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Mãe de menino que comoveu após bullying é acusada de racismo e gera nova onda de debate nos EUA

Vídeo de Keaton viralizou após ele relatar que não tem amigos e que é perseguido - Reprodução
Vídeo de Keaton viralizou após ele relatar que não tem amigos e que é perseguido Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL

13/12/2017 14h51

Depois de viralizar nas redes sociais e despertar o apoio de estrelas do cinema, da música, do esporte e até ser convidado para assistir à estreia de "Vingadores: Guerra Infinita" no início de 2018, o caso de um menino norte-americano que fez um desabafo contra o bullying gerou controvérsia. O motivo: supostas postagens racistas da mãe do garoto.

O vídeo que rodou o mundo foi ao ar pela primeira vez na última sexta-feira (8). Aos prantos, Keaton Jones, 11, relata que não tem amigos e que é perseguido por colegas da escola em que estuda no Tennessee, sendo agredido tanto com ofensas como fisicamente – um dos estudantes teria jogado leite na cabeça do garoto, enquanto outro arremessava pão.

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“As pessoas que são diferentes não precisam de ser criticadas por isso. Não é culpa delas", diz o garoto, que acredita ser alvo das outras crianças por ter uma cicatriz na cabeça fruto de uma cirurgia. “Por que fazem bullying? Por que ser malvado com pessoas inocentes? Qual o sentido disso. Por quê?”, completa, antes de deixar uma mensagem para as pessoas que sofrem como ele. “Não deixe isso te atingir. É difícil, mas um dia isso vai melhorar”.

O vídeo foi postado no Facebook pela mãe do menino, Kimberly Jones, que na legenda escreveu: “só para deixar claro, Keaton me pediu para gravar esse vídeo depois que ele me pediu mais uma vez para buscá-lo na escola porque ele estava com medo de ir para o recreio”. Em poucos dias, compartilhada por famosos e anônimos, a cena já passou de 20 milhões de visualizações.

Só que o mesmo perfil, que levou ao mundo o drama do filho, colocou Kimberly no centro de uma nova polêmica: em ao menos duas fotos, ela aparecia com a família - Keaton inclusive - ao lado da bandeira dos Confederados, que na Guerra Civil dos Estados Unidos lutavam contra a abolição da escravatura e atualmente é associada ao racismo. As imagens começaram a repercutir na segunda-feira. Nesta terça, o perfil da mãe na rede social tornou-se privado.

“Não somos racistas. As pessoas que nos conhecem sabem”, afirmou Kimberly em participação no programa Good Morning America, do canal de TV "ABC News", na manhã desta terça. Ela confirma que a fotografia é real, mas tinha intenção de ser “irônica e divertida” e que agora está arrependida de ter publicado. “Se pudesse voltar atrás, voltaria”.

Kimberly Jonas, mãe de Keaton Jones, com a bandeira dos Confederados - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

A suspeita sobre a família aumentou ainda mais depois que o site "TMZ" publicou na manhã desta quarta-feira que o pai de Keaton Jones, Shawn White, fez em 2014 diversas postagens de cunho racista no seu Facebook, com memes que exaltam o “orgulho branco” e “o orgulho ariano”, além da frase “eu amo ser branco”. Em maio de 2015, segundo o veículo, ele foi preso por tentativa de lesão corporal qualificada e só deixará a cadeia em 2018.

A mãe ainda foi acusada de querer lucrar com a repercussão do caso. Na entrevista, ela confirma que criou uma campanha no site GoFundMe em combate ao bullying, mas que várias outras que citam seu nome são falsas. “Se querem me odiar, tudo bem. Mas conversem com seus filhos sobre esta epidemia que é o bullying”.

Acusação repercute entre famosos

O produtor cinematográfico Tariq Nasheed foi uma das primeiras celebridades a usar as redes sociais para levantar a suspeita envolvendo a mãe do menino que comoveu os Estados Unidos e logo muitos famosos voltaram a se pronunciar sobre o caso.

“Não podemos responsabilizar as crianças pelas ações de seus pais e famílias”, defenderam o cantor e compositor Parson James e o comediante Patton Oswalt, enquanto a atriz PatriciaArquette afirmou que Keaton e a mãe também deveriam pedir desculpas se espalhassem comentários racistas.

O também ator Nick Stevenson, que no último sábado havia feito um convite especial para o garoto ir assistir à sua peça, ressaltou: “Ainda sou #KeatonStrong, mas se isso que estou ouvindo sobre a mãe dele é verdade, sinto vergonha por você, senhora Kimberly. Racismo não”.

O cantorJohn Mayer também refletiu sobre o caso e afirmou que houve uma mudança em 48 horas para o que chamou de “área cinzenta”. “Obviamente, isso decorreu de algo incrivelmente bem-intencionado em todos nós, mas também é exemplo de como avaliamos/ indexamos/respondemos a situações e podemos nos afastar deste pensamento”.

"Descobrir que a família de Keaton apoia a bandeira da Confederação foi decepcionante para mim, como uma pessoa de cor, mas ainda sinto que essa criança, sim CRIANÇA, merece ser tratada com respeito e não deve sofrer bullying”, afirmou a atriz Nathalie Emmanuel, de Game of Thrones.

Surpresa com a reação

Chris Evans - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

"Continue forte, Keaton. Não deixem que te deixem uma pessoa fria. Prometo que fica melhor. Enquanto aqueles babacas da sua escola decidem que tipo de pessoas eles querem ser, que tal você e sua mãe virem para a première do "Avengers" ano que vem em Los Angeles?"

Ao lado da mãe no programa da ABC News nesta terça-feira, Keaton afirmou que “nunca imaginou” que seu desabafo tomaria a proporção que tomou. “Foi incrível. Fico sem palavras. A mensagem se tornou nacional. Muitos estão nos apoiando".

Entre os apoiadores de Keaton estão astros pop como Katy Perry, Demi Lovato e Justin Bieber e personalidades do esporte como LeBron James e Dana White. Todos usaram suas redes sociais para mandar mensagens de solidariedade ao garoto. Já Donald Trump Jr., filho do presidente, o convidou para visitar sua casa.

Mas ninguém empolgou tanto o menino de 11 anos quanto Chris Evans, ator famoso pelo papel de Capitão América. Além de manifestar apoio, ele o chamou para assistir à estreia de "Vingadores: Guerra Infinita" no início de 2018.

“Nossa. Ele sabe quem eu sou”, respondeu o garoto quando questionado pela "ABC News" sobre o convite. “Foi a celebridade com quem mais eu fiquei animado. Amo o Capitão América. Meu sonho desde menino era que o Capitão América soubesse quem eu sou”.