", acrescenta. Caguaripano termina o vídeo exigindo formação imediata de um governo de transição e eleições.

Caguaripano também diz que qualquer unidade que se recusar a seguir sua convocação de rebelião seria declarada um alvo militar.

Segundo Remigio Ceballos, comandante estratégico operacional da Força Armada Nacional, sete militares foram detidos.

Na manhã deste domingo, por volta das 5h, horário local, houve registros de enfrentamentos e disparos no interior da base militar Forte Paramacay.

Os rebeldes também espalharam panfletos durante a madrugada em que afirmavam estar em rebeldia contra o governo de Maduro. Os panfletos trazem instruções para a sociedade civil impedir qualquer ataque do governo nacional.

Panfleto espalhado por militares rebeldes na Venezuela - Twitter - Twitter
Panfleto espalhado por militares rebeldes
Imagem: Twitter

O termo "operação David" foi o nome dado pelos rebeldes para o plano de tomar o Forte Paramacay. Os rebeldes deixaram uma mensagem aqueles que se decidirem se manter fiel à "tirania": "Considere-se um objetivo militar e assuma as consequências".

No vídeo, os militares pedem apoio popular. Após sua publicação, houve registros de moradores que saíram às ruas em apoio aos militares rebelados.

A Força Armada é o principal apoio de Maduro, que lhe deu grande poder político e militar. O alto comando reiterou em várias ocasiões sua "lealdade absoluta" ao governo e à revolução fundada pelo ex-presidente Hugo Chávez, falecido em 2013.

Estes incidente acontecem em um contexto de grande tensão política na Venezuela e um dia depois da destituição da procuradora-geral Luisa Ortega pela Assembleia Constituinte.

Em várias ocasiões, líderes da oposição pediram ao alto comando militar que retirasse o seu apoio a Maduro.

A Assembleia Constituinte da Venezuela suspendeu a sessão que estava prevista para este domingo, quando seria instalada a chamada "Comissão da Verdade" para começar a estabelecer responsabilidades por fatos violentos nas manifestações contra o governo, que acusa a oposição. A suspensão da segunda sessão da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) formada apenas por aliados do presidente Nicolas Maduro foi decidida depois da rebelião ocorrida hoje.