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Tenho a certeza de que jamais ofendemos países árabes, diz Ernesto Araújo

Talita Marchao*

Do UOL, em São Paulo

04/04/2019 14h34Atualizada em 04/04/2019 15h59

Em audiência no Senado hoje, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que é o responsável pelo comando da política externa do Itamaraty e que tem a certeza de que o Brasil jamais ofendeu os países árabes. O chanceler voltou de Israel na noite de ontem e, durante a visita, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), anunciou a criação de um escritório de negócios em Jerusalém.

"Tenho a certeza de que jamais ofendi países árabes ou qualquer país. Não onde poderia estar essa ofensa. Pelo contrário, neste curto período, já tive oportunidade de falar com vários ministros de países árabes, por exemplo com o ministro de Exterior da Arábia Saudita. Combinamos de trocar visitas para aumentar o relacionamento", disse Araújo na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado.

"Falei também com o ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, e nenhum deles jamais deu a entender que as nossas ações pudessem estar ofendendo os países árabes. Não acho que estejamos trazendo qualquer prejuízo ao agronegócio ou qualquer outro setor, já que as pretensas ofensas não existem", afirmou.

Durante a audiência, Araújo foi perguntado se a diplomacia atual não atrapalha o agronegócio brasileiro. "Essa ideia de que nossa política externa causa prejuízo ao agronegócio tem sido propalada e até agora não se materializou de forma nenhuma. Tenho certeza de que não se materializará".

Araújo afirmou ainda que, por meio do contato com o chanceler dos Emirados Árabes Unidos, os dois países tentarão desenvolver mecanismos para melhor utilizar o "hub [polo de transporte] de distribuição excepcional que eles possuem para melhor acesso ao mercado da Índia de produtos alimentícios".

A viagem de Bolsonaro a Israel e a aproximação com o governo israelense causou desconforto com os países árabes. Embaixadores árabes e islâmicos no Brasil tentam se reunir com o presidente Bolsonaro --o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, chegou a ser recebido pelo secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Otávio Brandelli.

Autoridades palestinas convidaram Bolsonaro para visitar os territórios durante a passagem por Israel, mas Bolsonaro esteve somente em Jerusalém --visitou o Muro das Lamentações, considerado sagrado pelos judeus e localizado em área reivindicada pelos palestinos, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,

No Senado, o ministro declarou que o Itamaraty planeja uma viagem de Bolsonaro por países árabes considerados chave na região ainda no primeiro semestre deste ano. "Temos um contato especial com os Emirados Árabes", destacou.

O presidente deve participar da próxima cúpula do G20, o grupo de países ricos e em desenvolvimento, que será realizado no Japão no fim do mês de junho.

Perguntado sobre de onde vem a política do Itamaraty, Araújo respondeu de forma tímida: "Quem comanda a política externa do Itamaraty sou eu. Esta é a pergunta mais fácil que me fizeram hoje", disse.

Araújo: Quem comanda a política externa sou eu

UOL Notícias

*Com reportagem de Mirthyani Bezerra, em São Paulo