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UE acusa Facebook de enganar sobre esforços para remover contas falsas

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Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

29/10/2019 12h55

A Comissão Europeia acusou o Facebook e outras plataformas de tecnologia de enganarem sobre seus esforços na contenção de contas falsas e desinformações nas redes. Segundo comissário de segurança do bloco europeu, as plataformas já tomaram algumas medidas, mas ainda há mais a se fazer.

Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", o comissário Julian King disse que há uma desconexão entre o que as plataformas dizem ter feito em questão de progresso e a "experiência na vida real". Para ele, embora o Facebook tenha desabilitado mais de 2 bilhões de contas falsas nos primeiros três meses do ano - segundo dados fornecidos por Mark Zuckerberg ao senado dos EUA - ainda houve muita desinformação durante as eleições europeias.

Ele citou o caso do partido de extrema-direita a Alemanha AfD (Alternativa para Alemanha) que recebeu 11% to total de votos, mas tinha 86% do total de compartilhamentos e 75% de comentários sobre conteúdo político no Facebook. Isso é, respectivamente, quatro e seis vezes mais que os demais partidos.

"A grande maioria das curtidas e compartilhamentos veio de um grupo de 80.000 contas que estavam retuitando muito essas coisas e têm muitos das características de contas falsas", disse King. "Em particular, as mais ativas - cerca de 20.000 contas - tinham nomes e sobrenomes aleatórios de duas letras. Por exemplo, MX, CH, EW, que por acaso não seriam nomes legais se você tentasse se registrar em uma certidão de nascimento na Alemanha".

"Se uma plataforma como o Facebook, com seus recursos e conhecimentos, não conseguir descobrir que milhares de contas coordenadas com nomes aleatórios de duas letras são suspeitas e estão envolvidas nesse tipo de atividade no contexto da eleição, mesmo quando colocamos todo esse foco nisso, ainda temos um longo caminho a percorrer".

A comissão também demonstrou preocupação acerca de empresas que vendem "atividades de contas falsas" por algumas centenas de euros e até a dificuldade de investigadores independentes de ter acesso às plataformas.

"Eles [Facebook] definitivamente estão afetando o fluxo, estão impedindo a instalação de algumas dessas coisas [contas falsas]. Mas ainda há bastante dessas coisas lá. Isso pode ter um impacto desproporcional, porque um número relativamente pequeno de contas falsas pode gerar uma quantidade enorme de atividade".

King sugeriu que as plataformas se abram mais para exames de governos e órgãos como a comissão europeia a fim de evitar interferências e garantir a integridade de governos.