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Em comunicado, Coreias se comprometem em reduzir tensão militar e buscar reconciliação

Coreia: uma península dividida em dois; entenda

AFP

Do UOL, em São Paulo

09/01/2018 11h11

As Coreias do Norte e do Sul concordaram nesta terça-feira (9) em colaborar para buscar a reconciliação entre os países e reduzir a tensão militar na península, segundo um comunicado conjunto divulgado após a reunião entre seus representantes.

"O Sul e o Norte concordaram em colaborar para facilitar a reconciliação e a unidade por meio da redução da tensão militar e estabelecer um ambiente pacífico", diz a nota, acrescentando que os países "concordaram em reduzir as tensões militares e realizar conversas para resolver a questão".

O comunicado ainda ressalta que os dois países irão liderar as negociações para resolver "todas as questões" relacionadas às relações entre as Coreias.

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Mais cedo, o vice-ministro sul-coreano da Unificação, Chun Hae-Sung, já havia divulgado detalhes sobre a resolução da reunião.

A Coreia do Norte disse que enviará uma delegação de representantes do seu governo aos Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados em fevereiro no condado sul-coreano de PyeongChang.

Os países também acertaram restaurar uma de suas linhas telefônicas. Trata-se da linha destinada a comunicações militares na região em torno do Mar Amarelo (chamado de Mar do Oeste nas duas Coreias) e que, da mesma forma que as demais vias de comunicação entre os dois países, permanecia inutilizada há quase dois anos por decisão do Norte. "Nosso lado decidiu começar a utilizar a linha telefônica militar a partir de amanhã, às 8h (horário local)", afirmou Chun.

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Por sua vez, Seul propôs a realização em meados de fevereiro, coincidindo com as festividades do ano novo lunar, uma reunião de famílias coreanas separadas desde a guerra entre os dois países, entre 1950 e 1953, mas ainda não há confirmação oficial desse encontro.

Apesar do diálogo, também houve discordâncias na reunião, segundo a CNN. A Coreia do Sul ressaltou a necessidade de desnuclearização da península, o que teria irritado Ri Son-Gwon, chefe da delegação norte-coreana - o programa nuclear, uma das principais bandeiras do regime de Kim Jong-un, é constantemente utilizado para ameaçar Seul e os Estados Unidos.

Primeira reunião desde 2015

As reuniões de alto nível desta terça foram as primeiras entre os países em dois anos. Elas aconteceram em Panmunjom, a cidade da Zona Desmilitarizada (DMZ) e o tradicional ponto de contato de sua fronteira comum.

A equipe enviada pelo Norte atravessou a pé a linha de demarcação militar até a Casa da Paz, no lado sul.

O ministro sul-corano da Unificação, Cho Myoung-Gyon, e o líder da delegação norte-coreana, Ri Son-Gwon, apertaram as mãos na entrada do prédio.

Além de enviar a delegação de representantes do governo, a Coreia do Norte informou sua intenção de enviar aos Jogos Olímpicos uma equipe de animadores e outra de taekwondo que realizaria exibições durante o evento, embora em nenhum momento mencionou o envio de atletas para competir.

Os patinadores artísticos Ryom Tae-ok e Kim Ju-ik são os dois únicos atletas norte-coreanos classificados para os Jogos de PyeongChang, embora o Comitê Olímpico Internacional (COI) tenha ressaltado que outros poderiam competir através de um convite, desde que o regime permita a viagem deles.

A Coreia do Sul propôs na primeira rodada das conversas que atletas dos dois países desfilem sob uma bandeira comum nas cerimônias de abertura e encerramento, como já foi feito nas edições anteriores dos Jogos de Verão e Inverno, mas por enquanto, o Norte optou por não aceitar esta proposta.

A participação da Coreia do Norte nos Jogos e os diálogos com Seul podem rebaixar a tensão regional após um ano marcado pelos seguidos testes de armas norte-coreanas e a retórica beligerante entre Kim Jong-un e Donald Trump.