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Polícia usa gás lacrimogêneo e canhões de água contra protesto em Paris

Manifestantes do "colete amarelo" resistem a jatos de água - Lucas BARIOULET / AFP
Manifestantes do "colete amarelo" resistem a jatos de água Imagem: Lucas BARIOULET / AFP

Do UOL*, em São Paulo

24/11/2018 09h25

A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra "manifestantes do colete amarelo" no centro de Paris neste sábado (24). As manifestações foram provocadas por um aumento no imposto sobre o diesel, justificado pelo governo como um "imposto antipoluição", mas que se transformou em uma ampla frente de oposição ao presidente francês, Emmanuel Macron.

Milhares de pessoas se reuniram na manhã de hoje na famosa Champs-Elysees, onde entraram em confronto com a polícia, que tentava impedi-los de se deslocarem para a Place de la Concorde, perto do museu do Louvre.

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A polícia disse que os manifestantes tentaram romper um cordão de isolamento, mas foram impedidos com gás lacrimogêneo. "Acabamos de nos manifestar pacificamente, mas fomos atacados por gás", disse Christophe, 49 anos, que viajou da região de Isère, no leste da França, com a esposa para protestar na capital. "É assim que somos recebidos em Paris."

Um manifestante vestindo colete amarelo, símbolo do protesto, em manifestação contra os preços dos combustíveis - REUTERS/Benoit Tessier - REUTERS/Benoit Tessier
Um manifestante vestindo colete amarelo, símbolo do protesto, em manifestação contra os preços dos combustíveis
Imagem: REUTERS/Benoit Tessier
Em resposta, os manifestantes, que usam coletes amarelos, foram vistos arrancando pedras de pavimentação e construindo barricadas com elas.

As autoridades policiais disseram que os incidentes de hoje estão ligados à "presença de membros da extrema-direita que assediaram as forças de segurança".

Semana passada

Manifestante ferido olha em direção ao Champs Elysees, em Paris - Lucas BARIOULET/AFP - Lucas BARIOULET/AFP
Manifestante ferido olha em direção ao Champs Elysees, em Paris
Imagem: Lucas BARIOULET/AFP
Cerca de 300 mil pessoas bloquearam estradas, empresas e depósitos de combustível em protesto na semana passada. Manifestações menores continuaram nesta semana, com cerca de 5 mil pessoas vestindo as jaquetas fluorescentes.

Desde o aumento no imposto sobre o diesel, os protestos se transformaram em oposição explícita ao centrista Macron.

"Espero que haja uma verdadeira maré amarela", disse nesta semana um dos líderes do movimento, o político de direita Frank Buhler, enquanto pedia aos partidários que chegassem a Paris.

Manifestante atira objeto contra policiais em protesto em Paris - Lucas BARIOULET/AFP - Lucas BARIOULET/AFP
Manifestante atira objeto contra policiais em protesto em Paris
Imagem: Lucas BARIOULET/AFP

Aprovação popular

Uma pesquisa do instituto BVA mostrou que 72% dos franceses se identificam com as reivindicações dos "coletes amarelos".

O preço elevado da gasolina, impostos excessivos, pensões e aposentadorias insuficientes: as reivindicações do movimento convergem para a perda de poder aquisitivo.

Os "coletes amarelos" representam um verdadeiro desafio para Macron que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para "transformar" a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isto para "manter o rumo a favor da transição ecológica".

De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes para evitar o risco de uma "fratura" social.

A convocação do "segundo ato" da mobilização foi feita nas redes sociais, principal plataforma de comunicação dos manifestantes.

Com o perfil ambíguo do movimento, as autoridades desejam evitar os confrontos registrados na primeira semana de protestos (dois mortos, 620 civis e 136 membros das forças de segurança feridos), com uma grande mobilização policial.

As autoridades temem em particular a infiltração entre os manifestantes de "redes violentas de extrema-direita e extrema-esquerda".

Mais de 35.000 pessoas responderam no Facebook à convocação para um protesto na Place de la Concorde em Paris, mas esta manifestação foi proibida por sua proximidade com o palácio presidencial do Eliseu e da embaixada dos Estados Unidos.

As autoridades proibiram eventos ao redor do palácio presidencial, da Concorde, da Assembleia Nacional e do hotel Matignon, que abriga o escritório do primeiro-ministro.

Manifestações foram autorizadas no Campo de Marte, perto da Torre Eiffel, mas o movimento dos "coletes amarelos" não aceitou a ideia, por considerar que ficara "preso em um parque".

*Com AFP