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Putin condena ataque na Síria e pede reunião de emergência da ONU

Do UOL, em São Paulo

14/04/2018 08h28

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou o ataque com mísseis liderado pelos Estados Unidos contra a Síria e pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, disse o Kremlin neste sábado.

Putin disse que as ações dos EUA na Síria pioraram a catástrofe humanitária e causaram dor aos civis, além de prejudicar as relações internacionais.

O Conselho de Segurança da ONU se reúne na tarde deste sábado. 

Forças dos Estados Unidos, França e Reino Unido realizaram na noite desta sexta-feira (13) ataques aéreos contra a Síria, em resposta a um suposto ataque com gás venenoso que matou dezenas de pessoas na semana passada, na maior intervenção de potências ocidentais contra o presidente sírio, Bashar al-Assad.

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Neste sábado, a Presidência da Síria publicou, em sua conta oficial no Twitter, um vídeo de dez segundos que mostra o presidente sírio entrando em seu gabinete, com a legenda 'manhã de perseverança'.

Bashar al-Assad disse a seu colega iraniano, Hassan Rouhani, que um ataque liderado pelos Estados Unidos aumentará a determinação da Síria de "combater e acabar com o terrorismo em cada centímetro" do país, relatou a Presidência síria.

Rouhani disse a Assad que o Irã continuará a apoiar a Síria, "expressando sua confiança de que essa agressão não enfraquecerá a determinação do povo sírio em sua guerra contra o terrorismo". 

Trump diz estar preparado

O anúncio do ataque foi feito na noite da véspera pelo presidente Donald Trump, em um comunicado oficial dirigido à nação, feito da Casa Branca. Durante a transmissão do discurso, agências de notícias publicaram que explosões já eram ouvidas em Damasco. 

Trump disse estar preparado para manter a resposta até o governo de Assad parar com a utilização de armas químicas.

Os ataques representam a maior intervenção de potências ocidentais contra Assad na guerra civil síria, de sete anos, e colocam os EUA e seus aliados contra a Rússia, que interveio na guerra para apoiar Assad em 2015.

"Pouco tempo atrás, eu ordenei às Forças Armadas dos Estados Unidos que lançassem ataques precisos em alvos associados ao poderio de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad", disse Trump em pronunciamento televisionado da Casa Branca.

Falando de Assad e de seu suposto papel no ataque com armas químicas na semana passada, Trump disse: "Essas não são as ações de um homem. São crimes de um monstro".

Alvos múltiplos

Uma autoridade dos EUA disse à agência Reuters que os ataques tinham alvos múltiplos e envolviam mísseis de cruzeiro Tomahawk.

Ao menos seis fortes explosões foram ouvidas em Damasco nas primeiras horas de sábado e fumaça foi vista sobre a capital síria, disse uma testemunha da Reuters. Uma segunda testemunha disse que o distrito de Barzah foi atingido pelos ataques. Barzah abriga um grande centro de pesquisa científico sírio.

Em um briefing no Pentágono, o chefe do Estado-Maior, general Joseph Dunford, disse que entre os alvos estão um centro de pesquisas sírio e uma unidade de armazenamento de armas químicas.

Uma segunda autoridade norte-americana disse que os alvos estão sendo cuidadosamente selecionados com o objetivo de prejudicar a capacidade de Assad de conduzir novos ataques a gás, além de evitar o risco de agente venenoso se espalhar para outras áreas civis.

"A proposta de nossa ação nesta noite é impedir fortemente a produção, disseminação e uso de armas químicas", disse Trump.

Locais evacuados

Segundo um alto funcionário de uma aliança regional que apoia Damasco, o governo sírio e seus aliados se anteciparam a um ataque e os locais alvo foram evacuados dias atrás graças a um alerta da Rússia. 

"Nós amortecemos o ataque", disse a autoridade à agência de notícias Reuters. "Tivemos um alerta prévio dos ataques feito pelos russos... E todas as bases militares foram evacuadas há poucos dias", disse a autoridade. Cerca de 30 mísseis foram disparados no ataque, e um terço deles foi abatido, disse o oficial. "Estamos realizando uma avaliação dos danos materiais", acrescentou o aliado.

Críticas dos EUA 

O presidente dos EUA, que tentou criar boas relações com o presidente russo, Vladimir Putin, expressou palavras críticas tanto à Rússia quanto ao Irã, que têm apoiado o governo de Assad.

"Ao Irã e à Rússia, eu pergunto, que tipo de países querem estar associados ao assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?", disse Trump.

7.abr.2018 - Voluntários limpam corpo de homem após o suposto ataque químico em Douma, perto de Damasco, atribuído ao governo da Síria - AFP PHOTO / HO / DOUMA CITY COODINATION COMMITTEE - AFP PHOTO / HO / DOUMA CITY COODINATION COMMITTEE
Voluntários limpam corpo de homem após o suposto ataque químico em Duma
Imagem: AFP PHOTO / HO / DOUMA CITY COODINATION COMMITTEE

A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que autorizou as Forças Armadas britânicas a “realizar ataques coordenados e direcionados para degradar a capacidade de armas químicas do regime sírio”. Ela descreveu como um “ataque limitado e direcionado” visando reduzir a ocorrência de vítimas civis.

A ação militar não é sobre intervir na guerra civil da Síria ou mudar seu governo, disse ela.

Não ficou claro de imediato a extensão dos ataques. Autoridades norte-americanas haviam dito anteriormente que Trump havia pressionado por um ataque mais agressivo do que seus chefes militares haviam recomendado.

O secretário de Defesa dos EUA, Jim Matt, e outros líderes militares alertaram que quanto maior o ataque, maior o risco de um confronto com a Rússia, disseram dois funcionários dos EUA.

Trump deixou claro em seu discurso televisivo de oito minutos que é cauteloso quanto a um envolvimento mais profundo na Síria, onde cerca de 2.000 soldados dos EUA foram mobilizados para combater o Estado Islâmico.
"A América não procura uma presença indefinida na Síria", disse ele.

Os ataques aéreos, no entanto, correm o risco de arrastar os Estados Unidos ainda mais para a guerra civil da Síria, particularmente se a Rússia, o Irã e o Assad optarem por retaliar.

(Com agências)