Brasileira abre sua casa para abrigar afetados por enchentes no Texas
"Hoje não existe nenhum 'imigrante'. Todos estão ajudando uns aos outros, independentemente de ser brasileiro, americano, mexicano, não importa, somos todos iguais. É um trabalho bem bonito de ver."
É nesse espírito que a professora brasileira Ludmila Claro, 37, se uniu a outros imigrantes para saber como poderia ajudar as pessoas que estão sendo afetadas pelas enchentes no Texas causadas pelo furacão Harvey, que já deixou pelo menos 10 mortos e milhares de desabrigados nos Estados Unidos.
Moradora de Sugar Land, na região metropolitana de Houston, Ludmila está numa área que não foi especificamente atingida pelas enchentes. Ela, o marido e os três filhos estão abertos a receber outras famílias de brasileiros que estão desabrigados em sua casa, que tem quatro cômodos. Além disso, organiza através de um grupo no Facebook a arrecadação de doações e mantimentos para os afetados.
Até agora, a Ludmila recebeu uma família brasileira cuja casa está numa área de evacuação obrigatória devido ao risco de rompimento de um dos diques que impedem que as águas invadam as ruas - Houston, próxima ao Golfo do México, tem baixa altitude e possui um sistema de áreas alagadiças e canais que impedem as enchentes. Outra família, oriunda de uma área de evacuação voluntária nas imediações da cidade, está a caminho.
"Recebemos quatro pessoas e estamos aguardando outras três. E também tem os animais: são nossos três cachorros e dois que vieram com a família", conta. Apesar da quantidade de pessoas, Ludmila diz que a casa está bem abastecida de comidas e mantimentos. "Não estamos precisando de nada aqui."
Segundo ela, o aviso da tempestade na semana passada e os constantes alertas de governantes e oficiais de resgate fizeram com que as pessoas pudessem enfrentar as tempestades já preparadas. "Mesmo agora as pessoas estão sendo responsáveis. Ontem abriu o supermercado e havia uma fila enorme, mas as pessoas estavam comprando bem conscientes."
Trabalho pós-enchente
Através da ONG Brazilian Women Foundation, que já faz trabalho voluntário regularmente, Ludmila iniciou no Facebook uma campanha de arrecadação de alimentos e produtos de higiene para os afetados, especialmente os brasileiros. A ideia é unir os produtos em um kit que será distribuído na medida do possível, assim que a água começar a baixar e a região sair da situação de risco.
Por enquanto, aquilo que chega à casa de Ludmila está sendo armazenado em sua garagem. "Doaram até um sofá", diz ela, que conta com a ajuda de cerca de 25 voluntários na zona metropolitana de Houston para estocar e distribuir as doações. "Já recebemos doações de outras cidades, como Dallas e Austin [no Texas], e tem gente de outros Estados, como Carolina do Norte e Flórida, querendo doar também."
Segundo ela, muitos brasileiros perderam tudo que tinham em casa, e agora aguardam a água baixar para saber se poderão voltar a morar nos locais, danificados pelo tempo submerso na enchente. "A partir daí, vamos começar a fazer um trabalho de limpeza nas casas que não tiverem suas estruturas comprometidas."
Além disso, os voluntários da ONG se organizam para divulgar as notícias oficiais - e rebater os boatos que surgem nas redes sociais - aos brasileiros que têm mais dificuldade de entender inglês ou acompanhar os alertas das autoridades. "Estamos traduzindo tudo que é importante", diz ela.
O clima de ajuda mútua também é a tônica na vizinhança. "Ainda conseguimos sair de casa, com limites, quando a chuva dá uma trégua. Aqui em Sugar Land não há sistema de transporte público no momento, então aqueles que têm barcos e caminhonetes estão saindo para resgatar ou ajudar pessoas. Ontem mesmo meu marido, que tem uma caminhonete, levou um policial à delegacia, porque ele não tinha como se locomover para lá. Ele já rodou as casas por aqui para ver se alguém precisa de alguma coisa", conta.
Busca de informações pelo Itamaraty
O Itamaraty afirma que não há brasileiros entre as vítimas, mas que o funcionamento do Consulado-Geral do Brasil em Houston foi afetado, mas disponibilizou um telefone para busca de informações (+1 281 384 4966). O núcleo de assistência a brasileiros no Brasil também está disponível por meio dos telefones +55 61 2030 8803 e +55 61 2030 8804, e pelo e-mail dac@itamaraty.gov.br, além do telefone do plantão consular da Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty (+55 61 98197 2284).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.