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Sobe para 73 o nº mortos em explosão no México; famílias apontam omissão

Mulher divulga lista de nomes de pessoas feridas na explosão de um oleoduto no México, em hospital da cidade de Tlahuelilpan - Henry Romero/Reuters
Mulher divulga lista de nomes de pessoas feridas na explosão de um oleoduto no México, em hospital da cidade de Tlahuelilpan Imagem: Henry Romero/Reuters

Do UOL, em São Paulo

20/01/2019 00h06

Subiu para 73 o número de mortos na explosão de um oleoduto em Tlahuelilpan, no estado de Hidalgo, na região central do México, na sexta-feira (18). A informação foi dada pelo governador Omar Fayad em entrevista à imprensa na tarde deste sábado (19).

Acompanhado do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, Fayad explicou que o saldo aumentou após as equipes de resgate terem encontrado mais corpos de vítimas perto do oleoduto e também devido à morte de pessoas feridas que haviam sido levadas para hospitais da região.

A explosão ocorreu durante a noite, depois que traficantes de combustível perfuraram um duto e cerca de 700 pessoas se lançaram para furtar gasolina. O incêndio subsequente foi extinto pouco antes da meia-noite de sábado.

Imagens de TV mostraram pessoas fugindo, apavoradas, após a explosão, e algumas saíam de meio da fumaça praticamente nuas, com as queimaduras visíveis.

Denúncia de omissão

Neste sábado, familiares de vítimas denunciaram uma possível omissão do Exército em evitar a tragédia e criticaram o trabalho das autoridades locais na identificação dos corpos depois que as chamas foram controladas pelos bombeiros.

Silvia Trejo, moradora do município de Tlahuelilpan, disse à Agência Efe que um grupo de militares observou, sem intervir, várias pessoas com galões e baldes nas mãos tentando pegar o combustível que vazou do oleoduto pouco antes da explosão.

"Eles deveriam ter detido a multidão quando as pessoas começaram a chegar. Era o trabalho deles", avaliou Silvia, que, quando da entrevista, ainda aguardava notícias de seu sobrinho, que estava no local na hora da explosão.

Outra moradora da cidade, Guadalupe López, também sem notícias de um parente, disse que "havia só três carros do Exército e eles não faziam nada. Deixavam que as pessoas entrassem, não havia um plano de contingência para impedir que eles passassem".

O titular da Secretaria de Defesa Nacional (Sedena), Luis Cresencio, ressaltou em entrevista coletiva que os militares tentaram convencer os moradores a não se aproximar do oleoduto. No entanto, segundo ele, algumas pessoas "fizeram pouco caso" em relação ao alerta ou "se tornaram agressivas".

Além da crítica à atuação dos militares, vários familiares que acompanharam o trabalho do Corpo de Bombeiros depois da explosão revelaram que um grupo de escavadeiras chegou ao local pouco depois de o fogo ser controlado e jogou terra sobre os corpos das vítimas.

Isso enfureceu os presentes, que tentaram protestar para impedir a ação que atrapalharia a identificação dos corpos. Eles acabaram entrando em conflito com as autoridades no local.

"O vazamento estava lá, chegaram máquinas para tapar a fundação, mas as pessoas se opuseram porque acreditávamos que ainda havia corpos ali", contou López em entrevista à Efe.

"Havia pessoas lá e enterraram-nas", garantiu Alfredo Guillermo Sierra, outra das testemunhas.

A situação voltou a se repetir na manhã deste sábado, segundo familiares ouvidos pela agência. No entanto, desta vez, eles conseguiram impedir o trabalho das escavadeiras.

Problema sem solução

A explosão ocorreu em um momento em que o novo governo do México tenta conter o roubo indiscriminado de combustível dos oleodutos que pertencem à empresa estatal Pemex.

Desde que chegou ao poder em dezembro, o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, determinou que a companhia passasse a usar caminhões-tanque na distribuição da gasolina pelo território nacional e ordenou que houvesse uma maior vigilância sobre os oleodutos.

No entanto, o reforço no número de agentes não foi capaz de evitar a tragédia ocorrida na noite de sexta-feira.

"Muitas pessoas vieram com seus garrafões por causa da escassez de gasolina", afirmou Martín Trejo, um morador de 55 anos, que atribui o que aconteceu à estratégia nacional para evitar o roubo.

Com agências Efe e AFP