Guaidó diz que manterá ação anti-Maduro amanhã; ditador se vê alvo de golpe
Os dois principais personagens da disputa pelo poder na Venezuela se pronunciaram na noite de hoje, após um dia de protestos e ameaças no país.
O líder do Parlamento da Venezuela e autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, afirmou em vídeo publicado no Twitter que vai continuar amanhã com a série de manifestações no país pela derrubada do ditador Nicolás Maduro.
"Amanhã continuamos com a execução da #OperaçãoLiberdade. Começamos a fase final e estaremos de forma sustentada nas ruas até conseguirmos a cessação da usurpação. Vamos com tudo, com mais força e determinação!", afirmou Guaidó em seu Twitter.
Já o atual presidente afirmou, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, que houve uma tentativa de golpe de estado frustrada, encabeçada por Guaidó e Leopoldo López - que deixou hoje a prisão. "Isso não pode ficar impune, já estamos interrogando os envolvidos nesse episódio, terão de responder acusações penais perante os tribunais de Justiça do país", afirmou Maduro.
Segundo o ditador, Guaidó e López tentaram -- com a ajuda dos Estados Unidos e da Colômbia --cooptar parte dos militares para aderir às manifestações. Maduro afirmou que grande parte do Exército foi convocada às três da manhã de hoje para participar do levante, mas, quando viram os opositores, teriam dito: "O que é isso?"
"Eles haviam mobilizado oito 'tanquetas' [veículos blindados do exército] para o golpe. As oito foram, uma a uma, presas pelos sargentos que retornaram os veículos para suas respectivas unidades militares. Eles falaram 'não vamos participar disso'. Eles querem se impor pela violência, pela via que jamais poderiam se impor", disse Maduro.
Maduro também afirmou que os opositores estariam em posse de quatro metralhadoras de grosso calibre. "Quatro metralhadoras de alto calibre para disparar contra quem? Para enfrentar a quem? Para matar quem? Os profissionais das Forças Armadas? Da Guarda Nacional Bolivariana?", questionou.
Protestos e tanques
Hoje, a cidade de Caracas foi tomada por manifestações contra e a favor de Maduro. As primeiras acabaram reprimidas pela Guarda Nacional Bolivariana, incluindo um momento, capturado em vídeo pela agência Reuters, em que um dos veículos da polícia vai de encontro a manifestantes que estavam arremessando pedras e pedaços de madeira (veja abaixo).
Os veículos têm o emblema da Guarda Nacional Bolivariana - que, segundo Maduro, se mantém fiel a ele. Já o presidente interino afirma que recebeu apoio de militares - 25 deles, todos de patentes baixas, requisitaram asilo na embaixada do Brasil em Caracas.
Em mais um vídeo, outro veículo blindado avança sobre centenas de manifestantes que seriam apoiadores de Guaidó e que correm por uma avenida tentando evitar serem atingidas.
Não há informações sobre civis mortos ou feridos nestes episódios. Segundo o governo venezuelano, oito pessoas, entre militares e policiais, ficaram feridas durante os protestos.
Militares e diplomatas veem precipitação de Guaidó
No começo da noite de hoje, o UOL apurou que integrantes do governo Bolsonaro, entre eles militares e diplomatas, avaliaram que o presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, se precipitou ao anunciar que tinha apoio de militares venezuelanos para derrubar o governo de Maduro.
Militares ouvidos pela reportagem disseram que a sensação é que Guaidó teria se precipitado ao anunciar um apoio que, até o momento, ele ainda não tem.
"De manhã, a gente começou a monitorar a situação e havia a impressão de que o apoio era maior. No decorrer das horas, o que a gente percebeu é que o apoio é menor do que parecia e ainda insuficiente, pelo menos até agora, para um desfecho da situação", afirmou um militar do Exército que falou sob a condição de anonimato.
Ao todo, 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira em Caracas, nenhum de alta patente. Maduro classificou os desertores como "golpistas".
*Com reportagens de Luciana Quierati e Leandro Prazeres, do UOL em São Paulo e em Brasília
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