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Maduro diz que não abre mão do poder, mas está disposto para o 'diálogo'

O deputado oposicionista Juan Guaidó e o ditador venezuelano Nicolás Maduro: ambos se declaram presidentes da Venezuela - Arte/UOL
O deputado oposicionista Juan Guaidó e o ditador venezuelano Nicolás Maduro: ambos se declaram presidentes da Venezuela Imagem: Arte/UOL

Bruno Aragaki

Do UOL, em São Paulo*

24/01/2019 21h16

No primeiro sinal de inflexão desde que Juan Guaidó se proclamou presidente interino na Venezuela, Nicolás Maduro anunciou nesta quinta-feira (24) estar "pronto para o diálogo, para o entendimento, para a negociação e para o acordo".

O ditador reiterou que não abrirá mão do poder, mas ensaia concessões, depois de México e Uruguai terem proposto ajudar no impasse político venezuelano. A postura de mediador na América do Sul, tradicionalmente, era protagonizada pelo Brasil -- que se juntou aos EUA e a Colômbia e declararam Maduro ilegítimo e reconheceram o opositor como presidente.

"O governo do México e o governo do Uruguai propuseram que se crie uma iniciativa internacional para promover um diálogo das partes na Venezuela para buscar uma negociação, para buscar um acordo de paz nacional. Eu, ao governo do México e do Uruguai, digo publicamente: estou de acordo com uma iniciativa diplomática para o diálogo nacional em Venezuela", afirmou Maduro.

Socorro

Socorrido pelas Forças Armadas e pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e com o apoio externo de Rússia, Turquia e China, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (24) que não abrirá mão do poder.   

Na sede do TSJ e garantiu que "nunca vai renunciar".   

"Continuaremos a governar com o apoio cívico e militar do povo", declarou, definindo os membros do governo paralelo como "palhaços". Em grave crise política, social e econômica há vários anos, a Venezuela tem agora dois presidentes (Maduro e Guaidó), dois poderes Legislativos (a Assembleia Nacional e a chavista Assembleia Constituinte) e duas supremas cortes (o TSJ de Caracas e o TSJ no exílio).   

Acuado pela onda de reconhecimento internacional a seu adversário, Maduro buscou apoio na principal base de sustentação de seu regime: os militares. Em comunicado, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, expressou "adesão total" das Forças Armadas à "Constituição" e o "reconhecimento de Nicolás Maduro como legítimo presidente do país".   

Além disso, acusou "setores da extrema direita de tentarem fraturar e dividir" a Venezuela e denunciou "atos de ingerência de potências estrangeiras". "O governo americano, junto com outros da região e de funcionários de organismos multilaterais, está desenvolvendo o projeto bem conhecido de acabar com ações progressistas incômodas", disse López.   

O TSJ, por sua vez, exigiu que a Assembleia Nacional coloque fim à "falta de respeito" com a Constituição e afirmou que o país é alvo de um "golpe de Estado com intervenção estrangeira".   

Maduro, que participou da cerimônia de abertura dos trabalhos do tribunal em 2019, reiterou que diplomatas dos EUA devem deixar o país até domingo (27) - Washington não reconhece a autoridade do presidente para dar essa ordem e ameaçou reagir caso haja alguma ação contra seus funcionários.   

Por outro lado, Maduro defendeu a proposta de diálogo feita por México e Uruguai, que não reconheceram Guaidó. "Queremos utilizar os instrumentos da democracia. Outros operam tentando golpes de Estado", acrescentou.   

Até o momento, os EUA e 11 países do Grupo de Lima se colocaram do lado de Guaidó, além do Equador, da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Reino Unido, da França e da Albânia.   

Uruguai e México, por sua vez, evitaram tomar lado e pediram diálogo.   

Já Bolívia, Cuba, Nicarágua, China, Irã, Rússia, Síria e Turquia apoiaram Maduro. Segundo a ONG local Observatório de Conflitos, os protestos de rua contra e a favor do líder chavista já deixaram um saldo de 26 mortos.

Com ANSA, AFP e EFE