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Quem é Horacio Cartes, o ex-presidente do Paraguai alvo da Lava Jato

Horacio Cartes, ex-presidente do Paraguai - Eric Piermont/AFP
Horacio Cartes, ex-presidente do Paraguai Imagem: Eric Piermont/AFP

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

19/11/2019 10h07

Resumo da notícia

  • Horacio Cartes é alvo de um mandado de prisão expedido pela Lava Jato
  • O ex-presidente paraguaio é suspeito de ocultar seu patrimônio
  • Político e empresário, ele colecionou polêmicas em sua carreira
  • Ele é dono de empresas de tabaco que produzem cigarros pirata

Alvo de um mandado de prisão expedido pela operação Lava Jato do Rio de Janeiro, Horacio Cartes, ex-presidente do Paraguai, coleciona controvérsias ao longo de sua trajetória empresarial e política.

Desta vez, ele é suspeito de ocultar seu patrimônio com a ajuda do doleiro Dario Messer, preso em julho deste ano e considerado "irmão de alma" pelo ex-presidente, hoje com 63 anos.

Cartes é um dos empresários mais ricos do Paraguai, conhecido por ser dono de bancos e de empresas de tabaco.

Cigarro pirata

O ex-presidente é fundador e maior acionista da Tabacalera del Este, a maior produtora de cigarros de seu país. Suas marcas costumam aparecer em apreensões de contrabando em diversos países, como Brasil, Colômbia e México. Nesses países, o empresário chegou a ser alvo de investigação judicial.

Quando chegou à presidência, em 2013, Cartes foi acusado de nomear funcionários de suas companhias para ocupar cargos oficiais, o que lhe rendeu acusações de conflitos de interesses públicos e privados.

Mas o empresário coleciona outras acusações. Nos anos 1980, ele foi preso por evasão de divisas e, em 2011, o Wikileaks revelou que Cartes era investigado por um esquema internacional de narcotráfico e lavagem de dinheiro.

Ele sempre negou todas as irregularidades.

Na presidência

Com Cartes, o Partido Colorado conseguiu voltar à Presidência em 2013, depois de cinco anos fora do poder. Afastada desde 2008, a legenda governou o Paraguai por 61 anos seguidos, incluindo o período entre 1954 e 1989, durante a ditadura do general Alfredo Stroessner.

A sigla conseguiu voltar ao poder pelas mãos de Cartes graças ao apoio empresarial e do mercado financeiro do Paraguai, que viam em um dos homens mais ricos do país a possibilidade recuperar a estabilidade política. Desde 2012, o Paraguai passava por uma crise em razão do afastamento do ex-presidente Fernando Lugo.

Para concorrer à Presidência, Cartes convenceu o Partido Colorado a mudar seu estatuto, que prescindiu da regra que impedia que seus integrantes se candidatassem com menos de dez anos de filiação.

No poder, o empresário chegou a ser tratado como um case de sucesso em fóruns internacionais, como o de Davos (que reúne a elite empresarial na Suíça), por suas medidas em favor do livre-comércio, redução de impostos e desregulamentação da mão de obra.

Cartes deixou a presidência em agosto do ano passado com baixa popularidade (18%) e enfrentando "escrachos" de manifestantes em frente a sua residência. Ele caiu em desgraça depois de sua fracassada tentativa de mudar a Constituição para conseguir se reeleger.

Lava Jato

O ex-presidente paraguaio é alvo de decisão do juiz Marcelo Bretas, que hoje expediu 16 mandados de prisão preventivas e três temporárias, incluindo contra o doleiro Najun Turner, já preso em São Paulo.

Cartes é suspeito de manter relações com outro doleiro, Dario Messer. A proximidade é familiar. O ex-presidente também era amigo do pai de Messer, Mordko Messer, que foi investigado por evasão de divisas.

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