Mexicanos passam noite em claro com medo de novo terremoto; país tem mais de 200 mortos
O México amanheceu nesta quarta-feira (20) buscando os sobreviventes do terremoto de magnitude 7,1 na escala Richter que atingiu o país na terça e deixou mais de 200 mortos, a maior parte na capital.
Os trabalhos de resgate prosseguem sem descanso na Cidade do México e nos Estados centrais do país em busca de sobreviventes sob os escombros dos prédios. Muitos moradores da capital não dormiram à espera dos resgates e com medo de um forte tremor secundário.
Segundo o secretário de Governo do país, Miguel Ángel Osorio, são 225 mortes confirmadas. Ao menos 45 edifícios em diferentes lugares da Cidade do México desabaram --em seis deles, pelo menos, acredita-se que há pessoas soterradas.
De acordo com último boletim divulgado pelo diretor da Defesa Civil, Luis Felipe Puente, o número de óbitos agora chega a 225: 94 na Cidade do México, 71 em Morelos, 43 em Puebla, 12 no estado do México, quatro em Guerrero e um em Oaxaca.
O Itamaraty afirmou, na manhã desta quarta, que não tem até o momento registro de brasileiros entre as vítimas no país.
Os resgates se concentravam na zona sul e no corredor Roma-Condesa, área nobre da capital conhecida por seus bares e restaurantes e onde moram muitos estrangeiros.
Nos Estados de Puebla e Morelos, onde foi localizado o epicentro do terremoto, que aconteceu às 13h14 locais (15h14 de Brasília) de terça-feira, também prosseguiam as tarefas de resgate em casas e prédios destruídos.
"As Forças Armadas e Polícia Federal seguirão trabalhando sem descanso até esgotar todas as possibilidades de encontrar mais pessoas com vida", escreveu no Twitter o secretário de Governo, Miguel Angel Osorio.
"Nuvem de poeira"
O terremoto derrubou dezenas de prédios, destruiu encanamentos de gás e desencadeou incêndios pela capital e em outras cidades no centro do México. Carros foram esmagados pela queda de destroços.
Na capital, a maior tragédia até agora foi o desabamento da escola Enrique Rebsamen, localizada no extremo sul da cidade.
"Temos 26 mortos, dos quais cinco são adultos e 21 crianças. Temos 11 crianças resgatadas, e o número de pessoas presas oscila entre 30 e 40", disse José Luis Vergara, oficial do Exército que coordena o resgate, ao canal Televisa.
Com o apoio de civis e de socorristas, militares trabalhavam com a luz de geradores. As buscas seguiam complicadas, porque a escola - que, de três andares, foi reduzida a apenas um - ameaçava desabar por completo a qualquer momento.
Vergara explicou que os socorristas conseguiram estabelecer contato com uma professora e com duas crianças presas nos escombros.
Mães aguardavam notícias dos filhos, em um clima de grande nervosismo.
"Eles continuam tirando crianças, mas nós não sabemos nada sobre a minha filha", disse Adriana D'Fargo, 32, após horas esperando por notícias sobre sua filha de 7 anos de idade.
Os pais também ajudavam a remover os escombros. A polícia levou cães farejadores e instrumentos para detectar o mínimo som até a área da tragédia.
"Uma nuvem de poeira veio quando parte do edifício entrou em colapso. Tivemos que permanecer em nossas salas até que o tremor passasse", relatou a professora
Partes de igrejas da era colonial desmoronaram no Estado de Puebla, onde o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) localizou o epicentro do tremor, cerca de 158 quilômetros a sudoeste da capital, a um profundidade de 51 quilômetros.
Com o tremor, o vulcão Popocatépetl, visível da Cidade do México em um dia sem nuvens, teve uma pequena erupção. Em suas encostas, uma igreja em Atzitzihuacán desmoronou durante uma missa, deixando 15 mortos, afirmou o governador de Puebla, José Antonio Gali.
Aquí el momento donde un edificio, al parecer en la Colonia Roma colapsa. pic.twitter.com/
— REFORMACOM (@Reforma) 19 de setembro de 2017
Silêncio e aplausos nos resgates
Com os braços levantados, ou gritos de "silêncio", os socorristas - dos chamados Topos que se especializaram em resgates com o terremoto de 1985 até civis voluntários - não pararam durante a madrugada, com a esperança de ouvir qualquer ruído que indicasse a presença de um sobrevivente sob os escombros.
Quando uma pessoa conseguia retirar um sobrevivente, o silêncio dava lugar a aplausos e comemorações.
Grande parte da cidade não descansou durante a madrugada. Caminhões de carga circulavam pelas ruas com água, alimentos, medicamentos e outros produtos de primeira necessidade. Os socorristas caminhavam com pás pelas áreas mais afetadas.
Nos parques públicos da área de Roma-Condesa, foram criados acampamentos que distribuíam ajuda para voluntários e desabrigados. Muitas pessoas dormiram nas ruas.
O presidente Enrique Peña Nieto divulgou uma mensagem durante a madrugada com um pedido de calma.
"Na medida do possível, a população deverá permanecer em suas casas, desde que esteja segura, e evitar congestionar as ruas por onde devem transitar os veículos de emergência", disse.
Solidariedade
Líderes mundiais lamentaram o sismo no México e enviaram mensagens de solidariedade.
O papa Francisco pediu uma oração às vítimas do tremor. "Nesse momento de dor, quero manifestar minha proximidade e oração a toda a querida população mexicana", disse ele, além de pedir orações às vítimas, aos seus familiares e às equipes de resgate.
Segundo grande terremoto no mês
O México fica entre cinco placas tectônicas e é um dos países com maior atividade sísmica no mundo.
A Cidade do México conta com um sistema de alertas que se ativa um minuto antes do sismo. Jornalistas da AFP disseram que, desta vez, o alerta foi ouvido apenas no mesmo momento em que se sentiu o tremor, já que o epicentro estava a menos de 200 km de distância da capital.
No dia 7 de setembro, um tremor de magnitude 8,2 atingiu a costa do estado de Chiapas, deixando 90 mortos e centenas de edifícios em ruínas. Juchitan, em Oaxaca, sofreu alguns dos piores danos no país. O epicentro daquele terremoto foi a 700 quilômetros da capital.
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