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Líder da Catalunha descarta antecipar eleições e insiste em solução dialogada

26.out.2017 - Manifestantes se reúnem diante do Palácio Generalitat, sede do governo regional da Catalunha, em  Barcelona - Yves Herman/ Reuters
26.out.2017 - Manifestantes se reúnem diante do Palácio Generalitat, sede do governo regional da Catalunha, em Barcelona Imagem: Yves Herman/ Reuters

Do UOL, em São Paulo

26/10/2017 13h13Atualizada em 26/10/2017 13h33

O presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont, descartou a possibilidade de convocar eleições autônomas antecipadas e insistiu em uma solução dialogada em pronunciamento realizado nesta quinta-feira (26). A antecipação das eleições locais seria uma tentativa de evitar a aplicação da intervenção à região catalã, que está em tramitação no Senado espanhol. Agora, o parlamento catalão deve decidir sobre a possibilidade de independência e as medidas a serem tomadas.

"Não há nenhuma garantia que justifique a convocação de eleições. Não aceito as medidas do artigo 155 por serem injustas. Meu dever é esgotar todas as vias para encontrar uma solução dialogada e pactuada para evitar a aplicação do artigo 155", disse.

O pronunciamento foi feito no mesmo momento que a comissão do Senado se reunia em Madri para discutir a aplicação do artigo 155, que permite a intervenção no governo de uma região.

O Tribunal Supremo da Espanha negou nesta quinta-feira o pedido do governo da Catalunha para suspender de forma cautelar a aplicação das medidas propostas pelo Executivo central do país, que incluem uma intervenção na autonomia catalã para evitar a independência da região. O governo da Catalunha entrou com dois recursos no Tribunal Supremo que pediam a anulação da decisão do Conselho de Ministros, que no sábado determinou que o Executivo central deveria aplicar o artigo 155 da Constituição do país contra a região.

Puigdemont encerrou seu pronunciamento fazendo um chamado para a paz e ao compromisso de cidadania. "Só desta maneira poderemos acabar ganhando".

O pronunciamento ocorre depois de Puigdemont ter adiado e mesmo cancelado sua declaração prevista para mais cedo. A suspensão do discurso foi anunciada sem maiores explicações.

Mais cedo, Puigdemont disse que a suspensão da autonomia da Catalunha criará na região uma situação "ainda mais grave", em um documento enviado ao Senado espanhol. "Para resolver o que o Governo de Estado qualificou de grave situação extraordinária será criada uma ainda mais grave situação extraordinária, ao arrebatar da Catalunha sua autonomia política", afirma o independentista Puigdemont em suas alegações ao Senado, nas quais assegura que tal medida seria contrária à Constituição espanhola.

Mapa Catalunha - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Centenas de estudantes estavam reunidos em Barcelona em apoio a uma proclamação da independência da Catalunha e em rejeição a uma possível intervenção na autonomia regional pelo governo central espanhol. Com cravos vermelhos e bandeiras da independência amarradas ao pescoço, os manifestantes marchavam pelas ruas do centro da capital catalã.

A crise catalã é a mais longa da democracia espanhola e se agravou no último dia 10 de outubro. Naquele dia, Puigdemont afirmou que os resultados do polêmico referendo de 1º de outubro constituíam um "mandato popular" para fundar uma República catalã. E ao mesmo tempo, ele propôs a suspensão da declaração para negociar com Madri.

O governo de Rajoy reagiu de modo rápido: exigiu que Puigdemont esclarecesse sua declaração e ameaçou com a aplicação do artigo 155.

O objetivo catalão é antigo e muito desejado pelos nacionalistas, mas pode ser efêmero.

A independência da Catalunha provoca hostilidade na União Europeia e dividiu profundamente a sociedade catalã.

Na estratégia de não ceder, o governo de Rajoy tem o apoio condicional do opositor Partido Socialista, do partido liberal 'Ciudadanos' e, no plano internacional, da União Europeia.

Rajoy pediu ao Senado que, com a aplicação do 155, permita a Madri destituir o governo catalão, limitar os poderes do Parlamento regional, intervir nos organismos públicos que considere necessário e convocar eleições regionais em um prazo de seis meses.

O governo catalão parece isolado, apesar dos muitos esforços para chamar a atenção internacional.

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AFP