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Proibidos na Casa Branca, celulares são vistos com desconfiança nas sedes do poder

Público usa celular durante evento na Casa Branca, Washington DC - Luke Sharrett/The New York Times
Público usa celular durante evento na Casa Branca, Washington DC Imagem: Luke Sharrett/The New York Times

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/01/2018 14h15

A Casa Branca começa a proibir o uso de celulares na Ala Oeste, onde fica o gabinete presidencial americano, nesta terça-feira (16). Funcionários e convidados só poderão usar aparelhos eletrônicos autorizados ou fornecidos pelo governo.

A partir de agora, servidores e visitantes só poderão entrar no setor, onde fica o gabinete de Donald Trump e seus principais assessores, com aparelhos eletrônicos autorizados. Celulares pessoais estão banidos das 6h às 18h de segunda a sexta, mesmo desligados.

"A segurança e a integridade dos sistemas de tecnologia na Casa Branca é uma prioridade para a administração Trump", disse a secretária de imprensa do governo Trump, Sarah Sanders, durante o anúncio, no dia 4 de janeiro.

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O presidente dos EUA Donald Trump na Casa Branca
Imagem: Mandel Ngan/ AFP

Irritado com vazamentos

A administração Trump vem pensando em uma estratégia para controlar o uso de aparelhos eletrônicos desde que o republicano assumiu o cargo, em janeiro de 2017.
Um mês depois de tomar posse, funcionários da Casa Branca já relatavam o incômodo de Trump com o vazamento de informações passadas em reuniões na sede do governo. Em um dos episódios, foram divulgadas gravações telefônicas do presidente americano para outros líderes mundiais, o que teria irritado Trump.

De acordo com a rede americana CNN, os funcionários da Casa Branca não estão satisfeitos com a medida. A reportagem aponta ainda que o motivo da decisão seria mesmo o incômodo da administração com vazamentos.

O governo, por sua vez, alega que a medida se dá para evitar o fornecimento de "informações confidenciais para acesso e disseminação não autorizados".

Outros países

Os Estados Unidos não são o primeiro país a criar restrições para o uso de celulares na sede de governo. No vizinho México, por exemplo, aparelhos pessoais também são vetados em algumas áreas e salas do Palácio Nacional, segundo informou a embaixada mexicana ao UOL.

A atual administração de Enrique Peña Nieto, no poder desde 2012, também proibiu as visitas guiadas ao local.

Outros países são mais flexíveis. O Palácio de La Moncloa, sede do governo espanhol, não tem uma política específica de proibição de aparelhos celulares. Segundo a Embaixada da Espanha no Brasil, a equipe de segurança do presidente Mariano Rajoy pode “impor restrições em algum momento por algum motivo especial”, mas não na atividade diária.

Palácio do Planalto - Repreodução - Repreodução
Palácio do Planalto, em Brasília
Imagem: Repreodução

Como é no Brasil

O Palácio do Planalto segue uma orientação semelhante à do governo espanhol, sem uma restrição específica para o uso de celulares e aparelhos eletrônicos por parte de servidores e visitantes.

"A utilização do celular em cada repartição ao longo do expediente e durante audiências/reuniões é disciplinada pelas medidas de segurança orgânica pré-estabelecidas pelos Órgãos da Presidência da República", disse a assessoria do governo, por meio de nota enviada ao UOL.

No Brasil, é mais comum que servidores públicos sejam impedidos de usarem o celular durante o expediente por motivos de produtividade do que de segurança.
Na semana passada, a prefeitura de Divinópolis, no interior de Minas Gerias, proibiu seus funcionários de usarem aparelhos eletrônicos ou acessarem as redes sociais durante o serviço. O objetivo é dar mais "celeridade no atendimento ao cidadão".

Passo semelhante já ocorreu em Rio Claro, no interior de São Paulo, em outubro de 2017, quando a prefeitura proibiu o uso de aparelhos aos profissionais de saúde sob o mesmo pretexto.