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Governo descarta intervir na Venezuela e vê Guaidó 'fraco militarmente'

Hanrrikson de Andrade e Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

30/04/2019 14h01Atualizada em 30/04/2019 15h44

O governo brasileiro descarta intervir no conflito venezuelano, disse nesta tarde o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

O general disse também ter a sensação de que o lado de Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, é "fraco militarmente", em referência ao intento do líder oposicionista de derrubar o regime de Nicolás Maduro. Os dois lados afirmam ter apoio das forças armadas venezuelanas.

Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), Heleno disse acreditar que o alto escalão militar do país vizinho segue fiel a Maduro. Em tese, isso inviabilizaria a tomada de poder. A saída de Maduro é defendida pelo governo brasileiro.

Heleno disse que o Brasil tem um adido militar e agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Venezuela. "Nós sabemos informações por agentes oficiais do Brasil lá", afirmou.

De acordo com o ministro, há demonstrações claras de que a cúpula militar é favorável à permanência de Maduro. Ele mencionou as cenas de violência na capital Caracas, onde blindados passaram por cima de pessoas que protestavam nas ruas contra o ditador. Ele descreveu a violência praticada contra os manifestantes como "covardia".

Blindado atropela manifestantes

UOL Notícias

Apesar do cenário de caos, o chefe do GSI declarou que o governo Bolsonaro observará a Constituição e, por esse motivo, descarta enviar tropas à Venezuela.

Ele assegurou que o presidente brasileiro continuará encorajando Guaidó, mas adotará "postura bastante prudente e cuidadosa". "Eles sabem que não vamos intervir militarmente", afirmou.

O entendimento do ministro, segundo o próprio, é que Guaidó buscou se valer de uma "autopropaganda" para aumentar o apoio da população e, dessa forma, impulsionar a adesão entre os militares. Na visão dele, trata-se de uma ação "perfeitamente válida" do ponto de vista estratégico.

Também há, por parte do governo brasileiro, uma preocupação em relação ao momento posterior à queda de braço entre Maduro e Guaidó. "São duas hipóteses bastante claras: ou permanece o Maduro ou entra o Guaidó, com outra situação política e social", afirmou.

"As Forças Armadas estão até agora apoiando o Maduro. Mas, se amanhã o Guaidó ganhar essa queda de braço, como ficarão as Forças Armadas? São hipóteses que a gente não pode aprofundar porque são internas do país. Mas a gente acaba pensando", confidenciou. "Não há expectativa de solução em curto prazo."

Brasil pede apoio a Guaidó

Mais cedo, o porta-voz do Palácio do Planalto, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou oue O governo brasileiro encoraja outros países "identificados com os ideais de liberdade" a apoiarem Guaidó.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL), o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e representantes do Ministério da Defesa reúnem-se nesta tarde para discutir a situação da Venezuela.

"O Brasil acompanha com grande atenção a situação na Venezuela e reafirma o irrestrito apoio ao seu povo que luta bravamente por democracia", afirmou Rêgo Barros.

"Exortamos [encorajamos] todos os países, identificados com os ideais de liberdade, para que se coloquem ao lado do presidente encarregado Juan Guaidó na busca de uma solução que ponha fim na ditadura de Maduro, bem como restabeleça a normalidade institucional na Venezuela", completou, em nota.

Bolsonaro (PSL) declarou pelo Twitter que se solidariza com o povo venezuelano e que o governo brasileiro apoia "a liberdade desta nação irmã". "O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos", postou o presidente.

Nas mensagens, o mandatário também aproveitou para alfinetar seus partidos rivais, PT e PSOL. Segundo o mandatário, as legendas de esquerda teriam "alinhamento ideológico" com Maduro. O presidente disse ainda que uma vitória de Guaidó proporcionaria à Venezuela "viver uma verdadeira democracia".