Em eleição tensa, catalães voltam às urnas após tentativa de independência
Uma sociedade catalã profundamente dividida decide nesta quinta-feira (21) se renova, ou não, sua confiança em políticos separatistas, em eleições regionais excepcionais convocadas após a destituição de seu Executivo que declarou independência da região. O ex-presidente Carles Puigdemont está na Bélgica, e parte de seu governo, preso.
Muitos esperam que a eleição resolva a pior crise enfrentada pela Espanha em décadas. Cinco milhões e meio de catalães são esperados nas urnas nessa eleição convocada pelo governo central de Mariano Rajoy.
Os dois partidos mais fortes são os separatistas da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cujo líder, Oriol Junqueras, está em prisão preventiva como suspeito de sedição e de rebelião; e o Ciudadanos, um partido favorável à unidade da Espanha.
Pesquisas levam a crer que nem separatistas nem o grupo pró-Estanha conquistarão maioria no Parlamento regional. O desfecho provável é uma eleição sem maioria e muitas semanas de disputas para formar um novo governo.
Nos atos de encerramento da campanha, na terça à noite, Puigdemont --candidato da plataforma separatista recém-criada Juntos pela Catalunha-- discursou, insistindo em que os únicos resultados aceitáveis são sua reeleição. Levantou dúvidas sobre sua reação a uma vitória de seu até agora sócio de governo, a ERC.
"Se ganhar as eleições e for empossado como presidente, entrarei no Palácio da Generalitat com todo governo legítimo", afirmou.
O resultado deve ser "que o presidente e o governo que foram interrompidos voltem. Qualquer outra coisa é uma derrota, não uma derrota por alguns anos, mas por décadas". "Estas não são eleições normais", avisou Puigdemont em videoconferência.
Fora do normal
"Se conseguirmos uma maioria, algo terá que ser feito. E se os políticos não o fizerem, o povo se unirá", disse Josep Sales, falando do quartel de bombeiros da cidade, onde muitos dos caminhões traziam o slogan 'Olá, Democracia'.
"Se tivermos que paralisar o país, que seja", disse Sales, de 45 anos, que pretende votar em Carles Puigdemont, o líder catalão destituído que está fazendo campanha eleitoral em seu exílio voluntário na Bélgica.
Paralisia na Catalunha
A incerteza provocada pela iniciativa separatista prejudicou a taxa de ocupação dos hotéis da região, diminuiu as vendas ao consumidor e induziu mais de 3 mil empresas a retirarem suas sedes da Catalunha.
A crise também dividiu a sociedade catalã entre aqueles que apóiam a independência e aqueles que preferem a união com a Espanha.
"Todos estão ansiosos pela eleição e para ver no que ela vai dar, porque nada está claro no momento", disse Maria Gonzalez, professora de flamenco de 34 anos que mora em Cerdanyola del Valles, um subúrbio industrial de Barcelona.
"O sentimento nas ruas não é agradável", opinou Maria, filha de migrantes de outras partes do país que se mudou para a Catalunha décadas atrás e que planeja votar pelo partido pró-união Ciudadanos.
"Há uma tensão oculta".
(Com informações da Reuters e da AFP)
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