Com García, Peru tem seus últimos 5 ex-presidentes acusados de corrupção
Além do ex-presidente Alan García, que cometeu suicídio hoje antes de ser preso em meio às investigações envolvendo a construtora brasileira Odebrecht no país vizinho, o Peru tem outros quatro presidentes eleitos envolvidos em casos de corrupção --três deles nas investigações da Odebrecht. Um deles, Alejandro Toledo, é considerado foragido. Fujimori cumpre pena por crimes contra a humanidade, mas também foi acusado e condenado por corrupção.
Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018)
PPK, como é conhecido o ex-presidente, foi preso na semana passada por dez dias por risco de fuga e obstrução da Justiça. Kuczynski, ex-banqueiro em Wall Street, é investigado por lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrecht --ele teria recebido repasses de mais de US$ 780 mil da construtora brasileira enquanto era ministro da Economia e primeiro-ministro peruano, ambos os cargos no governo ex-presidente Alejandro Toledo.
O ex-presidente, que renunciou devido às investigações, afirma que o dinheiro foi pagamento legítimo por serviços de consultora prestados por ele. A Odebrecht, entretanto, diz que pagou subornos em dez países latino-americanos por contratos de obras estatais. No caso de PPK, as obras seriam a rodovia interoceânica Peru-Brasil e o projeto de irrigação hidroenergética Olmos, no norte de Peru.
Além disso, Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, disse em depoimento no Brasil que a empresa deu US$ 300 mil dólares para a campanha presidencial de Kuczynski de 2016, valor não declarado em sua prestação de contas. Ele sofreu duas tentativas de impeachment --escapou da primeira ao indultar o ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão.
Ollanta Humala (2011-2016)
Humala, tenente-coronel da reserva, e sua mulher, Nadine Heredia, permaneceram presos por nove meses por suspeita de receberem US$ 3 milhões em propina da construtora durante a campanha presidencial. Segundo Marcelo Odebrecht, a empresa fez o pagamento a pedido do PT (Partido dos Trabalhadores). A mesma informação foi dada pelo ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata.
O ex-presidente peruano também é acusado de imparcialidade em favor da Odebrecht e da construtura OAS em licitações para o Centro de Convenções de Lima, o Gasoduto Sul Peruano e o projeto de irrigação de Olmos.
Alan García (1985-1990 e 2006-2011)
O ex-presidente morto hoje teve a prisão decretada por dez dias pela mesma razão de PPK: risco de fuga e obstrução da Justiça. Ele é investigado por supostos subornos pagos pela empresa brasileira Odebrecht para obter um contrato de construção para a linha 1 do metrô de Lima durante seu segundo mandato. García ainda era investigado por ter recebido US$ 100 mil da Odebrecht por uma palestra em São Paulo em 2012. Ele tentou ainda conseguir asilo político no Uruguai, mas o pedido foi negado pelo governo de Montevidéu.
Alejandro Toledo (2001-2006)
Toledo é considerado foragido --fugiu para os EUA, onde enfrenta um pedido de extradição. A Odebrecht afirma que pagou US$ 20 milhões a Toledo pela licitação de trechos da rodovia interoceânica Peru-Brasil. A construção da rodovia continuou no governo de Alan García até dezembro de 2010.
Alberto Fujimori (1990-2000)
Fujimori está preso, mas não tem ligação com a Lava Jato peruana. Primeiro, foi condenado, em 2009, a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade por dois massacres promovidos pelo Exército peruano no começo da década de 90. Meses depois, foi condenado outra vez por corrupção --apropriação de recursos públicos e outros crimes de corrupção, como subornar legisladores de oposição para garantir maioria no Congresso, comprar com dinheiro público um canal de televisão e a linha editorial de um jornal local.
Fujimori chegou a receber o indulto de PPK em uma negociação para evitar o impeachment de Kuczynski. Mas a medida foi revogada este ano e ele voltou para a prisão.
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