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EUA dizem que Rússia convenceu Maduro a não fugir para Cuba

Do UOL, em São Paulo e Brasília*

30/04/2019 19h44Atualizada em 30/04/2019 21h59

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou à rede de TV norte-americana CNN que a Rússia convenceu Nicolás Maduro a não deixar a Venezuela nesta manhã.

"Ele estava com o avião no asfalto, ele estava pronto para ir embora nesta manhã, segundo o que entendemos, e os russos falaram para ele ficar".
Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, à CNN

Segundo Pompeo, Maduro se preparava para ir para Cuba - um dos países que apoia o regime bolivariano - enquanto o opositor Juan Guaidó tentava assumir o comando do país. O secretário não deu nenhuma evidência do que relatara.

Nicolás Maduro ainda não comentou. A última declaração do ditador é de oito horas atrás, e ele afirma estar à frente da Venezuela. Guaidó, por sua vez, declarou que continuará amanhã a operação de tentativa de tomada do poder.

Em meio a uma disputa pelo poder e pela verdade dos fatos, não é possível verificar a autenticidade das informações, nem o número de apoiadores de cada lado. O governo brasileiro adota "tom de cautela" e estuda o que fazer.

Entenda a crise na Venezuela

1. Maduro e Guaidó medem força

Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro e afirma que Nicolás Maduro "usurpa" o poder, disse hoje de manhã ter apoio das Forças Armadas venezuelanas para iniciar o "início do fim da usurpação". Ele convocou os venezuelanos às ruas para derrubar o regime.

Mas 12 horas mais tarde, o ditador Nicolás Maduro continua à frente da Venezuela. Ele afirma que os militares são leais a ele e também convocou o povo para a rua.

Guaidó diz ter apoio de militares e provoca reação nas ruas de Caracas

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2. Maduro segue no poder, mas mais fraco

Alguns episódios registrados nesta terça-feira (30) sinalizam que o apoio de Nicolás Maduro está se derretendo.

Pela manhã, Guaidó disse que os militares se uniram à oposição e estavam prestes a terminar definitivamente a "usurpação do poder" por parte do Chavista.

Ele fez vídeo ao lado de Leopoldo López, um dos principais opositores chavistas e que cumpria prisão domiciliar desde 6 de agosto de 2017, acusado de incitar a violência em 2014.

30.abr.2019 - Os líderes oposicionistas Juan Guaidó e Leopoldo López em Caracas - AFP - AFP
30.abr.2019 - Os líderes oposicionistas Juan Guaidó e Leopoldo López em Caracas
Imagem: AFP
O fato de López ter saído de casa sem maiores dificuldades sinaliza perda de apoio de Maduro. Vizinho do opositor disse à Folha que López saiu de casa mesmo com oficiais de inteligência vigiando o local.

López foi para a embaixada do Chile em Caracas e, agora, está abrigado na da Espanha.

Outro sinal de que o poder de Maduro está ruindo são as deserções: 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira em Caracas. Segundo o porta-voz do Planalto, Rêgo Barros, os militares são de baixa patente.

3. Guaidó não conseguiu depor Maduro

Mas apesar dos indícios de que há militares deixando de apoiar Maduro, o opositor Guaidó não conseguiu tomar o poder - o que indica, por outro lado, que ainda há homens leais ao ditador.

Maduro afirmou ter o apoio dos comandos militares e chamou os oposicionistas de Guaidó de "pequeno grupo de traidores".

Ele disse ter entrado em contato com comandos militares que teriam manifestado "total lealdade".

5. Mundo rachado

Potências econômicas e militares se antagonizam por trás de Guaidó (apoiado pelos EUA) e de Maduro (com suporte da Rússia).

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro manifestou apoio aos opositores em seu Twitter, mas o exército descartou qualquer intervenção militar no país.

A situação na Venezuela coloca em alerta países vizinhos. A organização dos Estados Americanos (OEA), elogiou a ação de Guaidó. O presidente da Colômbia, Ivan Duque, também endossou apoio ao opositor, assim como o Parlamento Europeu. Os governos de Espanha e Reino Unido, manifestaram apoio a Guaidó, mas suplicaram para que não haja derramamento de sangue.

O Grupo de Lima, organização de países contrários a Maduro, convocou reunião de emergência para discutir a crise na Venezuela. O ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, participou da reunião, que foi feita por teleconferência.

A Bolívia criticou as ações de Guaidó, classificando-a como um "golpe de estado". Cuba também rejeitou a ação dos oposicionistas.

A Rússia declarou que vê as ações da oposição venezuelana como uma tentativa de "incitar conflito", e manifestou apoio ao Governo Maduro.

O Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou que a organização está pronta para mediar a crise, mas apenas se a participação da ONU for requisitada pelo governo e pela oposição.

O embaixador da Venezuela no órgão, Samuel Moncada, afirmou que a tentativa de golpe de Juan Guaidó fracassou e chamou os atos de hoje de "criminosos".

Para os Estados Unidos, o movimento dos oposicionistas não são um golpe de Estado. Donald Trump reconhece Guaidó como o líder legítimo da Venezuela.

Com reportagem de Pedro Graminha e Alex Tajra, em São Paulo; Felipe Amorim e Leandro Prazeres, em Brasília