Ex-assessor de Trump admite que mentiu ao FBI sobre contato com russos
O ex-conselheiro de segurança nacional do presidente Donald Trump Michael Flynn admitiu ao FBI nesta sexta-feira (1º) que mentiu a investigadores sobre seus contatos com o embaixador russo Sergey Kislyak em dezembro de 2016, no período de transição entre as eleições e a posse do republicano na Casa Branca.
Flynn também firmou um acordo para cooperar nas investigações, o que pode ser um complicador para Trump. Ele é um dos envolvidos na ampla investigação comandada pelo promotor independente Robert Mueller que apura se houve um complô entre os russos e a campanha eleitoral do republicano durante a eleição contra Hillary Clinton no ano passado. Segundo a emissora "ABC", Flynn considera a hipótese de testemunhar contra Trump.
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"Meu gesto de me declarar culpado e meu acordo para cooperar com o escritório do procurador especial são reflexo de uma decisão tomada em defesa dos interesses de minha família e de meu país", declarou o ex-assessor em uma nota oficial.
Depois de trabalhar como consultor na campanha de Trump, ele se tornou conselheiro de segurança nacional quando o empresário assumiu o poder. Ele durou menos de um mês no cargo, renunciando em fevereiro por causa das acusações.
Nesta sexta, ao ser consultado por um juiz do Distrito de Columbia se desejava se declarar culpado, Flynn apenas respondeu: "Sim, senhor".
Ele é o primeiro ex-membro do governo Trump a ser acusado formalmente na investigação. Outros três assessores de Trump durante a campanha, Paul Manafort, Rick Gates e George Papadopoulos , também foram indiciados.
Acusação só diz respeito a Michael Flynn, diz advogado da Casa Branca
Ty Cobb, advogado da Casa Branca, afirmou que a admissão de culpa de Michael Flynn "não implica ninguém a não ser ele mesmo". Cobb ressalta que o conselheiro de segurança nacional trabalhou apenas por 25 dias na Casa Branca.
Segundo o advogado, a admissão de culpa ao FBI "espelha as mesmas afirmações falsas que ele deu a oficiais da Casa Branca e que resultaram em sua saída no mês de fevereiro".
Dias depois da demissão de Flynn, Trump teria defendido seu ex-assessor durante uma conversa com James Comey, então chefe do FBI. Segundo Comey, que meses depois seria demitido por Trump, o presidente disse que Flynn era "um cara legal" e afirmou que esperava que o chefe do FBI 'deixasse isso para lá', em alusão às investigações contra seu ex-funcionário.
Discutiu sanções à Rússia com embaixador
Na conversa com Kislyak, Flynn falou sobre as sanções impostas por Barack Obama após a suposta ação do Kremlin para afetar as eleições. Ao ser questionado pelos investigadores, ele disse que não havia discutido as sanções; depois, recuou e afirmou que não se lembrava. Esse contato faz parte da investigação mais ampla sobre a influência russa nas eleições.
Dessa forma, Flynn prestou "falso testemunho em um assunto sob jurisdição de um setor do poder executivo do governo dos Estados Unidos", informou o departamento de Justiça. Fazer uma declaração falsa ao governo é crime, passível de cinco anos de prisão.
Ex-general de três estrelas que se aposentou em 2014 depois de ser obrigado a deixar a direção da Agência de Inteligência da Defesa, Flynn pediu para ter sua credencial de segurança prorrogada em janeiro de 2016. Como parte desse processo, preencheu e assinou um formulário SF-86. Este formulário o instruía a revelar suas viagens ao exterior, remuneração e contatos.
Ele também se referia ao estatuto de falsa declaração como parte de um certificado de que a informação era verdadeira e completa.
Depois de ver o formulário, o deputado democrata Elijah Cummings, de Maryland, relator da Comissão de Supervisão da Câmara, disse que Flynn havia ocultado uma viagem à Rússia e uma remuneração de cerca de US$ 65 mil pagos por russos.
Em fevereiro do ano passado, investigadores que revisaram o pedido de Flynn para renovar sua credencial de segurança o entrevistaram. Segundo uma carta deste mês de Cummings, documentos sugerem que Flynn declarou em falso naquela entrevista que empresas americanas haviam financiado sua visita a Moscou e que ele só teve "contato insubstancial" com estrangeiros, apesar de ter participado de um jantar com Vladimir Putin.
A equipe jurídica de Flynn disse que ele informou à Agência de Inteligência da Defesa sobre a viagem. O secretário de Justiça, Jeff Sessions, e Jared Kushner, o genro e assessor de Trump, também deixaram de mencionar encontros com autoridades russas em seus formulários SF-86.
(Com agências Reuters, AP e AFP)
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