Líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen pode ser presa e se tornar inelegível
A imprensa francesa discutiu nos jornais desta quinta-feira (14), a reviravolta nos acontecimentos do julgamento, que está se tornando cada vez mais difícil para o partido Reunião Nacional, o RN, com o passar dos dias, e que pode levar a líder da extrema direita do país e três vezes candidata à presidência, Marine Le Pen, a temer o pior. As exigências da promotoria no caso de desvio de fundos europeus pelo partido de extrema direita contra a política são pesadas: cinco anos de prisão, sendo dois em regime fechado, e cinco anos de inelegibilidade, além de multa.
O diário Le Parisien detalha que, na noite de quarta-feira, em Paris, após quase 12 horas de julgamento em tribunal, a promotoria pública solicitou que a sentença fosse executada imediatamente, mesmo em caso de recurso. Marine Le Pen foi "duplamente processada" e é considerada pela promotoria como o centro de um "sistema" de desvio de fundos públicos, foi condenada a cumprir cinco anos de prisão, uma multa de 300 mil euros, além de cinco anos de inelegibilidade, com execução provisória.
De forma mais ampla, o Ministério Público está buscando a condenação de todos os réus, incluindo o RN como pessoa jurídica, para o qual está pedindo uma multa de 4,3 milhões de euros, explica o Le Parisien.
As acusações expostas no tribunal são contra Marine Le Pen e 24 co-réus e de acordo com os promotores do caso advém de 'uma longa investigação judicial'. A promotoria pública afirma que o dinheiro do Parlamento Europeu foi "desviado por ordem, com a ajuda e em benefício do partido", enfatizando que os fatos mencionados são "sem precedentes em termos de escala e duração, mas também e principalmente em termos de sua natureza organizada, otimizada e sistêmica". O Parlamento Europeu estima o prejuízo total em 4,5 milhões de euros.
Perseguição política
Ao sair do tribunal, Marine Le Pen denunciou "um desejo do promotor público de privar o povo francês da capacidade de votar em quem quiser". Ela teria acrescentado ainda, segundo o jornal, que a intenção do Ministério Público era ter "Marine Le Pen excluída da vida política" e "poder arruinar o partido (RN)".
O jornal de esquerda Libération desta quinta-feira, destaca o possível impedimento de Marine Le Pen de se candidatar na próxima corrida para o Eliseu em 2027 e analisa as "várias semanas de audiências, a defesa angustiante dos réus destacou a natureza sistêmica da apropriação indevida de fundos europeus em benefício do FN (antiga sigla do RN), que estava sobrecarregado de dívidas na época".
Le Pen e seus partidários estão sendo julgados desde 30 de setembro. Segundo o Libération, o dinheiro desviado foi usado para financiar o crescimento do partido de extrema direita e a ascensão política de seus sucessivos líderes, que estavam vinculados a "um interesse pessoal direto e o enriquecimento pessoal deles mesmos e daqueles que lhes eram próximos. Mantendo um estilo de vida muito confortável, para o benefício da família Le Pen".
A publicação acusa, no entanto, que Marine Le Pen "sabe de tudo", mas o que ela tem a oferecer em sua defesa é a "ideia de perseguição política" e "conspiração", que pressupõe a cumplicidade do Ministério Público, de quatro juízes de instrução, de investigadores do Escritório Europeu Antifraude, do Escritório Central de Combate à Corrupção e aos Delitos Financeiros e Fiscais etc. De qualquer forma, Marine Le Pen avisou que, se ela e os demais réus forem condenados, será a RN que pagará as multas, ou seja, com dinheiro público, critica o Libération.
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