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Israel: Bolsonaro mudará embaixada muito antes de fim do mandato, diz filho

Marcela Leite

Do UOL, em São Paulo

01/04/2019 18h45

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou nesta noite que o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), mudará a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém "muito antes do final de seu mandato".

Ontem, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial sem "status diplomático" em Jerusalém - cidade disputada por israelenses e palestinos. A medida frustrou o anfitrião em Israel, o premiê Binyamin Netanyahu, a quem Bolsonaro havia prometido a mudança.

O recuo de Bolsonaro -- ou o adiamento, segundo a narrativa de Eduardo Bolsonaro de agora -- é também um gesto para tentar apaziguar os países árabes, que estão entre os maiores compradores de carne de frango do Brasil.

Por outro lado, não reconhecer Jerusalém como capital de Israel decepciona setores evangélicos no Brasil.

"Está tudo tranquilo, podem ter certeza. O casamento está marcado", afirmou Jair Bolsonaro hoje cedo sobre a transferência.

Panos quentes

A confirmação de Eduardo Bolsonaro, que atua como uma espécie de chanceler paralelo para Jair Bolsonaro, destoa do discurso de outros integrantes do governo até o momento sobre a questão israelense.

"Não tem nada a ver com diplomacia", disse o vice-presidente, general Hamilton Mourão, mais cedo sobre o escritório anunciado em Jerusalém.

Ontem, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que o escritório não tem status diplomático e que "não há nesse aspecto o reconhecimento de Jerusalém como capital". "O nosso presidente continua avaliando esta possibilidade, mas, mas neste momento, não foi isso que nós decidimos", disse.

Em nota enviada à imprensa ontem, o Itamaraty explicou que o escritório será coordenado pelo ministério das Relações Exteriores e tem como objetivo "a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação" - excluindo daí a representação diplomática.